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No meu Palato

No meu Palato

O melhor de 2016 | Amanhã nascerá uma flor

"Hoje, a semente que dorme na terra
E se esconde no escuro que encerra

 

Amanhã nascerá uma flor...

 

É a vida que segue

E não espera pela gente

Cada passo que dermos em frente
Caminhando sem medo de errar...

Creio que a noite

Sempre se tornará dia
E o brilho que o sol irradia
Há-de sempre nos iluminar...

Sei que o melhor de mim

Está para chegar" Mariza

 

Hoje é o dia de fazer o balanço do ano, elegendo os melhores de 2016.

 Quero aproveitar a ocasião para agradecer a todos os que me leram, dando-me força com os vossos "gostos" no facebook , ou procurando-me para dois dedos de conversa nos eventos em que este blog esteve presente. Particularmente, e desculpem-me os outros, tenho de agradecer especialmente à "generala" Joana Pratas, tem sido com os convites dela que tenho alargado os meus horizontes no que a vinhos diz respeito e que me têm proporcionado dos melhores momentos vínicos, cada minuto que fui tendo a oportunidade de viver nesses encontros foi inesquecível. Obrigado!!!

Os melhores de 2016

Aos poucos e poucos este post está a tornar-se  o meu favorito do ano. Pego num copo de vinho, abro o meu calendário e percorro as anotações do meu pequeno caderno. E desta forma viajo 12 meses, relembrando todas as coisas incríveis que aconteceram. E este ano, devo admitir sem qualquer falsa modéstia, esteve muito além das minhas expectativas!!! Tive a sorte de visitar lugares que fizeram parte da minha lista de "a fazer" durante anos, partilhei experiências com chefs extraordinários, convivi com pessoas que conhecia apenas dos livros, provei vinhos inesquecíveis e falei pela primeira vez com o Barca Velha.  Conheci pessoas incríveis ao meu redor e fiz algumas amizades para a vida. Também por isto, 2016 foi um ano memorável em que os momentos inolvidáveis foram mais que muitos. Uma vénia a vocês, que são quem os proporciona.

 

Na Meda encontrei um jardim muito bem cuidado, o Hotel revelação deste ano: 

Hotel Revelação: Longroiva

 Mário Quintana defende que "O segredo não é correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até ti." Não há frase que melhor caracterize este Hotel, a semente que dorme na terra e se esconde no escuro que encerra, amanhã nascerá uma flor. Nascem flores no Longroiva a cada manhã. Cada local que passa pela nossa vida, não passa sozinho, deixa uma semente que dorme na terra, porque cada sitio e pessoas que nele coabitam são únicos e nenhum substitui o outro! Quando um lugar é mágico, para além de não passar sozinho, também não nos deixa sós, uma vez que deixa algo dele e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade de qualquer relação, seja ela de que tipo for, dar e receber alguma coisa; e é também a prova de que as pessoas/locais não se encontram por acaso. Obrigado Eloi Gouveia pelo convite, continuem a tratar assim do vosso jardim, amanhã nascerá outra flor, e borboletas não vos faltarão :-P

 

Existem locais que dificilmente me esquecerei, o melhor Hotel 2016 é um deles, longe do mundo, perto da perfeição...

Melhor Hotel :Casa do Rio

 Foi um Fevereiro muito chuvoso, ainda que a esperança da luz seja escassa a chuva que molha e passa, a brisa ao anoitecer na varanda do quarto provoca a mesma sensação que o aroma de um grande vinho da região, a giesta, a esteva, a madeira e as especiarias percorrem os nossos sentidos, desejando-nos uma boa noite ao ouvido. O serviço foi do que de melhor encontrei em Portugal, é criado um ambiente familiar e fraterno, alicerçado num saber fazer e competência, sendo proporcionados inúmeros mimos  ao longo da estadia.

 

No Restaurante Revelação deste ano encontrei uma cozinha de excelência, risco e de harmonizações, muito diferente do que podemos encontrar no resto do país, provavelmente  por isso, conquistou a estrela no ano passado, e pelo que conheço do Pedro, dificilmente a perderá...

Restaurante Revelação: Pedro Lemos

 Destaco também neste restaurante o escanção Pedro Ferreira. O modo como cuidou do Clos de Crappe 2013 mostrou que em cada harmonização, cada copo vai trazer numa gota amor. Trabalho muito, mas mesmo muito bem feito.

 

A minha interpretação subjectiva de algo objectivamente saboroso leva-me a atribuir o Prémio Melhor Restaurante 2016 ao Restaurante Egoísta.

