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No meu Palato

No meu Palato

Poças Símbolo 2014 | Distinguindo-se ... não se fazendo notar

"Muito mais poderosos do que a religião, muito mais poderosos que o dinheiro, até mesmo muito mais poderosos que a Terra ou a violência, são os símbolos. Os símbolos são histórias. Os símbolos são imagens, desenhos ou ideias que representam algo mais. Os seres humanos atribuem esse elevado significado e importância aos símbolos uma vez que eles podem inspirar esperança ou auxiliar os deuses. Estes símbolos estão por toda parte ao seu redor." Lia Habel

Símbolo 2014

 O vinho é muitas vezes tido como um dos mais belos símbolos da transformação. Quase como se a natureza criasse um espelho que nos permitisse ver metaforicamente o nosso processo de crescimento, renovação e transformação. Desta forma podemos pensar no vinho como um símbolo das nossas vidas, desenhado a marca de água pela natureza. Criar um vinho passa necessariamente pela transformação, resultante de separar o todo em partes e voltar a integrar as peças num conjunto: as uvas em vinho. 

Poças Símbolo 2014 ©João Ferrand

Essa transformação da fruta fresca em algo extraordinário, que lhe permite ter um carácter distintivo e de qualidade, vem directamente de um lugar, do terroir  em que a vinha é cultivada e tratada.  O vinho também é símbolo de trabalho. Foram homens e mulheres cansados que executaram a dança da colheita em barris e prensas. Foram eles que começaram a transformação das uvas, feitas de partículas de luz solar e água mantida em cachos de frutas, para dar origem à mais saudável e mística de todas as bebidas. 

Poças Símbolo 2014 ©João Ferrand

Quando as características naturais de um terroir interagem para criar um conjunto único de condições e que, por sua vez, conferem características específicas aos vinhos produzidos nesse lugar, o vinho pode ainda ser símbolo de diferença.  E é por tudo isto que o nome escolhido para o novo topo de gama da Poças Júnior lhe assenta como uma luva: Símbolo :-P Pedro Poças Pintão, director comercial da Poças Júnior destacou isso mesmo na apresentação oficial do Símbolo 2014 que decorreu no restaurante Antiqvvm, do estrelado chefe Vítor Matos. A produção de apenas 5000 garrafas procura evidenciar exactamente esse carácter diferenciador.

Poças Símbolo 2014 ©João Ferrand

 Este vinho pretende ser diferente na elegância e no charmant, distinguindo-se dos tradicionais vinhos explosivos e encorpados (neste patamar de qualidade) do Douro. Três anos após a colheita das uvas que deram origem a este Símbolo, o enólogo da Poças, Jorge Pintão, acredita que o Símbolo merece estar entre os melhores vinhos do Douro. As avaliações, feitas ainda antes de ser lançado, parecem dar-lhe razão: 94 Pontos Wine Enthusiast, 92 pontos Wine Spectator (estou curioso se o Símbolo irá figurar no TOP 100 da sua lista) e 90 Pontos Wine Advocate.

Poças Símbolo 2014

No que a mim diz respeito, concordo quer com o Jorge, quer com o Pedro. É um vinho elegante, com taninos domesticadamente irreverentes e com muita vivacidade. Produzido a partir de vinhas velhas (com mais de 60 anos) muito bem tratadas por Maria Manuel Maia, concilia de modo muito particular a madeira nobre e especiarias com as cerejas, amoras e morangos muito maduros.  Depois de uma agradável conversa sobre o Símbolo era chegada a hora do almoço e de conhecermos outro vinho da Poças, o Colheita 2003.

Poças Colheita 2003

O caramelo, a avelã, o ligeiro picante e uma agradável secura resultante do envelhecimento em madeira dão-lhe muita identidade, carácter e expressão.  É um vinho muito rico que ganha complexidade com os ligeiros apontamentos balsámicos e excelente acidez.

Poças Colheita 2003  - Foie gras

 Acompanhou na perfeição o parfait de foie gras des Landes com Porto, cavala fumada, beterraba, balsâmico velho di Modena e pinhões tostados. O Poças Colheita 2003 fazia sobressair o fumo do peixe e a ligeira doçura da beterraba, enquanto que a complexidade do prato realçava a acidez e riqueza de aromas do vinho. Um jogo de esconde-descobre-esconde enogastronómico  muito engraçado que, para já, leva o carimbo de melhor harmonização deste ano, aqui no blogue.

Poças Reserva Tinto 2015

A acompanhar a costeleta de borrego, ervas frescas, cantarelos e jus de mostarda surgiu o Poças Reserva Tinto 2015. Surpreendente e muito concentrado, com fruta preta em compota, groselha, esteva e apontamentos de madeira de boa qualidade.  A sua textura suave e equilibrada é realçada pelas especiarias, taninos deliciosos e boa acidez.

Poças Reserva Tinto 2015

O vinho contribuiu para cortar a força da mostarda aliando-se à frescura das ervas e à suculência do borrego.  Os grãos de mostrada vão muito bem com o borrego e cogumelos, juntos promovem uma multiplicidade e densidade de sabores incríveis. 

Poças Símbolo 2014 e Poças Reserva 2015

 Se o Símbolo 2014 é todo elegância, o Reserva 2014 é um hino à concentração de aromas maduros. A intensidade da mostarda pedia o Reserva, a graciosidade do borrego implorava pelo Símbolo. Eu fiquei apaixonado pelos dois :P

Poças LBV 2012

 Para acompanhar as borboletas, Porto, cheesecake, labios de musse de chocolate, gelado de amendoa e pistachios da sobremesa começamos com um Poças LBV 2012. Na Poças a maior parte dos LBV poderiam ser declarados como vintages, tal é a exigência mantida. 

Poças LBV 2012 e Poças Vintage 2015 - Sobremesa

 Está muito concentrado na cor e nos aromas a frutas maduras e especiarias. Com bom corpo, mas elegante, acaba com um final de boca muito longo. Apesar de no nariz o LBV ser muito mais exuberante preferi para a harmonização com a sobremesa o Poças Vintage 2015

Poças Vintage 2015

Muito por culpa de ser um vinho que exige tempo para que inicie a conversa connosco. Quando se sabe esperar surge uma agradável brisa aromática com predominância de aromas florais e com abundante fruta madura e alguma resina. Bem equilibrado com taninos austeros e uma acentuada acidez que lhe proporciona uma memorável frescura. É sedoso e elegante, ou não fosse um Poças :-P

Poças Símbolo 2014

Ainda assim, a estrela do dia foi outra, o  Poças Símbolo 2014...

Os símbolos são histórias. Os símbolos são imagens, desenhos ou ideias que representam algo mais, acredito que neste caso o Símbolo representa indelevelmente a paixão de uma família pelo vinho, combinando o respeito pela tradição com a mente aberta à inovação trazida pelos seus membros mais novos. Não só por isso, mas também por isso, ganharam um "embaixador" :P

Paul Valéry, um filósofo, escritor e poeta francês, curiosamente da escola simbolista (ela há cada coincidência :-P) postulou que a elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado subtil e trabalhoso de se fazer distinguir. E é isso mesmo que o Poças Símbolo 2014 é: um vinho elegante.

