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No meu Palato

No meu Palato

Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso | Festival do Vinho do Douro Superior 2017

"Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é capaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso. Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.
Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá. E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo." Miguel Torga
 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Miguel Torga imortalizou o Douro como "um excesso da natureza", e eu acho que não há melhor caracterização que essa. Um rio bravio, dos rabelos, do vinho e das vinhas, que deambula por vales apertados e protegido por socalcos suportados por muros em pedra posta, o meu rio...

 A 6ª edição do Festival do Vinho do Douro Superior permitiu-me chegar a um dos postulados de Einstein, o tempo é relativo. Porquê? Porque o Douro está em toda a parte ao mesmo tempo, banhando as caves do vinho do Porto em Gaia e beijando, no mesmo instante, as margens do Meão, em Foz Côa. Está na Serra de Urbión onde nasce e simultaneamente na foz onde toca o Atlântico. Desta forma, com ele não há ânsia do passado nem saudades do futuro , com ele vivemos eternamente no presente.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Para Miguel Torga, é uma surpresa que o Douro das temperaturas elevadas, das encostas íngremes carregadas de estevas e zimbros, da chuva austera, da terra grossa e com xisto, da geada mortífera e das cheias abruptas, dê bom vinho. Mais que uma surpresa acho que é uma dádiva às gentes durienses, as protectoras desse reino maravilhoso de que vos vou falar hoje.

A visita a este grande oceano megalítico começou com uma viagem na embarcação Senhora da Veiga, uma réplica dos tradicionais barcos rabelos, que transportavam as pipas de Vinho do Porto do Alto Douro, até às caves em Vila Nova de Gaia. A sua construção teve como objectivo desenvolver a oferta turística local permitindo viajar por dois Patrimónios da Humanidade, a região vinhateira do Alto Douro e os sítios de arte rupestre do Vale do Côa.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

  A bordo, o enólogo Carlos Magalhães,  apresentou os vinhos do projecto Palato do Côa, salientado que aquilo que a sociedade 5 Bagos pretende é fazer vinhos que eles e os seus amigos gostem de beber. Se me poder incluir nesse lote e no que a mim me diz respeito, gostei bastante de beber o Palato do Côa Códega do Larinho 2015 e o Palato do Côa Reserva 2012 :-P

Do branco destaco sobretudo a ausência de fruta, a exuberância das notas minerais, a excelente intensidade aromática, os apontamentos florais e o aroma terpénico a casca de limão. O Palato do Côa Reserva 2012 veste um violeta profundo, e tal como no branco, as sugestões florais tornam o vinho muito elegante. A estas juntam-se o cacau, os mirtilos, as amoras e a compota de ameixa. O palato do Palato (:-P) é bastante guloso, com taninos domesticados e nuances de especiarias. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

Depois deste passeio fantástico, tinha chegado a altura de visitar pela primeira vez nesta edição, a Feira. 

O primeiro vinho que provei foi o Dona Berta Vinha Centenária Reserva 2010. Um vinho austero que é arredondado pelas notas vegetais, minerais e sobretudo pelas cerejas, morangos, amoras e framboesas. Começa tímido mas depois cresce muito e surgem aromas como a baunilha e o sous bois. Fresco, com bom volume, equilibrado e elegante. A Feira tinha começado em grande :-P

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Mais tarde, ao jantar, tive a oportunidade de conhecer a Conceito Vinhos, uma empresa familiar sediada em Cedovim, concelho de Foz Côa, que tem como enóloga responsável a Rita Marques.  A marca Conceito, explicou a Rita, é usada para os vinhos que lhe "apetece fazer" e que depois tentam vender, e não fazer os vinhos de modo a que os possam vender facilmente, isso nota-se no copo. Um desses vinhos com mais ADN da produtora é o tinto Bastardo, uma casta mal amada no Douro mas com enorme potencial. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Os vinhos mais "comerciais", por asssim dizer,  são vestidos com a marca Contraste. Confesso que tinha uma enorme curiosidade de conhecer o Conceito Bastardo, tenho amigos que o adoram, tenho outros que nem o podem ver, eu agora, posso finalmente dizer que faço parte do primeiro grupo :-P 

Em primeiro de tudo, o Bastardo é um vinho "enganador", a cor não "bate certo" com o aroma e a boca,  é um vinho pouco extraído, pálido, ruby claro, com laivos atijolados, no nariz apresenta fruta preta, bagas silvestres e especiarias. Na boca cresce muito, tem uma óptima acidez, é bastante elegante e muito requintado.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

Não sei porquê mas este vinho transportou-me da casa da Rita para a Borgonha e para os Pinot Noir que lá se fazem.  Para além de todas estas mais-valias, o Bastardo tem mais uma, é muito gastronómico e acompanhou na perfeição uma vitela estufada lentamente  numa panela de ferro fundido, provavelmente a melhor que provei até hoje.

Outro vinho que destaco dessa noite é o Conceito Porto Branco by Barbeito lote 2. Às vezes pergunto-me a que saberia um Porto Vintage Branco, acho que a resposta tem de ser algo muito parecida a este Conceito Porto Branco. Aromas bastante intensos de frutos secos, esteva e compota de damasco. Paladar com um leve, muito leve tostado, corpo médio e adstrigente, com um final extremamente fresco e especiado. No entanto, o álcool prejudica ainda um pouco a riqueza aromática que o vinho parece ter, tem tudo para crescer em garrafa. Parabéns Rita!!!

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 O dia seguinte amanheceu na Quinta de Castelo Melhor onde pude conhecer um pouco melhor o projecto Duorum da João Portugal Ramos Vinhos. A conduzir a Duorum está uma pessoa que muito estimo, José Maria Soares Franco, um enólogo que já teve a seu cargo a produção do meu querido, estimado e grande amigo Barca Velha. E antes que comecem com coisas, a relação entre o apreço que tenho por este homem e o facto dele ter sido o enólogo responsável da Casa Ferrerinha ... não é pura coincidência :-P

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Situada na parte mais oriental da região demarcada do Douro, mais quente e seca, esta Quinta fez com que Soares Franco regressasse às origens, voltasse à terra e conciliasse o seu saber de 30 anos com o de João Portugal Ramos na tentativa de produzirem de vinhos diferentes, únicos, marcantes, respeitadores da natureza e com um preciso controlo da maturação. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

Para fazer vinhos novos é necessária ... vinha nova, daí o nascimento da Quinta de Castelo Melhor.   

