"Era uma vez ... um bebé que nasceu. A nossa história começa sempre assim. Depois muitas coisas perigosas, maravilhosas, angustiantes, brilhantes, deliciosas e profundas acontecem. No entanto, acreditamos sempre que as reviravoltas mais emocionantes e as melhores histórias ainda estão para vir.  A areia na ampulheta, contudo,  corre sempre de um compartimento para o outro, marcando a passagem dos momentos com algo constante e tangível, independentemente da intensidade com que vivamos cada um desses momentos. Não importa o quão novos ou o quão velhos possamos ser, temos de acreditar nesse tapete brilhante de maravilhas que é a vida, e aproveitar o desenrolar da nossa história." Vera Nazarian

 Esse tapete brilhante que é a vida levou-me mais uma vez em direcção ao Porto para conhecer o Sheraton Porto Hotel & Spa.  Em pleno centro da Invicta, envolvido pelo rebuliço da zona de negócios, assume-se como um espaço de luz, transparências, tranquilidade e onde se pretende que as areias da ampulheta passem um pouco mais devagar.

Rodeado de memórias em forma de árvores centenárias, o Sheraton Porto Hotel & Spa é um local onde a azáfama acalma e os sentidos despertam. Todos os elementos parecem dançar harmoniosamente neste emblemático edifício de 12 andares, onde o seu SPA parece ser a jóia da coroa (já vos vou falar dele um pouco mais à frente).

 Os quartos, foram desenhados à imagem e semelhança do hotel, aliam funcionalidade, bom-gosto e modernidade, num ambiente de open space que os tornam muito confortáveis. Há ainda uma vista panorâmica para a cidade invicta que lhes dá um certo charme.

 Os espaçosos interiores do elegante edifício parecem criar uma bolha, em que toda a azáfama do exterior desaparece e percebemos que o tempo não tem de passar tão depressa. É um verdadeiro refúgio dentro do centro urbano do Porto. A atmosfera íntima, descontraída e charmosa, o serviço com cuidado e uma extrema preocupação pelo detalhe transformam a estadia no Sheraton Porto Hotel & Spa numa experiência única.

  Este mote é levado ao extremo no SPA do Sheraton Porto, onde o corpo e o espírito reencontram o seu equilíbrio. O conceito deste SPA tem por base os sete Pilares da Marriott essenciais para o bem-estar: Beleza, Harmonia, Água, Vitalidade, Equilíbrio, Natureza e Nutrição. 

 O resultado é um espaço com atmosfera cuidadosamente projectada para explorar e despertar todos os sentidos. Possui um ginásio equipado com a mais recente tecnologia e um Estúdio Zen com aulas de Yôga, ABS & Corda, Hidroginástica, Health Stretch, Balance, Core & Corda, Localizada e Pilates.

Dispõe ainda de oito salas de tratamento, incluindo duas suites duplas, especialmente pensadas para a execução de tratamentos através de uma abordagem holística, cuidando do rosto e do corpo sem esquecer o bem-estar interior. Uma experiência inesquecível, na qual acho que relaxei horas, revitalizei dias e rejuvenesci anos :-P

 Já à noite, era chegada a hora de me cruzar com um restaurante surpreendente. Inspirado na alma da cozinha mediterrânica, o Porto Novo pretende ser um embaixador da gastronomia Portuguesa. À chegada fomos recebidos pelo simpaticíssimo Mário Sousa, sommelier do restaurante. Informou-nos que no Wine Cellar é possível desfrutar de uma ementa exclusiva onde podemos contar com um conceito de jantar onde o menu é construído em função de cada vinho, e preparado em harmonia com cada prato.

Entre dois dedos de conversa sobre vinhos, surgiu na mesa a intensidade e riqueza do crocante de caranguejo real com sucos de gengibre e salmonete, a voluptuosidade sedosa do escalope de foie gras, a frescura e delicadeza do sauté de vieira e a cremosidade cítrica do atum em massa filó e caviar.

Foram bem acompanhados pela intensidade aromática do Confradeiro By Sandeman Branco 2013. A fruta tropical, a folha de limoeiro, o caracter seco e boa acidez do vinho fizeram ainda sobressair a frescura marítima do arroz maladrinho de tamboril e camarão com infusão de salsa e cognac.

O peixe, o marisco e o arroz, cozinhados no ponto e como manda a tradição,  absorveram os sabores das cebolas, do alho, do pimento, da salsa , do cognac e das especiarias dando origem a um aroma muito intenso, rico e heterógeniamente equillibrado. Adorei a textura do camarão, a frescura do malandrinho e a untuosidade  do arroz (fez-me pensar num risoto). 

 O vinho escolhido para harmonizar a carne foi o Monte S. Sebastião 2013, um "até então desconhecido", mas que vou querer conversar mais vezes. Mirtilos, amoras e ameixa, violetas, sous-bois, chocolate e café. A sua voluptuosidade, corpo e taninos  casaram na perfeição com a gordura deliciosa da vazia maturada grelhada com ervas aromáticas, batata recheada com queijo da serra e o sabor refinado da perdiz lacada em azeite transmontano, trufa, pudim de brócolo e quinoa preta.

 Ambas as carnes estavam muito saborosas, carregadas de sucos, bem seladas e com uma intensidade aromática excelente. Também gostei muito da irreverência do molho de carne, da elegância que a trufa trouxe à perdiz e dos frutos secos que a quinoa emprestou ao prato. No entanto, aquilo que jamais esquecerei  foram as batatas recheadas com queijo da serra. Pensem numa batata assada no forno a lenha (a minha sogra faz umas espetaculares (;-)) com o recheio derretido de um típico queijo da serra. É o juntar do melhor de dois mundos, incrivel e altamente recomendado. 

 Para finalizar esta surpreendente refeição tivemos bolo de batata-doce com alfazema, pudim de laranja e gengibre com Coulis de queijo creme. Húmido e com o travo ligeiramente adoçicado do creme de queijo Coulis com frutos vermellhos, este bolo estava de comer e chorar por mais. 

A doçura e a alma gulosa do pudim são equilibrados pela acidez da laranja, pela frescura do gengibre e pela classe da esponja de alfazema. O gengibre e a laranja fizeram ainda uma ligação incrivel com o Ramos Pinto Tawny 10 anos, fazendo sobressair as suas especiarias, frutas e baunilha. 

 Antes de subir ao quarto para descansar, ainda tive tempo de mostrar à Bia quais os vinhos que gosto e aqueles pelos quais sou apaixonado. Aquele no canto superior esquerdo pertence à segunda categoria :-P Estou ansioso por poder provar vinhos com ela (tenham calma, não liguem já para a protecção de menores), sei que ainda falta muito tempo e quero muito que ele passe devagar, para aproveitar cada momento. Outras coisas, perigosas, maravilhosas, angustiantes, brilhantes, deliciosas e profundas ainda hão-de acontecer primeiro.

Vera Nazarian, a mesma da citação com que iniciei este texto, defende que o tempo não é personificado por um homem velho de cabelos brancos, mas sim por uma criança rindo. E que se escutarmos com atenção a areia a fluir na ampulheta ouvimos esse riso que embeleza o canto do tempo, fazendo com que cada grão de areia conte. Ouvi esse riso cantante no Sheraton Porto Hotel & Spa. Ou era isso, ou a Bia :-P

Obrigado Ana Margarida Moura pelo convite ;)