 

Obrigado pelo convite Celeste, este almoço foi também símbolo de algo mais poderoso do que a religião, muito mais poderoso que o dinheiro, até mesmo muito mais poderoso que a Terra ou a violência, a amizade. Que o nosso caminho se possa cruzar mais vezes ;-) 

Grandes Escolhas Vinhos & Sabores | Mais de 2.000 vinhos e deliciosos sabores durante 4 dias

De 27 a 30 de Outubro de 2017, o Pavilhão 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, em Lisboa, é palco da primeira edição do ‘Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’, aquele que será o maior ponto de encontro de enófilos e connoisseurs, mas também de curiosos do mundo de Baco. Para além do local, repleto de alternativas ao nível dos transportes, há outra boa notícia: à semelhança dos festivais de música, a organização criou um passe de três dias. Assim, por €20,00 – com copo incluído –, vai ser possível degustar uma selecção de vinhos de entre as mais de 2.000 referências de cerca de 300 produtores, na sua maioria portugueses, mas alguns estrangeiros. O valor do bilhete de um dia é de €15,00 (inclui copo). 

 

Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores

 

No âmbito deste evento, a organização, a cargo da equipa da revista Vinho Grandes Escolhas, promoveu no passado dia 18 de Outubro, no espaço Montes Claros / Lisbon Secret Spot, um concurso de vinhos. Este foi o desfio vínico com maior vinhos de sempre: estiveram 403 néctares à prova no Concurso de Vinhos ‘Grandes Escolhas’. Entre jornalistas, bloggerssommeliers e representantes do comércio foram 48 os jurados. Os vinhos vencedores são anunciados no dia 27, às 20h30, na Sala Zwiesel 1872, e vão estar em prova livre, no Sábado, entre as 14h00 e as 15h00, para media, e das 15h00 às 16h00, para os visitantes do certame.

 

Muda-se a data, muda-se o local e somam-se novos conceitos

 

Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

São 17 os anos de experiência que a dupla Luís Ramos Lopes e João Geirinhas (e respectiva equipa) tem na organização de eventos de vinhos com estas características – feira de vinhos a colocar frente a frente produtores e consumidores. Os ex-directores da Revista de Vinhos e, agora, directores e co-proprietários da Grandes Escolhas foram pioneiros e a génese daquele que é hoje o maior evento de vinhos do país remonta ao ano de 2000.

Este é um acontecimento muito esperado, a cada ano que passa, e as expectativas estão ainda mais elevadas para a deste ano; ano em que muda de nome, de data e de local. A escolha da FIL não foi ao acaso: é onde existe o maior interface de transportes, que é uma mais-valia para profissionais, enófilos e amantes da herança do deus Baco e da comida regional que atravessa Portugal de lés-a-lés.

 

Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

 A interacção entre o público e os especialistas é um dos requisitos do evento, a começar pelos 300 produtores inscritos e por uma agenda preenchida por conversas sobre vinhos e pequenas provas informais e masterclasses, iniciativas conduzidas por críticos de prestígio ou por produtores de referência. Isto a juntar a novas perspectivas para os expositores, com a possibilidade de agendarem ou concretizarem reuniões de trabalho in loco.

 Esta vertente profissional também se reflecte nas exportações, em particular no mercado suíço – o convidado deste ano –, de onde se aguarda a vinda de profissionais, sommeliers e compradores e para quem estão agendadas acções específicas. Além disso, há um workshop de apresentação do mercado helvético aos produtores portugueses. O ciclo desta aposta internacional está agendado para Segunda-feira, dia 30 de Outubro. 

 

Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

 É caso para dizer que os mais de 6.000 m2 vão proporcionar uma experiência de ‘Vinhos & Sabores’ com ‘Grandes Escolhas’ a tomar até porque é desejo da organização tornar aquela que será a maior mostra do vinho português num espaço aberto a novos consumidores, usando novas linguagens e diferentes abordagens. A apresentação de um layout inovador dos stands e de um novo desenho na arrumação do espaço e na circulação dos visitantes encaixam também neste objectivo. 

 Com (Grandes) VINHOS em…

 ‘Grandes Provas’

Para além dos milhares de vinhos em prova livre no evento, o ex-libris do ‘Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’ são as ‘Grandes Provas’, um conjunto de masterclasses para verdadeiros apreciadores, orientadas por críticos de prestígio ou por produtores de referência, as quais estão sujeitas a inscrição

 Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

 A abrir a lista de dez ‘Grandes Provas’ está João Portugal Ramos, que celebra 25 anos no mundo da produção vitivinícola e tem Estremoz (Alentejo) como ponto de partida de uma aventura com, de certo, muito ainda por falar e ouvir (dia 27, às 18h30). Outro dos grandes senhores do vinho é António Agrellos, mentor dos grandes Porto e Douro da Quinta do Noval e que, na véspera da sua reforma, apresenta “Os Vinhos da Vida de António Agrellos” (dia 29, às 15h00). No mesmo dia, as expectativas são mais do que muitas em relação à prova “As Escolhas de Dirceu Vianna Júnior e de Luís Lopes”. O único Master of Wine de língua portuguesa e o director da Vinho Grandes Escolhas escolheram 16 vinhos excepcionais que os marcaram e cujas histórias querem partilhar (dia 29, às 17h30). 

 “A Bairrada da Quinta das Bágeiras” dá o mote à primeira prova de Sábado (dia 28, às 15h00), na Sala Zwiesel 1872, a escolhida para servir “Vinhos sem concessões” pelas mãos do produtor Mário Sérgio Alves Nuno, um clássico bairradino. Na sala ao lado, a masterclass é de vinho do Porto, com David Guimaraens, o director de enologia da Taylor’s e outras marcas do grupo The Fladgate Partnership, a apresentar “Taylor’s Terra Feita é Nome de Vintage” (dia 28, às 15h30). O dia termina com o mais emblemático produtor do Dão a apresentar vinhos que reflectem a sua visão da região; em “Álvaro de Castro - Vinhos de Autor” (dia 28, às 18h00) vai mostrar a importância dos elementos primários do terroir, das castas, do clima, do solo e da acção do Homem na produção de vinhos com identidade. 

 Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

 Anselmo Mendes, o “mestre do Alvarinho”, é outro dos nomes a destacar neste cartaz que lhe dá voz para falar sobre a singularidade dos vinhos de Monção e Melgaço em “Anselmo Mendes - Expressão de Terroir” (dia 29, às 15h30). O mesmo se pode afirmar acerca de Domingos Soares Franco, que vai abrir as suas centenárias caves de Azeitão em busca de alguns dos “seus tesouros” mais preciosos para fazer uma ‘Grande Prova’ de “Moscatéis de Setúbal de José Maria da Fonseca” (dia 28, às 18h00).

 No que toca ao universo de vinhos internacional, em particular de França, são duas as ‘Grandes Provas’: “Uma Viagem pelo Universo Roederer: Quatro Regiões, Cinco Denominações de Origem” (dia 27, às 19h00), ao longo da qual a Companhia Roederer mostra a sua actividade pelos prestigiados champagnes, pelos vinhos da Provença e de Bordéus e pelos Douro e Porto da Casa Ramos Pinto; e “Champagnes Deutz - Borbulhas com Classe”, uma prova de um conjunto de vinhos de uma das mais prestigiadas casas da região francesa (dia 28, às 17h30).

Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

‘Prove Connosco’

Trata-se do desafio dirigido aos visitantes, sejam eles verdadeiros apreciadores ou meros curiosos em relação ao que se faz no mundo vinícola, e consiste em uma sucessão de pequenas e informais provas de 15 minutos, de livre acesso, nas quais a conversa gira sempre à volta de dois vinhos provados e comentados à vez pelos jornalistas e críticos da revista Vinho Grandes Escolhas. No fim, está “aberto” o tempo para o debate.