Melhor Restaurante: Egoísta

Tenho claramente um vinho favorito, não vos vou maçar de novo, todos já sabem qual é, e já irei escrever sobre ele mais à frente, :-P, e exactamente pelos mesmos motivos; história, tradição, vida, competência, memória de sabores, bouquet de sensações e excelência em tudo o que o caracteriza, o chefe Hermínio é o meu chef favorito, daí a atribuição deste prémio ao Restaurante Egoísta.
Quando ganhar a estrela (porque sei que a vai ganhar, não é só o chef que a espera, também eu estou, à espera da luz desse reconhecimento mais que merecido) ficarei quase tão contente como o chef, tenho-o como o meu alter ego gastronómico :-P Sei que arrisco alguma coisa ao dizer isto, mas é, na minha opinião, nada menos do que o melhor chef Português, tem qualquer coisa que os outros não têm, gosto de lhe chamar abnegação.

Continuamos no mesmo restaurante e com o mesmo chef no Melhor Prato 2016: Feijoada de samos de bacalhau.

Melhor Prato

Foi o prato que mais me marcou até hoje, uma feijoada (estava tão boa que até me esqueci de tirar uma fotografia :-()...

Este prato foi  uma monumental epopeia sobre memórias, ainda hoje, recorda-lo ... abala a minha estrutura!!! Lembram-se daquela cena do filme Ratatouille, onde o crítico de culinária Anton Ego degusta um prato do chef Ratatouille que lhe provoca uma epifania, remetendo-o para sua infância, quando comia exactamente o mesmo prato, cozinhado pela mãe? Pois é… senti o mesmo com esta feijoada, uma "simples feijoada" que me sentou de novo à mesa com os meus pais e irmão umas décadas atrás (não acredito que já envelheci o suficiente para poder dizer estas coisas :-P).  Voltei a viver aqueles dias de menino, em que passava o inverno na aldeia, povoada de frio, nevoeiro, cheiros, sons e sensações, quase que era capaz de vos jurar que aquela feijoada tinha o aroma da caruma que ardia na fogueira feita pelos meus avós. Naquele momento pensei, "deixo-me aqui, onde a sombra seduz".

 

Mantendo-me no capítulo dos meus chefs favoritos, o Melhor Chef 2016 para mim foi o feiticeiro da Casa da Calçada, André Silva. 

Melhor Chef: André Silva

 A verdadeira felicidade vem da alegria de fazermos coisas que nos saem do coração, do sabor de criar coisas renovadas e que não percam o sabor. Acho que depois de cortar algumas ligações (más) que o ligavam a um passado recente, este chef está pronto para concretizar o seu grande sonho (não, esse sonho não é "apenas" uma estrela!!!).

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso. Mesmo que por vezes as coisas pareçam difíceis e as condições não sejam as melhores, temos de estar sempre presos a esse sonho e à espera do nosso melhor,  também eu estou, à espera de mim, algo me diz que a tormenta passaráe essa feitiçaria gastronómica terá a plateia que merece.

 

 Para conhecermos a Chef Revelação 2016, temos mesmo de fazer uma viagem até Itália, ao L'Osteria della Corte de Sílvia Cardelli. A Sílvia é o maior exemplo que por vezes  é  preciso perder, para depois se ganhar, e mesmo sem ver, acreditar! 

 Chef revelação: Sílvia Cardelli

Adorei este restaurante, associa uma cozinha simples, humilde e rústica a um toque requintado e a uma apresentação moderna. O serviço mais que  profissional, personalizado e actual, é amigo. Tem sem dúvida o melhor tempero que podemos encontrar na nossa vida. 

Creio que existem poucos espaços como este L'Osteria della Corte, e talvez menos pessoas ainda como os seus donos. O melhor tempero que vos falei, sabem qual é? O mesmo que o Andrea e a Sílvia usaram na sua melhor criação, os quatros filhos: amor...

Valdo, Andrea e Sílvia, muito obrigado por nos terem recebido na vossa casa, e por não nos terem dado "apenas" a vossa comida, com ela trouxemos também uma parte bonita  do vosso coração. Não sei se ganharão a Estrela, mas não se esqueçam, já têm quatro :-P

 

Como Evento Vínico revelação vou destacar o Wine Fest Porto 2016

Os enófilos apareceram e o Salão Nobre do edifício da Alfândega do Porto encheu-se com quase um milhar de apreciadores de vinhos que puderam apreciar grandes vinhos, e um vinho gigante, o Pai Horácio Grande Reserva 2013.

 

Evento Revelação: Wine Fest 2016 Porto

Este vinho incorpora memórias de um passado nostálgico e tem claramente um visão bonita do futuro; tornando-se num símbolo do que o Douro melhor faz no presente. As saudades que eu já estava de provar um vinho destes, não se admirem que nos próximos anos o preço deste vinho duplique, é a vida que segue e não espera pela gente. Este evento superou em muito as minhas expectativas, que já de si eram elevadas. 