Entre outros, provei dois grandes vinhos de 2015, Duorum Reserva Vinhas Velhas 2015 e o Duorum O. Leucura Reserva 2015 (que ainda não foi lançado para o mercado). Ambos novos, um deles excelente, outro extraordinário.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 O Vinhas Velhas no copo é muito denso e concentrado, libertando no aroma amoras, mirtilos, cassis, esteva, violeta e uma madeira de excelente qualidade. Tem uma óptima acidez, taninos austeros mas já com marcas de amadurecimento e um excelente volume. Neste 2015 acho que a madeira  se sobrepõe um pouco em relação ao restante bouquet, mas isso tem única e exclusivamente a ver com a falta de rugas, que o tempo lhe trará.

Esta foi também a primeira vez que provei o O. Leucura...

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 É um upgrade fabuloso do Vinhas Velhas, é mais escuro, os frutos pretos maduros estão mais intensos, surgem algumas notas picantes que resultam da interacção com a barrica. É mais denso, mais concentrado, a acidez está melhor equilibrada e os taninos mostram-se mais maduros. Acho que se constrói segundo quatro eixos principais; elegância, concentração, riqueza e força. Tem um acabamento longo e duradouro. Fez "parecer banal" um dos meus vinhos favoritos, o Duorum Reserva Vinhas Velhas. 

 Tenho mesmo de o provar daqui a uns anos, quando estiver mais aberto, com menos vigor e com mais finesse.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

Provavelmente, esta quinta,  foi o sítio que mais me marcou neste fim de semana do Festival do Vinho do Douro Superior 2017, para além de uma paisagem arrebatadora que é impossível traduzir por palavras, a Quinta de Castelo Melhor tem tudo para produzir bons vinhos, nela estão plantadas apenas castas portuguesas, exibe vinha de encosta que permite obter concentração e amadurecimento e possui também vinha de cotas altas de onde se extrai a acidez. Com isto é possível fazer lotes com as mesmas castas mas de altitudes diferentes, dando origem a vinhos onde as notas dominantes são o equilíbrio e a harmonia.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Foi com pena que deixei a Quinta de Castelo Melhor e não resisti a olhar para trás, pelo vidro da janela do autocarro, dizendo-lhe um "até à próxima" :-P

Esse sentimento de "tristeza" depressa me abandonou quando cheguei à Feira e provei o Quinta do Vale Meão 2014.

Muito escuro e concentrado no copo. Aromas complexos, harmoniosos e sedutores de folha de chá preto, especiarias, madeiras exóticas e fruta preta madura. Muito redondo, levemente doce e melancolicamente longo. É também muito precoce, há que lhe dar tempo para lhe podermos retirar o que ele tem de melhor.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017Enquanto passeava pela Feira com a Quinta do vale Meão no palato encontrei dois senhores que lá cresceram como enólogos, para além de bons vinhos o Meão exportou homens com honradez, respeito, ética e uma capacidade incrível para produzirem vinhos que atingem a crista do sonho.

Quase que aposto que estavam a discutir quem, entre eles, produz/produziu o melhor Barca Velha :-P

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 A estação seguinte desta viagem magnífica  pelo Reino Maravilhoso do Douro foi o Restaurante Côa Museu onde iríamos degustar um menu harmonizado com os vinhos Colinas do Douro. Estes vinhos são produzidos entre penedos e escarpas na súbita transição do solo granítico do planalto beirão e as primeiras pregas de xisto para o rio Douro. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Os Colinas do Douro procuram promover um Douro Superior com sua elegância, frescura e mineralidade.

De todos os que tive oportunidade de experimentar gostei mais dos dois reservas de 2015, o branco e o tinto.

O Colinas do Douro Superior Branco Reserva 2015 destaca-se sobretudo pela sua mineralidade, amplitude e frescura. As castas Rabigato, Viosinho, Alvarinho e Verdelho deram origem a um lote bastante agradável, com alguma concentração e aromas a pólvora e ameixa bastante agradáveis. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 O meu preferido foi no entanto o Colinas do Douro Superior Tinto Reserva 2015, ainda muito jovem, curiosamente exibe as mesmas notas de pólvora que o seu irmão branco. Revela também morangos, framboesas, baunilha, pimenta branca e noz moscada. Tem ainda algo que encontro muito nos vinhos da Quinta do Vallado e que gosto muito, a giesta. No palato é muito fresco, mineral e robusto devido aos taninos irreverentes. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 No que diz respeito ao estômago, o mesmo foi afagado com cogumelos Portobello recheados com alheira (pena que o cogumelo seleccionado não tenha sido um dos deliciosos daquela região); com uma inefável posta à mirandesa com maçã ao vinho do Porto, grelos, batatas grelhadas e oregãos; e para finalizar com uma inebriante telha de amêndoa com gelado de frutos secos sob chocolate quente e fruta laminada. 

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Quer a carne, quer a telha estavam divinais e fizeram-me regressar no dia seguinte, com a a família e amigos, mesmo quando o restaurante estava fechado :-P

Este restaurante oferece uma vista deslumbrante, de dia e à noite, sendo o próprio edifício digno de contemplação prolongada. O menu é vasto e representa bem a região onde está inserido. Como já se fazia tarde, era a altura de regressar à caminha :-P

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 É sempre assim, como tudo o que é bom passa rápido, tinha chegado o último dia do Festival do Vinho do Douro Superior 2017.

Partimos em direcção ao Poço do Canto, na Mêda para tomar contacto, pela primeira vez, com os vinhos produzidos pela Lucinda Todo Bom. E que primeira vez, foi lá, que conheci, para mim, o melhor vinho da edição deste ano do Festival.

Mas já vos falo dele...