 

... e o complemento dos ‘SABORES’

 

Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’

 O receituário nacional “anda à boleia” de tão rica e viajada cozinha que vai de Norte a Sul de Portugal, com o objectivo de dar a conhecer pequenos tesouros de uma cozinha tão rica e variada. Para além dos variados stands de sabores , a organização preparou sessões de cozinha ao vivo, gratuitas e abertas aos visitantes do ‘Grandes Escolhas - Vinhos & Sabores’, desde que inscritos no local. António Galapito (dia 27, às 19h30), Vincent Farges, que se apresentará acompanhado do escanção Inácio Loureiro (dia 28, às 16h30), e Diogo Rocha, da Mesa de Lemos, em Silgueiros, Viseu (dia 28, às 17h30), vão estar aos comandos de uma cozinha improvisada, mas à altura de deliciosos pratos. Este certame dá ainda lugar aos novos conceitos de cozinha que, nos últimos anos, também tem vindo a dar que falar – e a provar – pelo País fora: o Street Food.

 

Bilhete de Identidade do Evento

Nome: Grandes Escolhas - Vinhos & Eventos 2017

Local: FIL - Feira Internacional de Lisboa (Pavilhão 4) . Parque das Nações

Data: 27 a 30 de Outubro de 2017

Horários: Sexta . 18h00-22h00 // Sábado e Domingo . 14h00-20h00 // Segunda . 11h00-18h00

Preço Bilhetes: 1 Dia = €15,00 ou 3 Dias = €20,00 (com IVA e copo incluído)

Locais de Venda: Ticketline e Bilheteira no Evento, aqui com desconto de 50% para assinantes da Vinho Grandes Escolhas e sócios da Enoteca.

Preço Copo: €4,00 (caso entre com convite; o copo não está incluído)

Preço Grandes Provas: €35,00 // acesso gratuito à feira // 10% de desconto para mais de uma inscrição

Inscrição nas Grandes Provas: provas@grandesescolhas.com

Site: www.grandesescolhas.com

Microsite do Evento: http://vinhosesabores.grandesescolhas.com

Programa: http://vinhosesabores.grandesescolhas.com/programa/

Planta e Expositores: http://vinhosesabores.grandesescolhas.com/planta-expositores/

Mais Informações: 215 810 526

Restaurante Ferrugem | O pudim de Vincent van Gogh

"Eu não quero que meu restaurante seja um lugar onde as pessoas se sentam e comem.  As pessoas comem porque estão com fome. Eu quero fazer comida que faça as pessoas pararem de comer. Eu quero que as pessoas se sentem naquela mesa e fiquem doentes com saudade." Adam Jones in Burnt

Restaurante Ferrugem

 Um restaurante vazio é sempre um restaurante vazio.  Não importa o quão bem passadas estejam as toalhas de mesa, o requinte da decoração, o conforto do local ou o ornamentado das suas louças e talheres. Se estiver vazio, alguma coisa vai mal. Devo admitir que sempre segui essa presunção, quando seleccionava um restaurante com vista à sua inclusão numa critica aqui no blogue. O Ferrugem de Renato Cunha veio fazer cair esse meu preconceito, porque ali nada vai mal. Muito pelo contrário. Espero que no fim, percebam o porquê dessa minha mudança de paradigma. 

Restaurante Ferrugem

 No almoço de um dia em que celebrávamos a implementação da república portuguesa a casa esteve cheia, ao jantar "abriu apenas" para a nossa visita. Estavam à nossa espera o Renato, o amicíssimo chefe de sala Abílio Silva e uma equipa de 4 funcionários de cozinha (constituída na íntegra por ex-alunos das escolas profissionais e do chefe Renato). Depois de uma pequena conversa tivemos como prelúdio manteiga de ovas de polvo seco (tão ricas que quase nos transportavam para os tradicionais enchidos) e de ovas de sardinha (muito frescas e carregadas de mar) servidas num típico mosaico, acompanhadas por pão fresco e feito no restaurante. 

Restaurante FerrugemComo primeiro momento foi servido um iogurte de carabineiro com cabeça do carabineiro de Sagres, pedaços do mesmo, coentros, oregãos e lima. Cada colherada provoca uma explosão de sabores que punha as papilas gustativas aos saltos. Se alguma estivesse a dormir ... acordaria com tamanho frenesim. É uma criação encantadora, com sabores e aromas frescos, revelando-se a acidez contida da lima uma magistral combinação para o carabineiro.

Restaurante Ferrugem

Muito longo, denso, concentrado, voluptuoso e carnudo. Mesmo depois de beber o vinho,  o carabineiro continuava no palato. E por falar em vinho, iniciamos a degustação com a delicadeza, mineralidade e elegância do Soalheiro Bruto Rosé 2013. Era no entanto impossível ombrear com aquele prato. O vinho elevou-o, e era isso, apenas isso que se pedia ao Soalheiro.

Restaurante Ferrugem

 O restaurante encontra-se bem alicerçado num espaço com conforto aconchegante, requinte mas sem grandes exageros, bom gosto e tranquilidade, muita tranquilidade. Provoca aquela sensação de paragem do tempo, onde tudo abranda, acalma e ganha sentido, ou melhor, sentidos.

Restaurante Ferrugem

 E por falar em conforto, um bom exemplo do mesmo, em forma de snack, é o gelado de outono, com polvo panado, maionese de alho, areia de cebola (cebola desidratada) e camarão da costa crocante. O polvo envolve-se com a maionese de alho de uma maneira espectacular enquanto que o camarão da costa se assume quase como se fosse uma redução de marisco estaladiça. Um jogo de texturas e sabores muito engraçado e descontraído.

Restaurante Ferrugem

 O caldo verde e a broa de milho tostada com azeite foi acompanhado por um Vinha da Bouça Alvarinho 2015. O aroma a enchidos fazia a ponte entre o caldo e a broa. Cada colher do caldo carregava todo o sabor do típico caldo português, desde a couve até à batata, passando pelo chouriço. Ao fecharmos os olhos não imaginamos que temos à frente uma versão gourmet do caldo verde. Incrível e intenso, o aroma que emanava daquele copo parecia saído de uma panela com o caldo a ser agitado enquanto era preparado. 

Restaurante Ferrugem

 A intensidade do caldo verde implorou pela frescura e mineralidade do Vinha da Bouça, este Alvarinho deu-lhe ainda bom volume de boca e fruta com boa pujança aromática. É um vinho que engana no nariz, demasiado discreto, mas cresce imenso na boca, ganhando complexidade, harmonia e profundidade. Uma excelente harmonização, que não era nada óbvia. 

Restaurante Ferrugem

A amena cavaqueira com o Renato continuou acerca de cultura, território e pessoas, e em como a gastronomia pode unir num prato os fragmentos que retratam a identidade histórica da tradição portuguesa. Para além de cozinheiro é também enófilo e isso nota-se bastante, quer na conversa, quer na harmonização entre vinhos e gastronomia que promove no Ferrugem. Às duas por três, estávamos na cozinha, enquanto preparava  atum rabilho com jus de cebola, cebolinha, raspas de butarga e vinagre de mel

Restaurante Ferrugem

Um prato de contrastes que se equilibram. A doçura e acidez do jus, da cebolinha e do vinagre equilibram a gordura inacreditavelmente deliciosa do atum. A butarga "tempera" o prato com fumo e sal de uma maneira muito delicada. É com criações como esta que deixamos de comer e passamos a falar com a comida. Sei que já falei dela mas a gordura deste atum é qualquer coisa de extraordinária, quase que parecia que tinha azeite aveludado e enriquecido  por aromas marinhos. Essa gordura estava protegida por uma camada crocante que aprisionava no seu interior mais uma explosão de sabores. O atum que deu origem a este prato deveria custar por volta de 3000 euros. Para fazer meio litro de jus de cebola são necessários mais de 20 kg de cebola e várias horas de confecção. É preciso dizer mais alguma coisa relativamente à exigência do Renato?