São poucas as "desculpas" que encontro para beber vinho (:-P), uma delas é tentarmos perceber a sua alma.  Analogamente ao que acontece com as pessoas, no que aos vinhos diz respeito, conhecemos verdadeiramente uma garrafa conversando com ela, bebendo e partilhando experiências.

A Wine Fest 2016 Porto foi uma óptima oportunidade para fazermos exactamente isso!!!

 

 Três números, 1938, 1941 e 1959 fizeram do Adegga WineMarket Porto 2016 o melhor evento vínico deste ano. Não, não foi apenas mais um encontro de vinhos...

Melhor Evento: Adegga WineMarket  Porto 2016

 A Adegga WineMarket Porto 2016 permitiu-me conhecer as famílias por trás de cada garrafa, o engenho dos enólogos, as noites mal dormidas dos produtores, compreender os problemas de cada terroir, o que vai na alma de cada vinho. Cada interacção com cada produtor foi uma viagem ao Portugal do antigamente, às cepas do presente, e aos vintages do futuro. Percebi ainda que como país vinícola que somos, cada passo que dermos em frente caminhando sem medo de errar, daremos origem a garrafas que contam histórias, cada vinho carregará amores e ódios, podas, guerras e fantasmas, memórias e momentos.

Um outro evento vínico, o Encontro com o Vinho e Sabores Bairrada 2016 permitiu-me conhecer o Vinho revelação (e surpresa!!!) 2016, o Kompassus Baga 1991 Colecção Privada João Póvoa. 

Vinho Revelação: Kompassus Baga 1991 Colecção Privada João Póvoa

 O parto deste vinho não foi fácil, produzido em condições bastante difíceis e quase deixado ao abandono durante dez anos numa antiga adega, ao frio e à chuva, este Baga apagou as lágrimas do rosto, pensou "creio que a noite sempre se tornará dia", cerrou os dentes, manteve a postura, cresceu e chega hoje até nós como uma fénix, renascida das cinzas. Com todo este  bullying vínico que o vinho sofreu, parece um milagre ter mantido esta cor ruby vibrante. É como se tivesse sido mantido em cativeiro, e sorrisse ao ver a luz do dia e a respirar ar puro. Encontro um paralelismo interessante entre a história deste vinho e a história da própria Baga... O nariz está repleto de fruta preta e vermelha, uvas passas, barro, verniz e caixa de tabaco. Na boca, os taninos estão amedrontados mas dóceis (depois de tanta pancada que levaram), a acidez é aguerrida e o ligeiro toque adocicado (bastante subtil) até não lhe fica mal... É um vinho difícil, que não é fácil de compreender à primeira, espero poder voltar a falar com ele, quando tiver perdido todos os traumas da sua infância. 

Viajamos agora, de novo, para Itália, mais concretamente para a Toscana, berço do Melhor Vinho Estrangeiro 2016.

Melhor Vinho Estrangeiro: Biondi Santi Brunello di Montalcino Riserva 2010

Para já o óbvio, não se consegue provar este vinho com cor granada sem antes sentirmos o peso da sua história no palato. O sol está dentro deste vinho.  E o brilho que o sol irradia há-de sempre nos iluminar.

É arrebatador e perfumado diz-nos "olá" com os aromas tradicionais da casta Sangiovese como as violetas, o tomilho, as rosas e os morangos.  Surgem também cerejas, amoras, azeitonas, baunilha, couro, alcaçuz, cedro, sous-bois, chá earl grey e caixa de tabaco. Quando ia ao futebol com o meu pai, achava piada ao cheiro do cachimbo que um amigo dele fumava durante os jogos, aquele copo fez-me recordar esse aroma. Na boca é requintado, elegante, refinado e generoso oferecendo acidez irrepreensível e taninos sedosos e densos.  É bastante encorpado, complexo, aveludado e harmonioso. O mais impressionante neste vinho é a pureza imaculada da fruta, foi o vinho que até hoje mais me apeteceu trincar, nunca senti nada assim. Termina, ou melhor, fica guardado na nossa mente de maneira complexa, harmoniosa, rica e subtil.  

Tinha ouvido umas horas antes uma critica aos Brunello di Montalcino Riserva, que eram feitos em barris já velhos e que isso prejudica os vinhos, eu penso exactamente o contrário, com este tipo de barris a intervenção da madeira é "apenas" para oxigenar suavemente o vinho, não o marcando em demasia. Muito mas mesmo muito bom. Aliás, não é bom, é fabuloso!!! Não sei se já perceberam mas gostei mesmo deste vinho :-P

Guardei para o último o melhor,  7 de Maio de 2016... Tudo o que envolve esta data é mágico...