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Reza a lenda que em tempos passados o deus romano Baco passou por aquelas terras. Depois de uma grande viagem, cansado e extenuado não teve outro remédio que não descansar um pouco no Poço do Canto. Passados uns minutos encontrou uma família duriense que ao ver tão inusitado pranto ofereceu água ao tão poderoso deus.  Sendo ele o deus do vinho, só por extrema necessidade a bebeu, sem no entanto reclamar : “Um dia ainda hão-de saber o que é vinho”. Foi por este gesto abnegado da família que Baco mandou plantar vinha nas terras áridas e rudes do Poço de Canto, daí que os melhores vinhos deste produtor, trajem no rótulo Quinta dos Romanos.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

A enologia está entregue a Mateus Nicolau de Almeida (foi um privilégio conhecê-lo), neto do Sr. Fernando Nicolau de Almeida, que procura promover a excelência nos vinhos que produz recorrendo a métodos tradicionais. Desses vinhos excelentes vou destacar dois. O primeiro o Fonte Cordeiro 2003. Um entrada de gama da casa que o produz mas que foi capaz de aguentar 14 anos em garrafa. Produzido num ano bastante quente manteve a frescura, ganhou um ligeiro químico e escondeu um pouco a fruta. Gostei sobretudo do iodo, do carácter vegetal e do fumo, que a mim me surpreendeu.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

E agora, a maior surpresa de todas, o Quinta dos Romanos Reserva 2007, que vinho!!!

Tenho a certeza que foi por causa de vinhos como este que o deus Baco mandou plantar vinhas no Poço do Canto.

Ostenta uma bonita cor ruby com uma auréola violeta. No nariz mostra framboesas, morangos e apontamentos a esteva e giesta (TOP!!! :-p). Mais suaves mas bem presentes surgem ainda brisas de chocolate e madeira de excelente qualidade. No palato é um vinho muito fresco, elegante, fino, com taninos redondos mas aguerridos.

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 É um vinho que não cansa devido à sua espectacular e irrepreensível acidez. O final de boca é longo, persistente, harmonioso, complexo e muito sedutor. Há alguém lá em Cima muito contente que o Mateus tenha conseguido fazer um vinho destes, parabéns!!!

Foi o parceiro ideal para o cabrito preparado com orégãos e carinho pela dona Lucinda, obrigado por isso.

 Depois deste mega momento, que é a descoberta de um grande vinho, dirigi-me pela última vez à Feira do Festival do Vinho do Douro Superior 2017, desta vez na companhia da família e amigos. Aproveitei a ocasião para regar mais um pouco a semente vínica que espero ter plantado no coração da minha princesa. O interesse pelos Tawnys velhos mostra que a minha outra princesa também tem regado, regularmente, a mesma semente :-P

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

Foi um grande festival, carregado com com pessoas extraordinárias que cantam, dançam e trabalham o vinho do Douro. São as mesmas pessoas do trabalho nas margens do rio de oiro, lá em baixo, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca. Depois erguem-se os muros do milagre. E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo.

Por vezes, ando "meio aflito" com a citação com que inicio estas publicações, mas até nisso o Douro foi generoso comigo, enquanto me despeço da Feira encontro este rótulo, basicamente é isto...

6º Festival do Vinho do Douro Superior - 2017

 Miguel Torga diz que as pessoas que ficam naquele Reino Maravilhoso, cavam a vida inteira. E, quando se cansam, deitam-se no caixão com a serenidade de quem chega honradamente ao fim dum longo e trabalhoso dia. Descanso? Esse, apenas o vão ter na eternidade, mas se na eternidade não houverem socalcos nem vinhedos para contemplar, tenho a certeza que as gentes durienses não têm pressa de lá chegar.

 

Tenho mais uma vez de agradecer a todas as pessoas que se cruzaram comigo durante este fim de semana, principalmente à Joana Pratas por me convidar a trepar e atingir a crista do sonho, permitindo-me contemplar este Reino Maravilhoso.

 

Até à próxima :-P

 

Cozinha da Clara | Quinta de la Rosa abre restaurante com vista privilegiada sobre o Douro

A Quinta de la Rosa – propriedade duriense situada no Pinhão, em pleno Douro Património Mundial da Humanidada, afamada produtora de vinhos do Porto e do Douro, casa de hóspedes e espaço de enoturismo – acaba de dar mais um passo no desenvolvimento das suas infraestruturas: abriu oficialmente hoje o restaurante Cozinha da Clara. Um nome carregado de sentimento e uma “clara” homenagem à avó de Sophia Bergqvist, co-proprietária e gestora da Quinta de la Rosa. A identidade gráfica do logótipo do Cozinha da Clara reporta-nos precisamente para a caligrafia de Claire Feuerheerd (1907-1972), uma grande mulher, a quem a Quinta de la Rosa foi oferecida como presente de baptismo.  

Cozinha da Clara

Famosa pela sua generosidade e hospitalidade, Claire tinha um gosto nato pela cozinha. Inspirada por grandes nomes da gastronomia, deixou um legado que a família está apostada em eternizar; o mais visível passo nesse sentido concretiza-se com a abertura do restaurante Cozinha da Clara, dotado de uma localização bastante privilegiada: à entrada da Quinta de la Rosa, mesmo sobre o rio Douro. 

 

Cozinha da Clara

“Depois de concluído o projecto da nova sala de provas, loja e recepção, no ano passado, sentimos que chegara a hora de oferecer algo mais a quem nos visita. Mais do que um restaurante, o Cozinha da Clara é a materialização de uma homenagem à história da nossa família, em especial à avó Clara. Queremos com ele prolongar a experiência de estar numa quinta familiar produtora de vinhos do Porto (desde 1815) e do Douro”, afirma Sophia Bergqvist. 

Cozinha da Clara

 O Cozinha da Clara aposta em gastronomia de raiz portuguesa, privilegiando produtos locais e sazonais, mas complementada e sem esquecer a herança gastronómica da família, com pratos do receituário da avó Clara. Uma cozinha cuja filosofia é alimentada pela simplicidade. Aos comandos da cozinha está o chefe Pedro Cardoso, a fazer dupla na sala com Pedro Esteves. Os rostos mais visíveis, são dois jovens que trabalharam juntos durante uma década no restaurante do Aquapura Douro Valley, actual Six Senses.

Cozinha da Clara

 Para acompanhar a ementa, uma carta de vinhos criteriosamente escolhidos pelo enólogo da casa, Jorge Moreira. Os vinhos da Quinta de la Rosa vão ter lugar de destaque, mas não vão faltar outras opções: a começar pelos vinhos ‘Passagem’, que Sophia e Jorge produzem na Quinta das Bandeiras, no Douro Superior; passando pelos ‘Poeira’; e terminando em vinhos que fogem ao “domínio” do enólogo, mas que lhe dizem algo. 