Restaurante Ferrugem

 O Bacalhau chegou  com todos. Creme de grão de bico , pasta de azeitonas, açafroa dos Açores e beterraba em pickles, rebentos de ervilha, ovo de codorniz e carpaccio de bacalhau muito bem cortado em pequenas lascas. Uma salada fria, rústica no palato e elegante quando pintada no prato. Por incrível que pareça, consegue transmitir a frio, sabores que normalmente nos chegam a quente. Com a disposição dos diferentes elementos no prato cria uma certa noção de movimento. Mais uma vez a intensidade e densidade de fragrâncias é incrivelmente rica.

Restaurante Ferrugem

A riqueza continuou com um peixe-galo com à Brás de espargos, coentros e fígado de tamboril. O à Brás parece um risotto sem arroz, muito untuoso e fresco. A mesma untuosidade é transportada pelo fígado de tamboril para o peixe (cozinhado no ponto), realçando ainda o seu sabor a mar. Provado em conjunto é um prato muito dinâmico que provoca uma roda viva de sabores. Inquietante...

Antes da carne foi servido um corta sabores de amêndoa amarga e limão, refrescante e divertido.

Restaurante Ferrugem

O prato de carne foi uma bela de uma posta de boi maturado (21 dias), puré de cenoura assada, batatinha, espargo, boletos, courgette e pickle de couve flor. A carne com uma textura incrivel estava muito saborosa, harmoniosa e rica. Provado o conjunto tinha como consequência a activação de todo o palato, tal como tinha acontecido com o carabineiro, mas de uma maneira menos explosiva e mais elegante. É um prato vintage para ser apreciado devagar, com atenção e dialogando com um vinho com boa madeira, frescura  e fruta madura como o Julian Reynolds Reserva 2011. 

Restaurante Ferrugem

  Como sobremesa a proposta foi um tributo ao abade de Priscos v. 4.0 com gelado da mousse do famoso pudim servido num refrescante e excêntrico copo de gelo. O pudim é triturado e mais tarde passa pelo sifão. Em gelado e servido naquele copo resolve um dos problemas (se é que o pudim abade de Priscos tem algum) desta sobremesa, um ligeiro excesso de doçura. Fica mais fresco, mais apurado, mais fino, mais requintado ... mais Ferrugem. Convém realçar que esta finesse adicional não retira em nada a concentração de sabor do pudim. É guloso, fresco e respeita a tradição. 

Restaurante Ferrugem

 Cresceu ainda através da harmonização com o  mel, alperce, frutos secos e excelente acidez do Moscatel Roxo de Setúbal colecção privada de Domingos Soares Franco 1997. Este, para mim, foi o melhor prato da noite e que exemplifica a cozinha do Renato. Intensa, saborosa, complexa, com personalidade, profundidade, alcance e um toque de romantismo. Um prato que para além de pudim leva inspiração, dedicação e expressão.  Ainda a respeito da casa vazia, Marco Pierre White defende que um chefe que ganhe duas ou três estrelas Michelin tem de que estar na cozinha todas as noites. Isso é ser responsável perante a honra com que se foi agraciado. O Renato esteve no restaurante numa noite fria de um dia feriado, com a sua equipa, exactamente por uma questão de honra.

Restaurante Ferrugem

Todos os pratos do chefe (e especialmente este pudim), têm mais um ingrediente, uma ligeira turbulência no palato e também na estética. É como se as suas criações praticamente “falassem” sobre o que estava a sentir e pensar aquando da sua confecção. Quase como se fosse um artista pós-impressionista ou pré-expressionista, quase como se fosse um pintor, quase como se fosse Vincent van Gogh. E por falar em van Gogh, uma das suas obras mais conhecidas é a "Noite Estrelada". Espero sinceramente que essa coincidência seja um bom prenúncio ;-)

 

É o segundo restaurante que visitei este ano (a par do Porta de André Silva) que acho que merece a estreia na lista dos restaurantes premiados com uma estrela Michelin. Muito por culpa de ter saído do Ferrugem atordoado com essa turbulência degustativa e doente de saudade :-P

Parabéns e obrigado Renato.

Christmas Wine Experience do The Yeatman | Os sinos que ainda tocam

"Há uns anos, a maioria dos meus amigos ainda ouvia o sino. Mas, com o passar dos anos, ficou em silêncio para todos eles. Até mesmo a Sarah num Natal deixou de ouvir o seu som doce. Embora eu tenha envelhecido, o sino ainda toca para mim ... como acontece com todos os que realmente acreditam." Tom Hanks, O expresso polar

Christmas Wine Experience 2017

 Jingle bells, jingle bells, iingle all the way oh, what fun it is to ride. In a one horse open sleigh. Jingle bells, jingle bells, Jingle all the way, oh, what fun it is to ride In a one horse open sleigh :-P

E para aqueles que realmente acreditam está quase a chegar aquela altura do ano em que voltamos a ver crianças, ou melhor, a altura em que não parece mal que sejamos crianças, o Natal. Para mim os sinais que o Natal está a chegar são 3, a saber:

- O anúncio de Natal da John Lewis (ainda deve demorar um mês);

- O anúncio das estrelas Michelin e TOP 100 da WineSpectator (também ainda tarda);

- O anúncio do Christmas Wine Experience do The Yeatman.

Christmas Wine Experience 2016

 E um deles meus amigos, já chegou, por isso 33.33% de nós já pode começar a celebrar o Natal :-P É com agrado que vos digo que o evento vínico mais exclusivo de Portugal está de regresso ao The Yeatman e, nos dias 1 e 2 de dezembro, apresenta as suas novidades. O Christmas Wine Experience inaugura a época natalícia com a oportunidade de provar mais de 100 dos melhores vinhos do país.

 Christmas Wine Experience do The Yeatman

  Nesta 7ª edição do Christmas Wine Experience, quem visitar o evento poderá conhecer, provar e tomar notas sobre mais de uma centena de vinhos, bem como aproveitar para escolher os seus preferidos para as festas de Natal. A grande novidade deste ano são os Workshops que decorrerão simultaneamente durante o evento. Neste Workshop de Introdução à Prova de Vinhos, Elisabete Fernandes, Head Sommelier do The Yeatman, vai orientar os participantes sobre as etapas da prova do vinho, desde a forma de segurar o copo até ao apontamento de notas de prova.

 Christmas Wine Experience do The Yeatman

 Limitado a 30 participantes, este workshop acontece nos dois dias do evento, às 15h30, e tem o custo de 10€ por pessoa. Já a Masterclass Decanter World Wine Awards vai ser guiada por Beatriz Machado, Diretora de Vinhos do Grupo The Fladgate Partnership, numa viagem aos Decanter World Wine Awards. Nesta Masterclass exclusiva, também a 1 e 2 de dezembro, às 17h, será abordado o processo de avaliação dos vinhos pontuados nestes prémios em 2017, com limite a 50 participantes e custo de 20€. Ambas as formações requerem inscrição prévia através do email events@theyeatman.com. 

Christmas Wine Experience 2016

 

No entanto, sendo este evento uma referência nacional para os produtores vínicos, todos os visitantes poderão ainda conversar pessoalmente com os enólogos presentes, bem como provar as deliciosas harmonizações gastronómicas entre os vinhos e os petiscos do Chefe Ricardo Costa.

Para finalizar a visita da melhor forma, visite o Bazar de Natal onde, para além dos vinhos em prova, encontrarão outros fantásticos presentes natalícios para os seus familiares ou amigos.