 Saímos da Quinta dos Poetas por volta das 20 horas em direcção ao Hotel Vila Monte Farm House, local onde decorreria a celebração dos 25 anos do Clube 1500, e onde eu provaria os meus primeiros Barca Velha :-P

Pego no copo, confesso que a mão me tremia um pouco, pensava com melúria que esse momento iria ser irrepetivel, no entanto,  quebro as algemas neste meu lamento se renasço a cada momento meu o destino na vida é maiore esse meu destino é o de agora concretizar um dos meus sonhos, respirei fundo, e num determinado momento fecho os olhos, levo o copo ao nariz e... ... de repente, como aos momentos algumas vezes acontece, tornou-se eterno... Arrepios, muitos arrepios...

Melhor Vinho: Barca Velha 1965

Um hino aos aromas terciários, iodo, farmácia, cedro, verniz,  floresta e caixa de tabaco, tudo isto recebido repentinamente quase como uma estalada... É impossível ficarmos-lhe indiferente...

Surgem também especiarias, notas balsâmicas e trufas. É muito complexo, e de final, que ainda hoje, não consigo traduzir por palavras. Há muitos vinhos que não cabem na garrafa, aquele não cabia na sala...

O carácter profundo e personalidade misteriosa pedem-nos para que nunca nos esqueçamos dele, para que tornemos todos estes arrepios em memórias e que agradeçamos aos céus por esta oportunidade. É um privilégio beber este vinho, acho que não houve nenhum provador na sala que não se tenha sentido desta forma.

As notas de prova, escritas à mão, que normalmente levam três linhas neste 1965 tornam-se livros com vários capítulos, fiquei sem vinho antes de ter ficado sem palavras, frutas, vegetação e especiarias para o descrever.

Eu não quero que provar Barca Velha se torne apenas mais uma prova. Eu quero que ele permaneça especial, a ser aguardado com entusiasmo, e que nunca o tome como garantido. Tem que ser um velho amigo, que em ocasiões especiais o posso visitar. Oxalá a vida nos permita envelhecer juntos.

Quero lembrar-me cada vez que prenda o meu olhar,  invada o meu nariz, toque os meus lábios, surpreenda o meu palato e me preencha a alma.

 Os grandes poetas atingiram a imortalidade com as obras que nos deixaram, o Sr. Nicolau de Almeida atingiu-a com algo que ainda vive, envelhece e cria, dia após dia, uma nova história, que também é a sua. O seu coração ainda bate em cada garrafa de Barca Velha e é também por isso que as temos de respeitar.

O fim de semana, acabou um dia mais tarde, em grande, melhor que um Barca Velha, só uma Vida ... Nova!!!

Passados oito meses, estou-vos a falar do melhor de 2016...

Hum... O melhor de 2016??!!?? Ainda está para chegar, se tudo correr bem, amanhã nascerá uma flor... "Sei que o melhor de mim está para chegar"

 Sejam felizes, um excelente 2017 (se possível tão memorável como o meu 2016) e não se esqueçam,  nunca desistam do que têm de realmente vosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente vosso, os vossos sonhos.

Este foi o meu ano de sonho, qual é o vosso?

 

 

Biondi Santi | A que horas passará o próximo comboio?

“Entre a Áustria e a Itália, há uma parte dos Alpes chamada Semmering. É uma parte incrivelmente difícil de subir, muito alta, no cimo das montanhas. Eles construíram um trilho nestes Alpes para ligar Viena e Veneza, mesmo antes de existir um comboio que pudesse fazer a viagem. Mas eles construíram porque sabiam que, algum dia, o comboio chegaria. Esta história é um pouco como eu, sentiria saudades tuas, até mesmo sem te ter conhecido.” Sob o Sol da Toscana,   Frances Mayes

 

Falar em Brunello di Montalcino é o mesmo que falar em Biondi Santi: ambos são importantes e indissociáveis, pois a história de um dos mais conhecido e venerados vinhos no mundo funde-se com a árvore genealógica da família Santi. 

 

A história do Brunello começa com Clemente Santi (1795), sobrinho de Giorgio Santi (1746, amigo de grandes cientistas como Lavoisier e Buffon). Clemente Santi, o sobrinho,  farmacêutico graduado da Universidade de Pisa e famoso escritor, possuía grandes quintas em Montalcino e Pienza e dedicou grande parte de sua vida à agricultura, particularmente a uma fazenda chamada Greppo. Os seus conhecimentos profundos em química, para os quais contribuiu muito o seu tio Giorgio, ajudaram-no a elevar as suas técnicas enológicas a níveis invejáveis ​​para a época de então. 