Cozinha da Clara

Desde que o idealizou, Sophia sempre viu o Cozinha da Clara como um espaço aberto à comunidade e não apenas como um complemento ao turismo. A pensar nisso, colaboradores, parceiros, profissionais de hotelaria e turismo, enólogos e produtores do Douro usufruem de um desconto de 15% nas refeições. Outra opção é ‘Menu do Produtor’, em que os próprios levam os seus vinhos, para que sejam livremente degustados com os seus convidados; não há taxa de rolha e uma refeição completa custa 25 euros. 

Cozinha da Clara

Para breve estará disponível a ‘Sugestão do Dia’, com um prato diferente a cada refeição, com o intuito de alargar a experiência dos sabores do Douro a hóspedes de estadas mais prolongadas. A criação propostas que incluem visita à adega, prova de vinhos e almoço – disponíveis por 45 a 60 euros por pessoa – é uma das formas de o fazer. A criação de propostas personalizadas, que incluam o alojamento e a utilização da nova piscina da Quinta de la Rosa, fazem também parte da oferta.   

Cozinha da Clara

Originalmente construído para ser um armazém de vinhos, o espaço onde agora nasce o restaurante foi adaptado de forma hábil por Belém Lima. Ao utilizar matérias primas locais, como o xisto e a madeira, o conhecido arquitecto conseguiu transformar o conceito de armazém num magnífico espaço de restauração, agora ao dispor de todos.

Cozinha da Clara // Claire’s Kitchen

Morada: Quinta de la Rosa, 215 . 5085- 201 Pinhão

Telefone: 254 732 254

E-mail: bookings@quintadelarosa.com

Horários: 13h00 às 15h00 e 20h00 às 22h00/22h30 (com pequenos ajustes em função da época do ano)

Capacidade da Sala: 50 lugares (sala interior) + 20 lugares (terraço)

Preço Médio: €40,00 por pessoa

Festival do Vinho do Douro Superior | Melhores vinhos

Quinta da Pedra Escrita branco 2015’, de Rui Roboredo Madeira Vinhos, ‘Quinta da Touriga Chã tinto 2014’, de Jorge Rosas Vinhos, e ‘Cockburn´s Quinta dos Canais Porto Vintage 2007’, de Symington Family Estates foram nomeados os melhores do ‘Concurso de Vinhos do Douro Superior 2017’ nas suas respectivas categorias. A entrega de prémios aconteceu anteontem, dia 21 de Maio, no EXPOCÔA - Centro de Exposições de Vila Nova de Foz Côa, no âmbito da 6.ª edição do ‘Festival do Vinho do Douro Superior’ que, uma vez mais, veio realçar a aposta na qualidade da produção vínica da referida sub-região do Douro vinhateiro em Vila Nova de Foz Côa, cidade – do distrito da Guarda – detentora da chancela de “Capital do Douro Superior”.

FVDS 2017 - Foto dos Vinhos Vencedores do Concurso

 Antes de abrir portas, a organização – a cargo da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, com a produção da VINHO Grandes Escolhas – revelou que esta seria a maior edição em número de expositores, 77 entre vinhos e sabores a somar a quatro tasquinhas, e de referências de vinhos em prova, cerca de 350. Concluída a 6.ª edição é tempo de fazer contas e de revelar que o número de visitantes superou o de anos anteriores, com mais de 8.000 pessoas a marcar presença neste que é já um evento de referência.

Feira

No que toca ao ‘Concurso de Vinhos do Douro Superior 2017’ foram 153 as referências vínicas que estiveram à prova (52 brancos, 89 tintos e 12 vinhos do Porto), tendo sido criteriosamente avaliadas, “às cegas”, por 28 jurados, de entre um painel composto por críticos, jornalistas, bloggers, escanções e representantes do comércio. A somar aos três galardões respeitantes aos “melhores”, foram também atribuídas mais 16 medalhas de ouro (4 para tintos, 10 para brancos e 2 para vinho do Porto) e 32 medalhas de ouro (10 para brancos, 19 para tintos e 3 para vinho do Porto). No total saíram vencedores 51 vinhos e, à semelhança da edição de 2016, não foram outorgadas medalhas de bronze.

Rio Foz Coa

Para além do concurso, que decorreu na manhã de Sábado, dia 20 de Maio, destacam-se as quatro provas comentadas por especialistas – três sobre vinhos (brancos, tintos e do Porto) e uma de azeites –, assim como o colóquio ‘Um Rio de Patrimónios, da Foz à Nascente’, onde foram debatidas questões pertinentes acerca do futuro da margem Norte do Douro, da dificuldade que o lavrador tem em vender as uvas, da mais-valia inerente à classificação de Património Mundial da Humanidade pela UNESCO por parte das populações rurais locais e das empresas com fins turísticos.

 

Numa próxima edição irei falar-vos dos vinhos que por lá provei, sobretudo de um :-P

 

Festival do Vinho do Douro Superior | A maior edição de sempre

Sem dúvida, um evento com lugar cativo no panorama de eventos de vinho em Portugal, o ‘Festival do Vinho do Douro Superior’ (FVDS) arranca no final desta semana com a sua sexta edição, a maior de sempre, com um total de 77 stands e quatro restaurantes representados. A decorrer em Vila Nova de Foz Côa de 19 a 21 de Maio, tem no (mítico) vinho e nos sabores os produtos de eleição. Mas como não há festa sem música, o famoso cantor Tony Carreira sobe ao palco do EXPOCÔA. O concerto acontece na noite de Sábado, a partir das 22h00, e é gratuito.

6.º Festival do Vinho do Douro Superior

 A inauguração oficial do ‘FVDS 2017’ está marcada para sexta-feira, dia 19 de Maio, às 18h00, e contará com a presença de Eduardo Cabrita, o Ministro Adjunto de António Costa e de Gustavo de Sousa Duarte, Presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa e o grande mentor desta iniciativa, que ao longo dos últimos anos tem ajudado a dinamizar a sub-região do Douro Superior e a potenciar Foz Côa como a “Capital do Douro Superior”.