Christmas Wine Experience 2016

Beatriz Machado, Diretora de Vinhos do grupo The Fladgate Partnership, salienta que “O Christmas Wine Experience é o evento vínico perfeito para entrar em contacto direto com os melhores produtores de vinho nacionais e, ao mesmo tempo, escolher os vinhos para as festas de Natal. Os apreciadores poderão conversar pessoalmente com os nossos parceiros vínicos que aproveitam esta data para apresentar os vinhos mais premium do seu catálogo.”

Christmas Wine Experience 2017

 Para as reservas até dia 12 de novembro, o bilhete diário tem o custo de 45€ por pessoa, passando a 50€ após essa data. Os grupos a partir de 8 pessoas beneficiam do preço diário de 45€ por pessoa até à data do evento, sujeito a disponibilidade. Para quem quiser atender aos dois dias, o preço do bilhete é 70€ por pessoa.

Apareçam e descubram se ainda ouvem os sinos de Natal enquanto bebem um copo de bom vinho, e já agora, bom Natal!!! :-P

Sushisan Porto | Quando a alma não é pequena

"Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. A vida ocupa-se de ser só o que é. Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedades nos jasmins. Cumprem o destino de florirem ao seu tempo e de se despedirem do viço quando é chegada a hora. São simples." Fábio de Melo

 Sushisan Porto

Tudo o que é de qualidade tem de ser caro e complicado? Nem sempre...

Esta pergunta surge a propósito da minha visita ao Sushisan e é também uma resposta simpática (sem qualquer tipo de provocação :-P) a alguns de vocês, que me acusam de visitar sítios muito caros e que a maior parte das pessoas não tem a possibilidade de visitar. Porque tal como num jardim, o bom e o bonito, não necessita de ser complexo e dispendioso.

 Sushisan PortoA marca Sushisan iniciou a sua actividade em 2009 com a abertura do primeiro espaço em Sintra. Tendo o seu conceito sido um sucesso, a expansão para a zona central de Lisboa foi o passo seguinte para a abertura de novos espaços: em 2012 na zona do Príncipe Real e Parque das Nações, em 2015 na zona do Saldanha e em 2016 na zona do Cais Sodré, no Porto e em Almada. 

 Sushisan Porto

O espaço do Porto situa-se na Rua Dr. Emílio Peres, perpendicular à Avenida da Boavista, perto da rotunda, num local calmo e bastante central. À nossa espera (como vem sendo hábito fui com as minhas duas princesas) tínhamos uma flor e uma sopa Miso Shiru com algas, peixe e cebolinho. A introdução do miso, feito a partir da fermentação de arroz, cevada e soja com sal, dá à sopa caracter, riqueza e orientalidade. Carregada de sabor e densidade, esta é também um comida de conforto, em que devemos colocar a colher de lado e beber directamente da malga.

 Sushisan Porto

Seguiu-se o rodízio gourmet - all sushi you can eat - com uma infindável quantidade se sushi e sashimi. Quantidade neste género de espaços costuma significar uma de duas coisas; ou a qualidade é sacrificada ou o preço é elevado.

Comecemos pela qualidade,  no Sushisan Porto  faz-se um upgrade às técnicas ancestrais e aos ingredientes mais tradicionais do Sushi para criar sabores únicos e inesperados, marca indelével do compromisso do Sushisan com a satisfação dos clientes.

 Sushisan Porto

Destaco-vos o salmão deliciosamente salgado, picante, com uma mistura de mar e fumo, quase como se estivéssemos numa manhã de nevoeiro, à beira mar, junto a uma fogueira. É realmente muito bom. Para os que ainda se estão a iniciar nisto do sushi, há uma fusão com o queijo Filadélfia, com a cebola tostada e até com os frutos secos. Isto permite que se vá abraçando os sabores orientais, mas (ainda) de olhos postos no conforto ocidental. 

 Sushisan Porto

Com o tempo irão ver que esse abraço se vai tornar cada vez mais intenso, e o medo de deixar o conhecido ou cómodo deixa de existir.  O Sushisan Porto é o local ideal para essa transição. Permite iniciação mas também permite que nos apaixonemos pela comida tradicionalmente oriental.   O vinho que acompanhou a refeição foi um Duas Quintas Branco 2016. 

 Sushisan Porto

 Límpido e brilhante é um vinho onde os aromas a acácia, citrinos, pêssegos, peras maduras e pimenta preta abundam. No palato mostra bom corpo, é elegante, fino, harmonioso e com uma excelente acidez. É essa acidez que permite um casamento muito feliz com o sushi. 

 Sushisan Porto

As peças de sashimi e sushi que vão saindo para a mesa são sempre diferentes neste rodízio (outra marca diferenciadora desta casa) de modo a que os clientes tenham uma visão mais abrangente possível. Gostei também muito dos hot roll, sushi empanado, que deu uma textura deliciosamente crocante às peças mas que não os deixou desmaiado gordurosos. 

 Sushisan Porto

O Gunkan de Salmão, atum e cebolinho é muito espirituoso, com uma textura amanteigada, quase oleosa e com um sabor fresco ousado e apetecível. O final voluptuoso é bastante agradável. A mistura dos peixes é inefavelmente deliciosa e complementar.  A introdução de um "ovo de maracujá" e cebolinho noutro hot roll é uma das coisas deliciosamente simples que vou guardar desta minha visita.

 Sushisan Porto

Antes das sobremesas, mais um par (que neste caso são 3 :-P) de bons exemplos do sushi de fusão, com aposta em produtos sublimes,  frescos e numa confecção de excelência, feita no momento. Uramakis com queijo derretido, gunkams com noz e uramakis com salmão e ananás dos Açores. Tão bons quanto inesperados!!!

E o preço desta viagem gastronómica riquíssima? Inacreditavelmente baixo. Tudo o que é de qualidade tem de ser caro e complicado? No Sushisan Porto não.

 Sushisan Porto

Enquanto conversava com o proprietário Carlos Guerra foi isso mesmo que ele me transmitiu. Quer que ali seja servido bom sushi (para os que já adoram e para os que se estão a iniciar), com ingredientes de excelente qualidade, num espaço tranquilo e funcional, e a um preço que não impossibilite as pessoas de o provarem. Não é fácil encontramos um dono, que tendo uma casa que é assente em preços baixos, prefira fechar o restaurante a baixar a qualidade ou a exigência. Isso é a melhor garantia de determinação que se pode dar.

 Sushisan Porto

Depois a simpática Jo Herrera surgiu com as sobremesas; tentasan com mousse de chocolate, creme mascarpone, gelado de sésamo e amêndoas caramelizadas (o gelado apetece trincar :-P) e morangos san com morangos salteados com com gengibre e brandy acompanhado com menta e gelado que provoca um contraste de sensações. Duas pontes em forma de sobremesa entre o ocidente e o oriente, cujos denominadores comuns são a intensidade de sabor, frescura e toques de surpresa no palato. 

 Sushisan Porto

 Fernando Pessoa escreveu através de Caeiro que da aldeia dele se podia ver do Universo, e que por isso a aldeia dele era tão grande como outra terra qualquer, concluindo dizendo que era do tamanho do que via e não do tamanho da sua altura...

 Assim é o  Sushisan Porto, não do tamanho dos preços que pratica mas do tamanho da alma abnegadora do seu dono. Parabéns e tal como as flores do jardim de Fábio de Melo, não se preocupem a ser o que não são, pois o que já são, deixou-me conquistado.

 

 Carlos Guerra e Sofia Sousa peço desculpa pelo atraso na publicação, mas não queria que este fosse "apenas" mais um texto.