Entre suas criações mais famosas e premiadas estava o Vino Scelto (qualquer coisa como “Vinho Escolhido”) de 1865, feito de um clone de Sangiovese Grosso, conhecido naquela zona da Toscana como Brunello ou Brunellino, devido à cor escura dos bagos (brune significa acastanhado em italiano), cujos vinhos apresentavam um elevado potencial de envelhecimento. Nos anos seguintes, esse vinho acastanhado,  teve enorme sucesso em diversos concursos por esse mundo fora.

 

Por volta de 1860 o neto de Clemente, Ferrucio Biondi Santi (1865), iniciou a produção de um vinho tinto que imediatamente se mostrou de excelente qualidade, o Brunello di Montalcino. 

 

 

Montalcino

Após o ataque da filoxera,  Ferruccio decidiu enriquecer o legado do avô e aproveitou a praga para seleccionar a melhor casta para criar um tinto imortal. Uns anos mais tarde, em 1876, um relatório de uma comissão vínica de Siena analisou um Brunello de 1843, afirmando que as suas características e riqueza aromática permaneciam inalteradas após mais de 3 décadas em garrafa, era um sinal evidente dessa imortalidade. 

Isto era o que sabia do Brunello di Montalcino da Biondi Santi antes de ter visitado a propriedade da família no Verão passado, o que encontrei naquela casa pintou de memorável a viagem a Itália, não havia grandes planos, apenas uma promessa: aproveitar cada momento para fazer daqueles dias na Toscana inesquecíveis, e se o foram...

O berço do Brunello como já devem ter percebido é Montalcino, uma pacata e ensolarada aldeia medieval situada no topo de uma colina imersa na paisagem deslumbrante do Val d'Orcia. A estrada que leva até à vila serpenteia pelas vinhas, campos de terra batida, olivais e áreas de cultivo dos produtores. À entrada somos recebidos por uma estátua do Deus Baco, quem melhor para nos receber? :-P

Montalcino ainda vive no antigamente. Casas em tons de amarelo areia, telhados em terracota, paredes invadidas por heras, uma fortaleza que outrora protegeu os seus habitantes, um antigo mosteiro (Sant’Antimo), uma praça com um palácio de contos de fadas, ladeiras que desafiam a idade mas, sobretudo, Montalcino é uma vila onde o vinho nos entra pelos poros da pele a dentro. É muito difícil não nos apaixonarmos imediatamente por ela.

Franco Biondi Santi - Tenuta il Greppo

 Chegamos à propriedade da Biondi Santi pouco depois da hora de almoço e a nossa anfitriã Yana já estava pronta para nos embarcar numa viagem histórica incrível, feita de tradições antigas e paixão pela terra.

Informou-nos que o processo de produção de vinho é exactamente o mesmo que foi usado para produzir o primeiro Brunello  em 1888, e sua filosofia permanece intacta e única. Em primeiro lugar, só produzem quatro tipos de vinhos: o Brunello di Montalcino Riserva, o Brunello di Montalcino Annata, o Rosso di Montalcino rótulo vermelho e o Rosso di Montalcino. Todos estes vinhos resultam da casta Sangiovese Grosso. O Riserva é feito a partir de vinhas mais velhas e mais maduras. O Annata é feito de vinhas com menos de 25 anos. Para manter a sua qualidade única, o Brunello Riserva só é produzido quando e se as condições meteorológicas forem perfeitas. Sem cumprir estas condições, a qualidade não é garantida no seu nível mais alto, portanto, as uvas das vinhas mais velhas descem de escalão e são usadas para as garrafas Annata.

 Biondi Santi - Adega

 O Biondi Santi Riserva envelhece em barricas de carvalho escandinavas antigas, algumas das quais com 110 anos de idade, seleccionadas na Croácia pelo seu aroma neutro ou muito leve, que desaparece com o passar do tempo, deixando, desta forma, que a única estrela seja a fruta das uvas.

 

Iria ter o prazer de provar 4 vinhos Biondi Santi; Castello di Montepo 2009 (este vinho é de uma outra propriedade adquirida pela Biondi-Santi), o Tenuta Greppo Rosso di Montalcino 2007, o Brunello di Montalcino Annata 2011 e o ... Brunello di Montalcino Riserva 2010!!! 

 

O Castello di Montepo no copo mostrou-se vermelho rubi muito profundo. O nariz oferece baunilha, tabaco, morangos e amoras, em seguida, flui em aromáticos minerais e licores de fruta do bosque com um toque balsâmico. No palato é imponente, mas tenso, deixando um fresco e agradável sabor cremoso com uma pitada de picante.