6.º Festival do Vinho do Douro Superior

Carrazeda de Ansiães, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mêda, São João da Pesqueira, Torre de Moncorvo e Vila Flor: são sete os concelhos circundantes de Foz Côa, sendo que todos vão, de alguma forma, estar representados no FVDS. Três dias de entrada livre completamente dedicados ao melhor da sub-região mais a montante do Douro.

6º Festival do Vinho do Douro Superior

Celebrar o carácter e singularidade dos vinhos do Douro Superior é o objectivo deste evento, que tem vindo a garantir a presença dos melhores produtores da sub-região. Um evento que tem vindo a crescer e que este ano culmina com a presença de 68 produtores de vinhos, 9 de sabores e 4 “tasquinhas”, na zona exterior da mostra.

6.º Festival do Vinho do Douro Superior

Além da mostra de vinhos, o Festival contará com as habituais provas comentadas por especialistas: três no que toca aos vinhos (brancos, tintos e do Porto); e uma de azeites. O programa de 2017 volta contemplar o habitual ‘Concurso de Vinhos do Douro Superior’ e o anúncio dos respectivos resultados, assim como um Colóquio, subordinado este ano ao tema “Um Rio de Patrimónios, da Foz à Nascente”. A coordenação é João Paulo Martins, crítico de vinhos do Expresso e da VINHO - Grandes Escolhas, e estão já garantidas três presenças de peso: o jornalista Francisco José Viegas, o Professor Bianchi de Aguiar e o enólogo João Nicolau de Almeida.

6º Festival do Vinho do Douro Superior

 Apareçam e venham dar dois dedos de conversa connosco :-P

 

 

O programa segue abaixo:

19 MAIO 2017 . SEXTA-FEIRA

17h00 Abertura do FVDS

18h00 Inauguração Oficial do Festival do Vinho do Douro Superior 2017 Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa (Gustavo de Sousa Duarte) Membro do Governo

19h00 Prova Comentada: Grandes Brancos do Douro Superior Fernando Melo, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas 0

0h00 Encerramento da Feira

 

20 MAIO 2017 . SÁBADO

09h00 Concurso de Vinhos do Douro Superior - prova, apenas para jurados

09h00 Colóquio: “Um Rio de Patrimónios, da Foz à Nascente”

09h00 Abertura, pelo moderador João Paulo Martins, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas

09h15 Douro Vinhateiro - 15 Anos de Património Mundial. Valeu a pena? (Bianchi de Aguiar)

09h40 Méritos e carências de um Douro longínquo (João Nicolau de Almeida)

10h05 Ser pequeno entre grandes, os valores da diferença (Pedro Garcias)

10h30 Vinho do Porto e DOC Douro, dificuldades e entendimentos (Jorge Dias)

11h00 Coffee Break

11h30 Cultura de interior, valores rurais e património (Francisco José Viegas)

12h00 Debate sobre os temas tratados na primeira parte

14h00 Abertura da Feira

16h00 Prova Comentada: Grandes Tintos do Douro Superior João Paulo Martins, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas

19h00 Prova Comentada: Azeites Francisco Pavão, expert em azeites

22h00 Encerramento da Feira

22h15 Concerto ao Vivo: Tony Carreira

 

21 MAIO 2017 . DOMINGO

14h00 Abertura da Feira

16h00 Prova Comentada: Vinho do Porto Fernando Melo, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas

17h30 Anúncio dos Resultados do 6.º Concurso de Vinhos do Douro Superior

20h00 Encerramento da Feira e do FVDS

Adegga WineMarket Porto 2017 | Quatro pecados capitais em forma de vinho

"Há expressões da actividade humana – seja na arte, na literatura ou música – que achamos que são perfeitas. E depois há aquelas que são inesquecíveis. E estas são as que, podendo não ser perfeitas, mostram um carácter e uma personalidade tão vincada que sabemos logo que são inconfundíveis e inimitáveis."

Manuel Guedes, Revista Reserva 1500

 

Aromas de madeira húmida, cogumelos, pimenta e couro levam a um palato encantado com sabores de sous bois e iodo ... parece-vos delicioso? E se ainda juntarmos aromas de gasolina, cera de vela, aipo e rochas esmagadas, farmácia e essência de limão??? Vinhos velhos não são para todos. Se gostam continuem a ler, se não gostam leiam da mesma :-P

Adegga WineMarket Porto 2017

Parece incrível, mas já passou um ano desde o Adegga WineMarket Porto 2016. E se no ano passado consideramos este o melhor evento vínico, este ano foi absolutamente arrebatador!!! Já dizia Aristótles «Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito»." Acho que estas palavras encaixam como uma luva nos Adegga WineMarkets.

Porto Palácio Congress Hotel & Spa

  O evento decorreu no Porto Palácio Congress Hotel & Spa, num dia mais solarengo que na edição anterior e numa sala mais funcional. Este foi o primeiro evento vínico da Bia (que já conta mais de 4 meses) e não tivemos qualquer tipo de problema com o acesso do carrinho da bebé. 

A sala que inicialmente parecia enorme depressa se "encolheu" com a quantidade de enófilos a que ela acorreram.

 Adegga WineMarket Porto 2017

 Começando pelos brancos, gostei muito do equilíbrio e elegância do  Flor de S. José Reserva 2013; da manga,  toranja e pêssego do Esporão Reserva 2013 (este é sem dúvida dos meus brancos favoritos, ano ... após ano), da toranja e figos (???) do Duas Quintas Reserva 2015 e adorei o Quinta dos Carvalhais Especial (lote de 2004, 2005 e 2006 ). No nariz mostrou-se firme com notas de carvalho fumado, cogumelos, rochas esmagadas, pólvora, pêra, espargos e mel. Na boca é bastante cremoso, fresco e ... austero. Podiam fazer-se mais brancos assim. É requintado no final e com um volume que nos enche a boca.

Nos tintos vou destacar três. A tosta e notas mentoladas do Quinta do Pôpa Homenagem 2011, os aromas balsâmicos especiarias do Quinta dos Murças Reserva 2011 (2011 é mesmo um ano enorme no Douro) e tudo no Chryseia 2014.