Cozinha da Clara | Castanha dá mote a “menu de conforto”

Cozinha da Clara | Castanha dá mote a “menu de conforto” Depois do tomate coração de boi, em Agosto, e da uva, em Setembro, o restaurante Cozinha da Clara –situado às portas da Quinta de la Rosa, propriedade à beira rio Douro, no Pinhão – aposta na castanha, apresentando um “menu” para Novembro, mês em que se celebra o São Martinho e época por excelência deste que é o fruto que nasce no interior do ouriço do castanheiro.

Cozinha da Clara | Castanha dá mote a “menu de conforto” Esta foi a fórmula encontrada pelo chefe Pedro Cardoso para atiçar o apetite dos apreciadores de um fruto que pede comida de conforto, fazendo jus à letra de “O Homem das Castanhas”, do fadista Carlos do Carmo: “quem quer quentes e boas, quentinhas?”.

Cozinha da Clara | Castanha dá mote a “menu de conforto” O melhor é voltar atrás no tempo para destacar a importância da castanha à refeição. Antes da chegada da batata ao país, aquando dos Descobrimentos, o povo português alimentava-se do que a terra lhe dava, em harmonia com o que hoje chamamos de sazonalidade.

Cozinha da Clara | Castanha dá mote a “menu de conforto” É esse mesmo respeito que o chefe Pedro Cardoso quer enaltecer no Cozinha da Clara. Por isso, para Novembro, preparou um menu completo, composto por amuse bouche, ‘creme de castanha, cogumelos e queijo da ilha’, ‘cachaço de porco com feijocas e castanhas glaciadas’ e ‘pudim de castanha e vinho do Porto, com gelado de lúcia-lima’. O preço do ‘Menu Castanha’ é de €35,00, sem vinhos, e de €45,00, com suplemento de vinhos da Quinta de la Rosa.

Cozinha da Clara - Parfait de leite creme queimado E por falar no néctar da Quinta de la Rosa, como manda a tradição, “no Dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho”. O convite é lançado por Sophia Bergqvist, pois não há nada melhor do que o seu ramalhete vínico para harmonizar com os pratos feitos a partir da castanha, para confortar o estômago nos dias frios do Inverno.

 

Cozinha da Clara . Quinta de la Rosa

Morada: Quinta de la Rosa, 215 . 5085- 201 Pinhão

Telefone: 254 732 254

E-mail: cozinhadaclara@quintadelarosa.com

Horários: 13h00 às 15h00 (almoço) + 15h00 às 18h00 (tapas) + 19h00 às 22h00 (jantar)

Capacidade da Sala: 50 lugares (sala interior) + 20 lugares (terraço)

Menu da Castanha: €35,00 ou €45,00 (com suplemento de vinhos) . por pessoa e com IVA

Quinta Nova N. S. do Carmo | Sabedoria, tradição e tarte da madrinha

"Há pensamentos que são orações. Há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos." Victor Hugo

 

 Se existisse uma expressão capaz de definir a Quinta Nova N. S. do Carmo, essa expressão seria: "Em paz, com a natureza e longe de tudo".

Quinta Nova N. S. do Carmo  Este é o sentimento que veio à minha mente quando percorri a estrada nacional 222, atravessei o Douro, no Pinhão e percorri durante quase uma hora a estrada municipal 1268. Essa é a estrada serpenteante que vemos do outro lado do rio quando percorremos a 222. A viagem poderia ter demorado um pouco menos, mas o cenário é de tal forma apaixonante, que mais vale colocar o pé no travão e acelerar na emoção :-P

Quinta Nova N. S. do Carmo | Douro No entanto, o melhor ainda estava para vir...

São quase três séculos de história na produção de vinhos (Douro e Porto), e um premiado projecto de Enoturismo que inclui uma Winery House e um Winery Restaurant, o Conceitus.

A quinta ainda exibe com orgulho as fachadas bem conservadas e o edifício original da adega de 1764, após intervenções levadas a cabo pelo arquitecto Arnaldo Barbosa. 

Quinta Nova N. S. do Carmo Susana Pinho, a nossa cativante guia informou-nos que no entanto a quinta é muito anterior esse ano e que os dados históricos confirmam-na como pertencente à Casa Real Portuguesa. Os registos do seu primeiro dono datam de 1725. A adega da quinta produzia mais de 3.500 pipas de vinho, a partir de uvas próprias e outras compradas a quintas vizinhas, tendo sido logo integrada na primeira demarcação da região. Quando hoje, percorremos os seus meandros, respiramos imediatamente a forte memória histórica que os mesmos encerram.

Quinta Nova N. S. do Carmo Por ser tão antiga, a história desta quinta é construída por várias famílias, quase todas de origem portuguesa. Em 1999 a família Amorim (a das rolhas de cortiça :-P) compra-a em resultado de um namoro antigo e fruto da sua paixão pelo Douro. Assim nasce uma nova página nesta bonita história. História essa que passa a estar intimamente ligada a uma aposta na tradição optimizada pela sabedoria moderna. Com tamanha e encantadora lição de história, o estomago já se estava a fazer ouvir falar, e quem me conhece, sabe que por vezes ele fala bem alto :-P 

Quinta Nova N. S. do Carmo Era a altura ideal para conhecer o Conceitus Winery Restaurant que como o seu nome indica assenta a sua gastronomia em vários conceitos, todos eles em perfeita harmonia com os vinhos da propriedade. Diariamente são apresentados menus exclusivos e originais, de acordo com o que a natureza oferece, assumindo um forte cariz de sustentabilidade e preservando os recursos alimentares locais, seleccionando sempre os melhores produtos da época.

Quinta Nova N. S. do Carmo Havia a possibilidade de almoçar dentro do restaurante ou então no terraço exterior sob a sombra de uma ramada. Dados os 35ºC que faziam ao almoço e de estarmos com a princesa Beatriz, optamos por almoçar na sala principal do restaurante protegidos desse calor abrasador. 

Quinta Nova N. S. do Carmo Como boas-vindas do chefe Rui Frutuoso tivemos manteiga, salmão, ananás, polvo e orelha de porco. O salmão com ananás é perfeito para um dia como aquele. Refrescante,  a acidez do ananás dá um sabor brilhante ao salmão. Isso, juntamente com a cebola ajuda realmente a emulsionar as gorduras essenciais que estão no salmão. 

Quinta Nova N. S. do Carmo

O polvo e a orelha de porco estavam fantásticos ao nível do sabor e textura, respeitando a cozinha tradicional portuguesa.  A gordura do salmão, porco e polvo combinaram muito bem com a manga, maracujá, mineralidade e untuosidade do Pomares Branco 2016. Surpreendeu-me muito a persistência deste "entrada de gama".

Quinta Nova N. S. do Carmo Seguiu-se uma truta fumada com abacate, cebola roxa confitada e tomate cherry assado. Tem uma mistura equilibrada e muito engraçada de ingredientes frescos e bem vincados. A mordida da cebola roxa confitada é subjugada pela acidez do tomate e do azeite, enquanto o abacate aumenta a cremosidade amanteigada que complementa o fumo da truta.

Quinta Nova N. S. do Carmo Quando coloquei o nariz no Graínha Reserva 2016 e me apareceram  imediatamente o pêssego, a ameixa e o alperce, vi logo que este vinho ia fazer as delicias da minha esposa. Dito e feito :-P Tal como no Pomares a mineralidade e aromas tropicais deste vinho são bem evidentes, no entanto é mais elegante, complexo e harmonioso.  É um vinho fervorosamente delicado e com uma viscosidade apaixonante. Confesso, também eu gostei, e muito :-P

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo O prato principal seria perna de pato, puré de batata doce, espargos verdes, laranja com mel e vinho do porto. O pato estava tão macio que caiu do osso e a sua gordura foi equilibrada pelas ervas e especiarias usadas na confecção. A acção conjunta dos espargos, laranja e vinho do Porto realçam os sabores primários da carne, que são completados pela voluptuosidade quase carnal do puré de batata doce. Todo o prato em conjunto faz muito sentido, fica suculento e saboroso, com os sucos a completarem e a envolverem os acompanhamentos.