Era, mais tarde,  chegada a hora de entrar nos Montalcino, primeiro com o Rosso. Logo no copo percebe-se o porquê do nome, vermelho rubi bastante vivo. O nariz elegante, perfumado e concentrado com sugestões de compota de morango e cerejas é apoiado por violetas, especiarias, chocolate e tabaco. Rico, cheio de força, com taninos vivos mas bem integrados e uma textura impressionante. O final é muito bem balanceado e com uma acidez vibrante. Em grande Montalcino :-P O que virá a seguir?

Biondi Santi - Prova

 O Brunello di Montalcino Annata 2011 impressionou-me. No copo irradiava um vermelho atijolado luminoso. No nariz, aromas complexos e elegantes e um perfil que se expande e muda de minuto a minuto. Primeiro flores delicadas e especiarias doces, depois ameixas, amoras e cerejas, um toque de gengibre e uma pitada de cedro, limão e hortelã. Quando pensamos que já se iria despedir, bum!!! Notas minerais e tabaco. O palato está carregado de classe e inquietude. Requintado, aristocrata e com um misto de elegância e austeridade bem misterioso. O final é elegante e delicado.

 Biondi Santi - Vinhos

Depois do que vi nos seus "parentes" mais modestos, já sentia saudades do Brunello di Montalcino Riserva 2010 até mesmo sem o ter conhecido :-P Para já o óbvio, não se consegue provar este vinho com cor granada sem antes sentirmos o peso da sua história no palato. Este vinho arrebatador e perfumado diz-nos "olá" com os aromas tradicionais da casta Sangiovese como as violetas, o tomilho, as rosa e os morangos.  Surgem também cerejas, amoras, azeitonas, baunilha, couro, alcaçuz, cedro, sous-bois, chá earl grey e caixa de tabaco. Quando ia ao futebol com o meu pai, achava piada ao cheiro do cachimbo que um amigo dele fumava durante os jogos, aquele copo fez-me recordar esse aroma. Na boca é requintado, elegante, refinado e generoso oferecendo acidez irrepreensível e taninos sedosos e densos.  É bastante encorpado, complexo, aveludado e harmonioso. O mais impressionante neste vinho é a pureza imaculada da fruta, foi o vinho que até hoje mais me apeteceu trincar, nunca senti nada assim. Termina, ou melhor, fica guardado na nossa mente de maneira complexa, harmoniosa, rica e subtil.

Tinha ouvido umas horas antes uma critica aos Brunello di Montalcino Riserva, que eram feitos em barris já velhos e que isso prejudica os vinhos, eu penso exactamente o contrário, com este tipo de barris a intervenção da madeira é "apenas" para oxigenar suavemente o vinho, não o marcando em demasia. Muito mas mesmo muito bom. Aliás, não é bom, é fabuloso!!! Não sei se já perceberam mas gostei mesmo deste vinho :-P

Biondi Santi - Reserva 2010

 

No final da prova a Yana perguntou-me: "Que tal foi conduzir um Rolls Royce?" Pois...

Já passaram uns meses e ainda não me disse "adeus", só não digo que foi o melhor vinho que provei até hoje, porque... quem me conhece sabe o porquê :-P

Um brinde a vocês Giorgio Santi, Clemente Santi e Ferrucio Biondi-Santi, espero que aí, aonde quer que se encontrem, possam de vez em quando encontrar uma garrafa de Brunello di Montalcino Riserva. Já agora dêem-no a provar ao meu avô, tenho a certeza que vai gostar...

Biondo Santi : Giorgio, Clemente e Ferrucio

 A frase com que iniciei esta publicação pertence a um dos meus livros favoritos, ironicamente chama-se Sob o Sol da Toscana e foi escrito por Frances Mayes, nele percebemos que a vida nos vai dar imensas oportunidades de sermos felizes... basta estarmos preparados para algumas delas, mesmo que pareçam inesperadas.

De facto, era esquisito alguém estar a construir um trilho numa região montanhosa e de difícil acesso. No entanto, aquelas pessoas visionárias, tinham boas razões para acreditar que não devemos preocupar-nos com a vida e seus “porquês”, e foi esse acreditar que as fez continuar a trabalhar. Se essas pessoas nos pudessem dar um conselho acredito que seria para que tenhamos sonhos e construamos os trilhos sobre eles, mesmo que não saibamos muito bem o que o futuro nos reserva, o comboio um dia vai passar. Na familia Biondi Santi o comboio passou em 1888 com o lançamento do primeiro grande Brunello por parte de Ferrucio Biondi-Santi, mas foram os seus antepassados Giorgio Santi e Clemente Santi que lhe construiram os carris, sem saberem ainda muito bem que vinho poderia percorrer neles.

 

Este blog nasceu um pouco, ou melhor, com muito desse espírito, a que horas passará o próximo comboio? :-P

 

Obrigado Serena e Yana por me terem proporcionado um dos melhores momentos vínicos que tive a oportunidade de experienciar, cada minuto que aí vivemos foi inesquecível.