Adegga WineMarket Porto 2017

 No nariz mostra ameixas e groselhas maduras escondidas no seu manto violeta. As bagas pretas picantes são equilibradas moderadamente por um pouco de frescura e pelos taninos, discretos, mas presentes. Após as notas ricas de cereja,  surgem as especiarias no palato oferecendo uma complexidade e harmonia bastante agradável. É intenso, muito concentrado e sobretudo equilibrado. Entrou na lista de favoritos :-P  Este vinho está à procura de um pouco mais de finesse para complementar a grande fruta irrepreensível, tem tudo para a encontrar após alguns anos na garrafeira.

Adegga WineMarket Porto 2017: Tintos

Depois subimos (em direcção ao céu) para a sala Premium com os seus vinhos velhos. A verdade é que o vinho velho mostra-nos alguns sabores estranhos, a magia não vem apenas da unicidade daqueles sabores e texturas inusitadas, que não podem ser duplicados em nenhuma outra bebida, mas também da história que foi engarrafada e que com cuidado foi "atesourada" ao longo do tempo. O Adegga WineMarket permite-nos entrar nesse mundo encantado dos vinhos carregados de aromas, rugas e memórias. 

Adegga WineMarket Porto 2017 - Premium Room

 Antes de vos falar desses autênticos fosseis vínicos vou destacar um espumante. A garrafa e a caixa são lindíssimas, mas o que mais me encantou foi o seu interior. Excelente corpo, mousse muito fina e com sabores delicados a biscoito e pão. O palato é complexo, intenso e cheio de sabores de noz torrada, chá e caramelo seguido de um acabamento bastante longo. É assim o Ravasqueira Grande Reserva 2012, dos melhores espumantes portugueses que provei até hoje.

Depois seguiram-se os pedaços de história materializados em garrafas de vinho.

Adegga WineMarket Porto 2017 - Premium Room - Espumantes

Nos tintos destaco os dois Sagrado Vinhas Velhas em double magnum (2009 e 2008), o de 2009 com as suas notas licoradas e o 2008 com a sua delicadeza impressionante. Gostei também muito do fumo apaixonante do Três Bagos Grande Escolha Estágio Prolongado tinto 2005, a elegância do Triunvirato nº4 e a herança que o Grantom Reserva 2001 deixou. O Granton foi uma das mais famosas marcas de vinho de Portugal, que desapareceu há quase 15 anos. Este 2001, com 18 meses em carvalho Português, é um vinho poderoso em ameixas, amoras e cassis, baunilha, gasolina, cera de vela, couro, farmácia, iodo e um delicioso chocolate.

Adegga WineMarket Porto 2017 - Premium Room - Tintos

 Depois um "exagero", os Porto que o Adegga apresenta ano após ano... São vinhos que mereciam que ficássemos lá uma semana e não apenas uma tarde.

Há qualquer coisa nestes vinhos que está carregado de romance, descoberta e aventura. São esses os sentimentos que os Porto antigos me despertam. Acho que a história por trás de cada vinho é quase tão incrível como os vinhos em si, quase... :-P São tantos e tão bons que é injusto deixar alguns de fora. O critério que tive foi falar-vos apenas daqueles que ainda me lembro de cada aroma que me deram. A resina, anis e mel do  Dalva Branco 1963 (o melhor Porto branco que provei até hoje); as nozes, pimenta, canela e café do Poças 1967, o cravo e avelã do Burmester 1952 e a complexidade aromática do Niepoort 1957 com essência de limão, tosta, caramelo, nozes,  amendoim e o agradável "vinagrinho" que lhe dá requinte.

Adegga WineMarket Porto 2017 - Premium room - Portos

 Ainda assim, o Real Companhia Velha Carvalhas 1927 ainda hoje não me deixou. Sei que não é consensual,  mas os seus aromas aveludados levaram-me numa viagem infinita, com notas de madeiras nobres, verniz e fumo bem evidentes, acompanhados por brisas mais ténues de fruto seco torrado, cera de vela e café. No palato aparecem também a ameixa madura, a folha de figo seca e ainda alguma baunilha. Toda a experiência de prova é muito delicada, sedutora e elegante. O final de boca termina ... ou melhor, não chega a terminar. Foi para mim uma experiência inesquecível, tão concentrado que parecia um rebuçado de história que não se dissolvia na memória. Foi o vinho do Porto mais antigo que provei até hoje, e também o mais excêntrico e denso.

Adegga WineMarket Porto 2017 - Primium Room - RCV 1927

 As surpresas deste ano na sala Premium foram o Moscatel e Madeiras antigos. O Blandy's Terrantez 1976 parecia uma salada de aromas com marmelos, figos, tâmaras, madeira húmida, canela, verniz e café torrado, muito bom!!! O seu conterrâneo , o Bual 1967, carregava aromas complexos de nozes, frutas cristalizadas e baunilha potenciados pelas notas balsâmicas.

Se me perguntarem a que sabem vinhos com mais de cem anos, eu agora, graças ao Quinta do Piloto Colecção da familia Moscatel roxo, finalmente posso esclarecer-vos. Uma resposta seria - tipo de um monte de coisas misturadas, por exemplo, mel, meloa, alperce, tangerina, alguns frutos secos, café, cidra, gengibre, avelãs e damascos torrados. Outra resposta igualmente correta - como nada mais que eu já tenha provado.

 O que verdadeiramente me surpreendeu, para além da sua densidade, foram a sua complexidade aromática e sabor, aliados à sua extraordinária frescura que equilibra a doçura natural e concentração que o vinho carrega. Top!!!