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Pedia-se um vinho com uma excelente acidez, e surgiu na mesa o Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Reserva 2014. Mas que grande vinho rubi com pinceladas violetas. Acrescentou ao pato amora, cereja, mirtilos, tosta, noz moscada, pimenta e cedro. É denso, voluptuoso, com grande equilíbrio e macio. 

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo No entanto, este carácter sedoso não cansa pois é balanceado pela força dos taninos. Bastante longo e com uma dança harmoniosa muito interessante entre açúcar, acidez, taninos e álcool. É impossível ficarmos indiferentes a este vinho, tomado na casa que o viu nascer. 

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Para acalmar o estômago e sobretudo o palato foi servido uma infusão de vinha muito agradável e com uns taninos e acidez verdadeiramente surpreendentes. A sobremesa iria ser tarte tatin de pêra rocha, creme de baunilha e gelado de nata. 

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Fez-me imediatamente relembrar umas tartes de pêra que a minha madrinha costumava fazer para a ceia de Natal. Este "puxar" por recordações antigas é uma das coisas mais bonitas que podemos sentir à mesa. Voltei a sentir aquele cheiro inebriante do brandy, que absorve os frutos enquanto eles cozinham. Cheiro a brandy e aos presentes à espera de serem abertos :P

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo As outras memórias em forma de aroma também lá estavam. O incrível sabor da fruta, a base crocante, as peras firmes e suculentas e aquela cobertura de caramelo doce e amanteigado, que segura e harmoniza toda a sobremesa. Delicioso!!! A tarte foi acompanhada por um Quinta Nova Late Bottled Vintage 2013

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Com uma cor rubi profunda, é complexo, notas de amoras e mirtilos maduros, bagas, alcaçuz, rosas e notas balsâmicas. Na boca revela um volume enorme, uma estrutura forte, delicadeza, intensidade e profundidade. Com um impressionante equilíbrio entre doçura,fruta, acidez e álcool, não só acompanhou bem a tarte como também uma óptima selecção de queijos portugueses e frutos secos.

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Acaba suave, certeiro e muito persistente. Persistência essa que foi presença continua em todos os vinhos que provei neste almoço. Um final em grande para uma maravilhosa refeição marcada com os sabores indeléveis da região duriense.  

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Para além do restaurante e de se poder aproveitar a sinergia da natureza para relaxar, a Quinta Nova N. S. do Carmo tem várias actividades em torno do vinho, como degustações de vinhos, percursos pedestres, visitas à adega para perceber o processo de produção de vinhos e ainda um museu criado por Fernanda Ramos Amorim que procurou desta forma preservar a memórias das gentes,  saberes e ofícios do Douro.

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Como já vos tinha dito, possui ainda uma Luxury Wine House com apenas 11 quartos voltados para a vinha e para o rio Douro, confortáveis e com bom gosto na decoração e em plena harmonia com a natureza. Nasceu no edifício da casa senhorial oitocentista e oferece todo o bom estar "caseirinho" de uma quinta familiar com os requintes e mimos que os nossos dias exigem :P

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Entre vinhas, jardins e terraços, podemos ainda perdemo-nos numa paisagem parada no tempo, com uma capela, um jardim de inverno ou simplesmente a sentir o aroma de pequenos pomares de frutas, locais históricos e recantos únicos, dignos de uma visita bem demorada e sem pressas.

É um convite à verdadeira experiência do espírito do Vale do Douro, numa paisagem de cortar a respiração!!!

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Tem ainda uma piscina com vista para o majestoso vale do Douro, abraçando as vinhas que percorrem uma paisagem acidentada e pedregosa até chegarem ao rio. Os materiais utilizados para as escadas, passarelas e outros, são pedras e madeiras indígenas.

Com pouca e ponderada intervenção na quinta, a construção acabou por assentar num espaço, terreno e pedras antigas.

Quinta Nova N. S. do Carmo Equilibrio, elegancia e caractér são palavras que caracterizam bem o compromisso que esta quinta mantém com a memória do seu passado.  Há momentos que por serem tão especiais e marcantes, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos. Foi assim que me senti na Quinta Nova N. S. do Carmo. A visita foi no verão, mas lá, cheirei o Natal...

 

Obrigado pelo convite Paula Sousa.

 

Wine Fest 2017 Porto | Imperdível

Wine Fest 2017 Porto

Elogiar o vinho e as pessoas que adoram esta bebida, fruto da natureza e do saber do Homem, é o grande objetivo do WINE FEST 2017 PORTO, e para grande alegria de todos quantos gostam de vinho, o evento regressa ao Salão Nobre do edifício da Alfândega do Porto, no dia 18 de novembro. Assim, entre as 15h00 e as 20h00, estarão em prova vinhos de 30 produtores, criteriosamente selecionadas por Luís Gradíssimo, organizador e fundador do Wine Club Portugal. Serão mais de 300 vinhos em prova, marcas icónicas, que representam o melhor que se faz em Portugal. Mas ainda há mais: três “Provas Especiais” verdadeiramente únicas e imperdíveis! Estas provas estão limitadas a 25 lugares, cada.

Wine Fest 2017 Porto

 

Casa da Passarella - 125 Anos de História” será a primeira “Prova Especial” e começa às 15H30. Uma prova vertical dos vinhos referência da Casa da Passarella - Villa Oliveira, na região do Dão. Será um momento histórico, uma prova rara conduzida pelo enólogo Paulo Nunes, que culminará com a apresentação de duas novas edições especiais: Villa Oliveira 125 Anos de História e Villa Oliveira Rótulo Preto - 1ª Edição.

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Às 17h00 é a vez de “Os segredos de Joaquim Arnaud”. A oportunidade perfeita para provar o passado, presente e futuro dos vinhos produzidos por Joaquim Arnaud, de Pavia, no Alentejo, compreender a filosofia que o move, conhecer as suas referências de topo, vinhos de baixíssima produção que refletem o terroir, entre novidades e raridades que já não estão disponíveis no mercado.

Wine Fest 2017 Porto

Por fim, às 18h30, realiza-se a prova “Horácio Simões – Uma história à volta do Moscatel Roxo”, uma das castas emblemáticas de Portugal e, em particular, da Casa Agrícola Horácio Simões, na Península de Setúbal. Será uma extraordinária viagem pelo tempo, começando pela seleção de fortificados da década de 70 e até à atualidade, incluindo alguns exemplares da coleção privada da família. 

Wine Fest 2017 Porto

Provar raridades, conhecer as novas colheitas, conversar e aprender com produtores e enólogos, é o mote das centenas de pessoas que se irão reunir no dia 18 de novembro, no WINE FEST 2017 PORTO, ali mesmo ao lado do rio Douro. Os bilhetes já estão disponíveis na Ticketline, on-line e nos locais habituais como Fnac, Worten, El Corte Inglés ou Agências Abreu, por exemplo. A entrada no evento tem o valor de 10€, o bilhete com acesso a cada uma das “Provas Especiais” custa 20€ e o há um Pack Enófilo, para verdadeiros apreciadores, que inclui o acesso às três “Provas Especiais” pelo valor de 50€.