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel | A alegria de beber história a ouvir o vinho

"Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjunção dos astros, em que dia secreto
Que o mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular ideia de inventar a alegria?
Com outonos de ouro a inventaram.
O vinho flui rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo e no árduo caminho
Nos invada a sua música, o seu fogo e os seus leões.
Na noite do júbilo ou na jornada adversa
Exalta a alegria ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto
Outrora a cantaram o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória." Jorge Luis Borges

 

O que têm em comum Gordon Ramsay, Halle Berry , Cindy Crawford, o World Trade Center, a ponte 25 de Abril, a guerra do Vietnam e o Christmas Wine Experience?  Hum ... Nada?!? Olhem que não, olhem que não :-P 

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel

 O Christmas Wine Experience 2016 foi mais um evento à The Yeatman, qualquer coisa de extraordinário. Os vinhos foram mais que muitos e bons, os petiscos saborosíssimos (óptimas bifanas e irrepreensíveis sandes de queijo da serra com cebola caramelizada) e o espaço faz com que no copo também fossemos cheirando o Natal...

A entrada no evento foi melhorada (e muito) uma vez que foi aberto um acesso paralelo à recepção do Hotel e o registo foi muito mais rápido e eficaz, de modo a que pudéssemos passar sem demoras ao que interessava, aos vinhos...

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Brancos

 Começando pelos brancos, ficou-me no palato o Pêra-Manca 2014, no copo é aristocrata com uma pulquérrima cor citrina com ligeiras pinceladas verdes, aroma a toranja, pêssego, manga, flor de laranjeira e pão tostado. Na boca é envolvente, complexo, fresco, cremoso, harmonioso e possui uma acidez irreverente. Termina sedoso, longo e com classe.

Nos tintos, fui seduzido por 4: Poeirinho 2012, Quinta do Pessegueiro 2012, Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2014 e Abandonado 2011.

O Poeirinho Garrafeira 2012 consegue-me sempre surpreender mas ao mesmo tempo acho que já o conheço. Sempre muito sedutor, todo ele ruby com nuances violeta. O nariz é fabuloso com identidade, elegância, complexidade, revelando notas de ameixa vermelha, mirtilos, cerejas, alguma mineralidade, esteva e pinheiro que lhe dão uma frescura espectacular. Ao contrário do que aconteceu noutras provas, já encontrei nele especiarias e couro, que comprovam que está a envelhecer muito bem. Na boca é elegante e persistente, reforçando a sua finesse com taninos sedosos e uma acidez vibrante. 

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Tintos

É fácil reconhecer um Quinta do Pessegueiro. Complexo, frutado, especiarias, chocolate e café, haverá melhor cartão de visita? Este 2012 é no entanto especial, perdeu o rubi e ganhou um violeta intenso, enriqueceu-se com sous-bois, resina e menta. Mantém a fruta deliciosa com framboesas, amoras e groselhas. É voluptuoso mas com taninos redondos e sedosos. Acaba longo e delicado.

 

Quanto ao Quinta do Vallado Reserva Field Blend, já o tinha dito anteriormente, é sem dúvida um dos meus vinhos favoritos. Sempre livre, misterioso e maduro... O 2014 possuí um salgado que me fascinou, tudo o resto vem das vinhas centenárias da quinta; uma cor rubi fantástica e um nariz delicado bastante concentrado com notas balsâmicas, madeira, figo, tabaco e claro ... a giesta fabulosa dos vinhos da Quinta do Vallado. É um benjamim sem medo e aguerrido, pronto para todas as batalhas que a vida em garrafa lhe reserva.  Armazenou morangos, cerejas, amoras pretas, framboesas e uma agradável sensação floral de violetas e esteva. É bastante gordo (apetece morder!!!), com taninos maduros e delicados. O final é elegante, mineral, muito persistente, complexo e como eu gosto ... harmonioso.

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Abandonado

 Apesar de tudo o que disse dos outros três, o meu tinto favorito, naquela tarde, foi o Abandonado 2011.

Veste rubi intenso e invade o nosso nariz com notas de eucalipto, resina, alcatrão, sous-bois e fruta preta, vermelha e do bosque bastante madura. No palato demonstra taninos elegantemente irreverentes, acidez fascinante, complexidade, intensidade e equilíbrio. É daqueles que fica connosco, num lugar especial da nossa memória. Ia agora escrever como acaba este vinho... O problema é que ele não acaba, continua profundo, rico, poderoso e alegre. Por tudo o que deixaste em mim, nunca serás cinza na minha memória :-P

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Ambiente

No que diz respeito aos Porto Vintage, estiveram muito bem representados. Desde o sopro perfumado e complexo do Taylors 2009 até à fruta gorda e suculenta do Guimaraens 2013, passando pela delicadeza adocicada do Graham's 2000. Mas 1985 é um ano extraordinário, nasceram muitas "coisas" exageradamente belas e encantadoras, entre elas alguns vinhos "quase" perfeitos. 