Adegga WineMarket Porto 2017 - Premium Room -Moscatel e Madeira

 Para último, de volta aos tintos e ao meu vinho favorito da tarde. Se o Porto colheita 1927 não era consensual, este muito menos :-P Apaixonei-me mais uma vez pelo Legado, desta vez o 2012, talvez o ano tenha ajudado a esta atracção imensurável... Este vinho carrega quatro pecados capitais (obrigado Costa :-P), avareza, luxuria, gula e soberba. A citação com que iniciei este texto continua dizendo que se tão nobre distinção se pudesse aplicar aos vinhos, o Legado 2012 faria parte do segundo grupo, ao grupo dos imperfeitos mas inesquecíveis, acho que lhe falta um pouco de austeridade, mas, no entanto, mostra um carácter e uma personalidade tão vincada que sabemos logo que são inconfundíveis e inimitáveis. Porque perfeito só mesmo esta imperfeição magistral. É sublime porque esta imperfeição combina com as suas mais valias, faz ter sentido até o que não se explica. Acho que o Legado 2012 é mesmo assim, não se explica, sente-se.  Tem aromas avarentos de fruta vermelha bastante madura como os mirtilos, amoras e ameixa , surgem também notas a violetas, esteva e a uma madeira luxuosa muito bem integrada, que não prejudica as notas de fruta. No palato é guloso, fresco, volumoso e com taninos arredondados. É tão genuíno e tem uma personalidade tão invulgar que o tornam único. Acaba com soberba, voluptuoso, complexo e muito, mas mesmo muito longo. É imperfeitamente perfeito :-P

Adegga WineMarket Porto 2017 - O melhor - Legado 2012

A Bia gostou tanto deste vinho que não deixou que me viesse embora sem três belos exemplares para guardar e abrir na sua maioridade :-P

Para além destes grandes vinhos, voltei a falar com velhos amigos,  discuti com produtores e partilhei experiências com enólogos. Neles encontrei virtudes que compensaram os quatro pecados do Legado (:-P). Generosidade com que partilharam os seus vinhos, humildade no lamento dos seus medos e angústias, honestidade nos sonhos engarrafados que nos dão a provar, fidelidade ao terroir que representam, prosperidade na busca da excelência, dignidade no respeito pelos "concorrentes" e a lealdade para com a memória dos seus antepassados.

Por tudo isto e por terem tornado a minha tarde inesquecível, obrigado Adegga  WineMarket Porto 2017 , especialmente a ti André Ribeirinho pelo convite.

Até à próxima no sítio do costume, continuem a "banalizar" a excelência :-P

VINHO Grandes Escolhas: n.º 1 chega amanhã às bancas

Luís Ramos Lopes (Director Editorial) e João Geirinhas (Director de Negócio), a dupla que tem levado o sector do vinho a conquistar um importante espaço nos escaparates da informação, apresentam amanhã a VINHO Grandes Escolhas. O número 1, algarismo que simboliza o primeiro passo num longo caminho que têm pela frente, chega precisamente amanhã, sexta-feira, dia 12, às bancas. Uma nova etapa que começa com 20.000 exemplares.

VINHO Grandes Escolhas: n.º 1 chega amanhã às bancas

 A VINHO Grandes Escolhas é uma revista mensal, traduzindo-se em 12 edições anuais, às quais será acrescentado, pelo menos, o Guia de Vinhos Grandes Escolhas, uma edição anual que reunirá os vinhos provados ao longo do ano. A temática do vinho ocupa o núcleo da nova publicação, “mas sem esquecer o turismo, a gastronomia, a cultura e outros prazeres da vida”, escreve Luís Ramos Lopes no editorial da primeira publicação da VINHO Grandes Escolhas, um projecto que assenta, acima de tudo, num trabalho de equipa. Ao todo, são 18 pessoas, ou seja, além da equipa editorial (que engloba cinco colaboradores externos) há a que está alocada à gestão, marketing, eventos e comercial.

Luís Ramos Lopes - com logo VGE.png

No sentido de acompanhar a celeridade da informação dos dias de hoje, a dupla Luís Ramos Lopes e João Geirinhas revela a parceria digital com André Ribeirinho e a equipa que criou a plataforma Adegga, por forma a associar a revista em papel ao formato digital, mas também às redes sociais e ao vídeo. Em paralelo, haverá uma forte aposta na formação, feita através da ACADEMIA Grandes Escolhas, cujo desenvolvimento será concretizado através de parcerias estratégicas, assim como num vasto programa de eventos enogastronómicos, a terem lugar um pouco pelo país – já há sete agendados para este ano, ao quais irão juntar-se outros –, culminando com o VINHO & SABORES Grandes Escolhas, a realizar entre 27 e 30 de Outubro deste ano, na FIL, em Lisboa.

VINHO Grandes Escolhas: n.º 1 chega amanhã às bancas

Quanto ao investimento, Luís Ramos Lopes reforça que “o investimento financeiro num projecto editorial e de eventos como o nosso não é pesado. Isto é essencialmente um negócio de know-how. Assim, o principal e, de longe, mais importante investimento são as pessoas, pessoas experientes, conhecedoras, criativas, empenhadas”. Deste modo, a equipa redactorial, comercial e de eventos da nova revista conjuga pessoas com décadas de experiência em publicações de vinhos e sabores, com outros profissionais mais jovens, ambiciosos e cheio de vontade de “mostrar serviço”.

VINHO Grandes Escolhas: n.º 1 chega amanhã às bancas

Para já, e a respeito da primeira edição da revista impressa VINHO Grandes Escolhas fica o convite para uma viagem feita pelas castas portuguesas à volta do mundo, uma missão realizada por produtores e enólogos de dentro de portas. Na mesma edição é realçado o respeito pelo ambiente, trabalho que tem vindo a ser concretizado no Esporão, no Alentejo, com a produção biológica e a produção integrada, por um lado, e lançado o desafio em pôr os rosés à prova, ou não estivesse o tempo a pedi-las! Mas há ainda muito mais para ler, incluindo os resultados de um painel de prova com uma seleção das melhores propostas de vinhos tintos por menos de €10,00.

DOURO TGV: Turismo. Gastronomia . Vinho

É já amanhã, dia 10 de Maio, que arranca o ’DOURO TGV - Turismo . Gastronomia . Vinho - Vila Real 2017’. O evento, que promete promover o melhor da região, prolonga-se até dia 12 e tem como palco o Parque de Ciência e Tecnologia Regia-Douro Park, em Vila Real.

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 Como revela a sigla TGV, turismo, gastronomia e vinho, são estes os temas que vão dar corpo a três dias de grande “aceleração” na região. Um evento que se destina aos agentes e às gentes da região; aos diversos alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), futuros embaixadores da região; e todos os players cujas actividades versem turismo, gastronomia e vinho.  