Restaurante Rabelo - Vintage House Hotel | Alma e coração eternos pela harmonia

 "Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo." José Saramago

 

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

Uma das coisas mais apaixonantes da vida é a alegria que sentimos ao descobrir um lugar onde sabemos que vamos ser felizes.  A saudade de um sítio que nunca estivemos e que desperta em nós um sentimento de pertença.

No coração do alto Douro vinhateiro, no Pinhão, o Vintage House Hotel é um desses lugares. O programa inicial era de apenas visitar o Restaurante Rabelo, acabamos por conhecer o Hotel também.  

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 No Rabelo fomos recebidos pelo amabilíssimo João Pinho que nos deu as boas vindas em forma de Bolinho de queijo dos Açores e bolacha acompanhado pela secura, fruta e carvalho do Taylors Chip Dry Port.  O bolinho parecia assente numa espécie de queijo reduzido, muito concentrado. É salgado, intenso, cremoso e fresco.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Seguiu-se a ceviche de salmão e salmão braseado. Duas texturas de salmão que se complementam e conquistam complexidade cruzada. Harmonioso e muito intenso, prepara o palato e prolonga os sentidos. Adorei a ideia das caixas de Petri que protegiam flores e apresentavam sabores. Iniciou-se então uma afável conversa...

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Acho que esta iria ser a refeição em que mais falei de vinhos. Muito por culpa do João :-P Para o salmão escolheu o Piano Reserva 2016. Com maçã, pêra, pitaia, maracujá e barrica, este Piano assenta em composições complexas de notas minerais e tosta. A fruta e mineralidade enobreceram a gordura e riqueza aromática do salmão. É isto, "simplesmente isto", que se pretende numa harmonização. Este vinho é tão longo, elegante e intrigante que brilharia também a solo.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 O almoço decorreu na esplanada do restaurante, sobre o Pinhão, num ambiente clássico e requintado. Com uma vista deslumbrante sobre o rio Douro, as iguarias são servidas numa "cabana gastronómica" protegida por árvores, ramadas de vinha e vegetação. Enquanto ouvia o Piano...

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Surge na mesa a Vieira, creme de abobora, redução de espumante, presunto e caviar. O creme de abóbora continha canela mas o caviar não o tornava enjoativo. Há uma fusão muito engraçada entre os sabores da terra, do mar ... e da vinha :P 

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

  O gosto a peixe é embalado pelo creme de abobora e redução de espumante, enquanto que o presunto e o caviar provocam explosões degustativas que perturbam esta aparente "serenidade". É um prato de contrastes e é simplesmente ... óptimo!!!

 A escolha do tinto que iria acompanhar os pratos principais foi bastante peculiar.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 A primeira opção foi o Pomares Tinto Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo 2014, como já conhecíamos este vinho,  o João foi à garrafeira buscar outro. A opção seguinte foi o Quinta do Passadouro 2012. Não servia porque também já o tínhamos provado. A derradeira opção foi o Quinta Vale do Bragão Reserva 2013, ufa... :-P

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Iria acompanhar dois pratos, mostrando a versatilidade do vinho e a mestria da harmonização. O primeiro, bacalhau confitado a baixa temperatura, puré de grão de bico, microcebola e molho de carne. Bacalhau TOP, molho TOP. Fazem sentido em conjunto. 

O sabor a mar inspirador do bacalhau entra-nos  pelo palato a dentro e fixa-se nos rochedos da nossa alma. Cozinhado no ponto e com os acompanhamentos bem pensados provoca uma erupção de texturas, influências e sabores.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

O molho de carne fez a ponte perfeita para os morangos, cerejas, amoras, ameixa e tosta deliciosa do Quinta Vale do Bragão Reserva 2013. As vinhas velhas originaram fruta muito madura, quase em compota, taninos robustos e uma acidez irreverente. Acaba longo, com muita garra, intensidade e persistência.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

Depois, o meu prato favorito deste almoço à beira Douro apreciado:  Magret de pato, crocante na gordura exterior e saboroso na carne interior. Muito rico, suculento e saboroso. Os taninos do vinho formam um íman para a deliciosa gordura do magret que foi equilibrada pela distinta acidez. Um prato que apenas fica completo com o vinho, um vinho que necessita de um prato como este pato para se realizar completamente.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Este foi um almoço em que a Bia desfrutou do Rabelo quase tanto como os papás. Enquanto apreciávamos estes pratos deliciosos e vinhos inspiradores a pequena princesa ia alegrando as mesas vizinhas com as suas gargalhadas e cantorias. Os totozinhos fizeram sucesso :-P É bom ver que já nutre a mesma paixão pelo Douro...

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 O vinho que acompanhou a sobremesa é presença assídua na mesa de Natal do João e nas trocas de prendas com o seu irmão. Um Late Bottled Vintage Fonseca Unfiltered 2011. Aos habituais aromas a chocolate, cereja, groselha, amora e especiarias, este 2011 acrescenta cassis, eucalipto e menta. O grande ano de 2011 tornou-o mais denso, delicioso e rico. O que lhe falta em frescura ganha em voluptuosidade e volume.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Foi o par ideal para a Sericaia (ovos e canela), amora, mirtilos, framboesa e gelado de baunilha. As frutas do vinho e sobremesa fundiram-se de maneira muito sedutora. A sua confecção, a sua origem, o seu sabor rico e complexo, o toque de canela e a textura macia desta sobremesa dotam-na de alma e coração em forma de doce. 

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Com este menu desenhado pelo duas estrelas Michelin Ricardo Costa, o chefe João Santos dignificou as tradições gastronómicas da região, dando a conhecer os produtos locais e as receitas típicas do Douro, oferecendo aqueles que são apelidados de “os melhores sabores do Douro”. 

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Com o almoço ainda entre a alma e o coração, tivemos a oportunidade de conhecer o Hotel. Beatriz Garcia, a gerente do Vintage House, informou-nos que ali os dias começam com um pequeno-almoço buffet no salão do rio, onde pode deixar-se encantar pela vista do rio Douro.

Restaurante Rabelo - Vintage House Hotel

Além de usufruir de um refúgio confortável e sofisticado num cenário de “cortar” a respiração, os hóspedes têm várias actividades à sua espera, como caminhadas pelas colinas do Douro, provas de vinho na Quinta da Roêda ou um mergulho na piscina. Mergulho esse bem agradável uma vez que neste dia a temperatura chegou a atingir os 40ºC!!!

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 A vários quilómetros da azáfama das grandes cidades, o Vintage House Hotel é ainda o local ideal para quem precisar de descomprimir do stress diário. Ao final do dia, os visitantes poderão “viajar” pelas páginas de um livro no ambiente acolhedor do Bar Library, enquanto desfrutam da companhia de um bom vinho do Porto.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 Foi edificado sobre uma charmosa casa do século XIX, preservando alguns dos traços, tanto no exterior como no interior, e a decoração foi especialmente pensada para criar uma atmosfera acolhedora e confortável de refúgio campestre. Mas mais do que os serviços do hotel, o Vintage House pretende ser um ponto de partida para descobrir o Douro.

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

 O Douro, esse universo virginal de Miguel Torga, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta. O que o poeta disse do rio, aplico-o também ao Hotel e ao seu restaurante ...

Vintage House Hotel - Restaurante Rabelo

  Há momentos que parecem ficar suspensos. Há outros, como este que hoje vos falei, que se imortalizam na nossa memória. Eterno pela harmonia, pela alma e pelo coração das pessoas que lá encontrei.

É um restaurante fascinante num hotel encantador. Foi dos melhores serviços que encontrei por esse país fora, parabéns a todos, em especial ao João Pinho pela conversa, quase tanto agradável e inebriante, como os vinhos que nos serviste :-P

 Até à próxima!!!


Obrigado Filipa pelo convite ;-)