Costuma-se dizer que numa mulher bonita não conseguimos elogiar isoladamente as pernas, os braços ou o rosto,  uma vez que a inteira aparência é de tal beleza que não deixa espaço para apreciar as partes isoladas. Este Dow's 1985 é assim, faz sentido como um todo. 

Christmas Wine Experience - The Yeatman Hotel - Porto Vintage

A cada gole que lhe dei ouvi a sinfonia de sons do terroir que lhe deu origem, senti o cheiro das caves onde estagiou, senti o sol a bater-me na pele, o mesmo sol que bateu nos apanhadores das uvas, bebi a água que corria no Douro e matou a sede da vinha, vi o reflexo das luas quentes de Junho que acalmaram as cepas,  e sobretudo pensei em que reino, em que século, sob que silenciosa conjunção dos astros, em que dia secreto que o mármore não salvou, surgiu a valorosa e singular ideia de criar um vinho como este? Sim, porque este vinho é alegria, está muito bem resolvido com a vida e cheio de luz granada. Tem uma aurea com morangos, groselha, uvas passas, cassis, mirtilos e um toque de especiarias. Um Porto mais leve que mostra uma maravilhosa clareza e nuance de sabores. É impossível ficar indiferente a um vinho requintado como este...

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Tawny

Nos Tawnys gostei muito do Graham's 30 anos e do Taylor’s Very Old Single harvest 1966 Port.

O Graham's é bastante suave e delicado. O copo, tawny-alaranjado e ambar-acastanhado  intenso, brilhava mais que o candeeiro da sala :-P Mostra notas de licor de café, ameixas, casca de laranja, biscoito, uva passas, crème brûlée, caramelo, nozes e amendoas. No palato tem uma acidez extraordinária, é untuoso, concentrado, rico e delicado. Termina persistente com complexidade, elegância e requinte. 

O Taylor’s 1966 é outra coisa, é grande, muito grande mesmo!!! Dourado palha, com uma sugestão de verde musgo na borda. O nariz é complexo e rico com aromas de noz, avelãs, noz-moscada, madeira exótica, açúcar mascavado, figos, alperces e um fundo picante de melaço e caramelo. No palato é liso, delicado e melado. A acidez é arrebatadora e o acabamento infinitamente belo. Poderoso, grande e complexo!!!

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Espirituosas

 Nos espirituosos deu para perceber que definitivamente não sou de aguardentes, embora me tenha impressionado com o caracter aveludado e delicadeza da Palácio da Brejoeira Aguardente Velha. Pelo contrário, começo a sentir "o bichinho a crescer" pelos Madeira. No Blandy's Madeira 1996 encontrei uma cor âmbar com reflexos verde-dourados, como os que se encontram num Porto Tawny mais envelhecido.  O nariz está cheio de frutos secos, caramelo, mel, laranja, figo caramelizado, cacau, especiarias e ... aguardente velha :-P No palato cresce possuindo uma acidez e mineralidade muito bem conjugadas.O final é complexo, rico, longo e bastante refrescante.

Christmas Wine Experience 2016 - The Yeatman Hotel - Final

Ah é verdade, já me ia esquecendo!?! O que têm em comum Gordon Ramsay, Halle Berry , Cindy Crawford, o World Trade Center, a ponte 25 de Abril, a guerra do Vietnam e o Christmas Wine Experience?  Todos eles estão unidos pelo ano 1966. O Taylor’s Very Old Single harvest 1966 Port sobreviveu a uma ditadura, viu construir o World Trade Center e a ponte 25 de Abril, chorou mais tarde com o ataque ao mesmo World Trade Center, entristeceu-se com a guerra no Vietnam e acompanhou o nascimento de Gordon Ramsay, Halle Berry, Cindy Crawford. Testemunhou a altura em que os meus pais se conheceram, presenciou o casamento deles, compareceu ao meu nascimento, crescimento e sorriu quando na Igreja eu disse o "sim". Quando o bebi, olhei para o ventre que protege a minha filha. O vinho flui rubro ao longo das gerações e também é isto, ou melhor, o vinho é exactamente isto: histórias, momentos, segredos e acontecimentos dentro de uma garrafa. 

 

Obrigado Edite Alexandre pelo convite, com ele permitiste que tenha aprendido um pouco mais da minha própria história :-P

Algumas das fotos foram tiradas pelo Renato, http://renatogoncalvesphotos.blogspot.pt/ , visitem pois vale a pena.

 

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