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 Começamos por “forrar o estômago” com a ‘Gastronomia’ a dar mote ao primeiro dia, 10 de Maio. Sob a designação ‘Douro Gourmet’ o programa divide-se em quatro abordagens temáticas: Douro Internacional, Douro Integral, Douro Glocal e Douro Mundial. A moderação fica a cargo de Duarte Calvão – consultor gastronómico da Associação de Turismo de Lisboa, director do Peixe em Lisboa, co-autor do blog Mesa Marcada e que durante vários anos escreveu sobre gastronomia e restaurantes nas páginas do Diário de Notícias – e Teresa Albuquerque, vice-presidente do Instituto Internacional Casa de Mateus. A apresentar casos de sucesso e a debater novas oportunidades para o Douro estarão chefes de renome, gastrónomos e especialistas em produtos como porco bísaro, a maçã, a castanha, o azeite, ervas e flores comestíveis. Não faltarão momentos de degustação, de produtos endógenos, mas também de sabores mais exóticos e inusitados.

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 A realidade aumentada e a procura de soluções integradoras de serviços e produtos trazem uma nova perspectiva às relações entre clientes e empresas, pessoas e territórios. O tema ‘Turismo’ embarca no ‘DOURO TGV’ na tarde de dia 11. Sob o mote ‘Douro 3.0.’ vai ser explorada a vertente tecnológica ligada ao turismo: as viagens são cada vez mais planeadas com base em visitas prévias, feitas através do mundo digital. Quem navega no Douro? Uma questão com duas dinâmicas – em sentido lato e do ponto de vista virtual – e que será abordada no evento. Neste dia serão apresentados alguns projectos de investimento turístico que estão previstos para o Douro.

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 The last but not te least: a sexta-feira, dia 12, é dedicada ao ‘Vinho’. A manhã vai ser de trabalho em duas frentes. Pelas 09h30 começa uma ‘Viagem Enológica’ por diferentes regiões vitivinícolas, com a presença e testemunho do espanhol Raúl Perez, da francesa Valerie Lavigne (a confirmar) e do luso-australiano David Baverstock, e moderada por Tim Hogg, cientista na área da enologia, reconhecido professor universitário e director do Centro de Excelência da Vinha e do Vinho (CEVV), inserido no Regia-Douro Park. Ao mesmo tempo, acontece a primeira edição do ‘Concurso de Vinhos Douro TGV by Regia-Douro Park’, no qual serão eleitos por um ecléctico painel de jurados os melhores brancos e tintos, de entre os vinhos presentes na ‘Mostra de Vinhos e Sabores DOURO TGV’, que tem lugar nesse mesmo dia, pelas 16h30 – aberta ao público e de entrada gratuita.

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 A tarde começa com um painel sob o mote ‘O Vinho e o Digital’, dividido em três sub-temas: ‘A Escrita e Crítica Digital’, ‘Ferramentas Digitais ao Serviço do Vinho’ e ‘Vinhos, Filhos do Digital’. Nesta última parte teremos quatro vinhos em palco: um preview do branco e tinto ‘Bons Rapazes by Lavradores de Feitoria’, vinhos da autoria da dupla Tiago Froufe da Costa e Pedro Teixeira (actor da TVI) em parceria com a Lavradores de Feitoria; e os vinhos da Bebes.Comes / Collection, do casal Joana Marta e Pedro Moreira com enologia de Lúcia Freitas (DOC Dão) e Rita Marques (DOC Douro).

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 Apareçam!!!

Programa e mais informações em http://regiadouroempreendedor.com/douro-tgv/. O acesso ao ‘DOURO TGV’ é gratuito, mas implica inscrição prévia, feita por e-mail ou telefone.

DOURO TGV – Turismo . Gastronomia . Vinho – Vila Real 2017

Local: Regia-Douro Park

Morada: 5000-033 Vila Real (junto à saída 13 da A24)

GPS: 41°16'17.1"N 7°41'39.3"W ou aqui

Site: www.regiadouroempreendedor.com

E-mail: eventos@regiadouro.com

Telefone: 259 308 200

Hard Rock Porto Wine Party

A cidade do Porto tem mais um bom motivo para comemorar: já abriu o Hard Rock Cafe...

Nada melhor que realizar uma grande festa para dar a conhecer este magnífico espaço que promete agitar a cidade invicta. Muitos dos melhores vinhos de Portugal estarão presentes para brindar e harmonizar com a saborosa gastronomia americana e o Rock'n'Roll. Será uma Wine Party inesquecível!!!

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 O espaço é magnífico, imponente, bem decorado, com a música sempre bem presente e uma localização privilegiada, ali mesmo no centro do Porto, junto à Avenida dos Aliados. 

Para comemorar tão esperado espaço, que recebe pessoas de todo o mundo, realiza-se já no próximo dia 4 de junho, domingo, a HARD ROCK CAFE PORTO WINE PARTY, festa vínica organizada com o apoio da revista Paixão Pelo Vinho. 

Assim, entre as 16 e as 22 horas, o vinho vai ser a bebida de eleição, estando presentes cerca de 20 produtores de várias regiões de Portugal.

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  Será a oportunidade ideal para visitar e ficar a conhecer o Hard Rock Cafe Porto, desfrutar da admirável memorabilia que decora as paredes relembrando êxitos e artistas do mundo da música, brindar com os amigos e saborear as iguarias de inspiração americana harmonizadas com vinhos portugueses de excelência.

 “Com poucos meses de atividade, é para nós um enorme prazer poder associar a nossa marca a este evento que promete ser inesquecível e de grande relevo para a cidade e para toda a comunidade de apreciadores de vinho”, destacou André Lopes, do Hard Rock Cafe Porto.FotorCreated.jpgGeneral Manager

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 Os bilhetes para a HARD ROCK CAFE PORTO WINE PARTY estarão disponíveis a partir do dia 11 na Ticketline, on-line, bem como nos mais de 500 pontos de venda a nível nacional, locais habituais como Fnac, Worten, El Corte Inglês e Agência de Viagens Abreu, por exemplo. O bilhete tem um custo de 15€ e inclui a oferta do copo que dá acesso à prova de todos os vinhos e a oferta de uma degustação de sabores Hard Rock Café. Não faltará Rock'n'Roll e um ambiente de muito glamour, num espaço recuperado e de incrível beleza.

 

Apareçam e venham "rockar" connosco :-P