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No meu Palato

No meu Palato

Rei dos Leitões | Boas-vindas ao calor

Rei dos Leitões

O septuagenário restaurante Rei dos Leitões, instalado na mítica recta da Mealhada, na Bairrada, e que há dias recebeu, pelo segundo ano consecutivo, um ‘Garfo de Ouro’ atribuído pelo guia Boa Cama Boa Mesa, do Expresso, dá as boas-vindas ao calor com novidades de Primavera. Ao todo, são doze os novos pratos, distribuídos por entradas, opções de peixe, de carne e sobremesas, três em cada item. Muitas outras opções compõem a dinâmica carta do Rei dos Leitões, recheada em comida e em vinhos – conta já com mais de 3.000 referências, numa viagem por Portugal e pelo Mundo vinícola.

Rei dos Leitões

Pratos repletos de inovação na confecção e no empratamento, mas que acima de tudo não renegam às origens, ou não fosse este um restaurante de comida portuguesa. A qualidade do produto e um serviço de excelência são “porta estandarte” da dupla Licínia Ferreira e António Paulo Rodrigues, respectivamente proprietária e gestor do Rei. O chefe Carlos Fernandes e Lídia Ribeiro, responsável pela pastelaria – aka A Doceira do Rei –, são mestres na arte de transformar os produtos, que chegam à mesa repletos de sabor e design gastronómico. É caso para dizer que “os olhos também comem”!

Rei dos Leitões

 Um ano após a grande mudança estética e tecnológica na cozinha, e a criação da Sala do Rei – mais intimista e com acesso directo à cozinha –, chega o momento de partilhar a confecção refinada feita na eclética cozinha do Rei dos Leitões. Afinal, há muito para além do muito cobiçado prato típico da Mealhada – o ‘Leitão assado à moda da Bairrada’ –, até porque os sabores marinhos ditam a diferença e conquistam cada vez mais clientes. Sempre com a tradição de mãos dadas com a contemporaneidade e a elegância no detalhe, características enaltecedoras de um excelente exemplo na restauração em Portugal.

 

Rei dos Leitões

 As entradas de Primavera fazem-se com um brinde ao oceano. Desde ‘Caviar, percebes, salicórnia e aipo’ à combinação inusitada de ‘Carabineiro, abóbora, rabanete e manjericão’, passando pela ‘Vieira, abacate, ouriços e cebolinho’. O chefe voltou a meter o nariz no mar – que a época já pede –, para de lá desencantar três novos pratos de peixe: ‘Rodovalho, lingueirão, tomate e hortelã da ribeira’, ‘Bacalhau, favas, azeitonas e coentros’, e ‘Robalo, agrião, cherovia e rúcula’. O ‘Cabrito com broa, alecrim e maçã bravo de esmolfe’, o ‘Leitão, trufa, laranja e cenoura’ e o ‘Pato, foie gras, cenoura e baunilha’ são o marco das novidades nos pratos de carne

Rei dos Leitões

Quanto a sobremesas, o final de uma refeição feita sem cerimónias, mas com a delicadeza e o detalhe firmado no sabor, a escolha é feita entre ‘Queijos, abóbora, tomilho e gengibre’ e uma versão arrojada do típico doce conventual da região, o ’Morgado do Bussaco, nozes, lima Kaffir e mel’. Para os que são aficcionados na mais badalada sobremesa alentejana, a escolha recairá, na certa, na ‘Sericaia, ameixa, amêndoa e hortelã’.

Rei dos Leitões

No reinado do leitão à moda da Bairrada a harmonização faz-se com os emblemáticos espumantes e vinhos produzidos na Região Vitivinícola, protagonistas da carta de vinhos do restaurante. Mas a “Adega do Rei” não se fica por aqui, antes pelo contrário, já que a oferta inclui néctares de todas as regiões do nosso país e outras tantas do estrangeiro.

Rei dos Leitões

 Após quatro remodelações e diversos ajustes na decoração interior e exterior, o Rei dos Leitões tornou-se um dos mais apetecíveis e procurados restaurantes da região e um embaixador daquela que é uma das ‘7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa’, o leitão. Mas por esta visão e missão, é facil perceber que é muito mais que um "restaurante de leitões" ;)

Quinta de la Rosa | Douro & Cervejas Artesanais

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

Depois de lançada em Maio de 2017, a cerveja artesanal ‘La Rosa IPA’ chega agora ao mercado com uma “receita” melhorada, à qual se junta a primeira edição da ‘La Rosa Lager’. Ambas fazem parte de uma das mais recentes apostas da Quinta de la Rosa, a propriedade vitivinícola localizada no Pinhão, em pleno Douro vinhateiro.

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

 A produção cervejeira é feita na adega que detêm em Sabrosa, onde foram criados espaços próprios: um laboratório de análise específico para este produto e um contentor frigorífico para manter a temperatura da cerveja no ponto. A venda das cervejas ‘La Rosa’ fica a cargo da conceituada DCN Beers, empresa com 25 anos de experiência na importação e distribuição de cervejas artesanais, que provou e aprovou este “projecto”, destacando a drinkability das cervejas La Rosa.

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

 A ‘La Rosa IPA’ (7,0%; €3,50) apresenta uma cor “dourado acobreado” e, na boca, notas de frutos cítricos, como a laranja e o maracujá, mas também nuances florais, características provenientes dos lúpulos utilizados e das barricas onde estagiam. É uma cerveja encorpada, com um pronunciado amargor, o que a torna fresca e fácil de beber. Produzida em pequenos lotes de cerca de 1000 litros cada, esta cerveja é feita a partir de cevada maltada Maris Otter adicionada a uma variedade de lúpulos e fermentos, alguns dos quais são acrescentados ao longo das várias fases de produção. Esta cerveja fermentou e estagiou em barricas de carvalho novas, por onde apenas havia estagiado o ‘La Rosa Reserva branco 2017’, factor que a torna singular e com cariz duriense.

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

O dourado, desta feita mais claro, dá cor à ‘La Rosa Lager’ (5,5%; €3,50). No palato denota acidez e um ligeiro aroma floral que, no conjunto, resulta num equilíbrio perfeito, deixando o paladar fresco e prolongado. Apesar de complexa, é de fácil consumo. A produção é feita em pequenos lotes, de cerca de 1000 litros cada, onde é utilizada a cevada Maris Otter com variedades de lúpulos e fermentos. Nesta, a fermentação ocorre em cubas de inox, durante 10 dias e a uma temperatura de 10.ºC. 

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

 Sobre este novo negócio da empresa duriense, é de salientar, para além do papel da gestora Sophia Bergqvist, o dos seus “mestres cervejeiros”: Philip Bergqvist (irmão de Sophia e ambos proprietários da Quinta de la Rosa); Kit Weaver (24 anos, é filho mais velho de Sophia); e Jorge Moreira (enólogo da Quinta de la Rosa). Mas não só! Porque tudo começou com um La Rosa outsider, mas mestre na matéria.

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

 “Tenho um amigo que é mestre cervejeiro em Cambridge. Chama-se Richard Naisby, da The Milton Brewery, e todos os anos vem ao Porto jogar cricket, segundo depois para uns dias de descanso na Quinta de la Rosa. Num desses momentos ‘em família’ aqui na quinta começamos a falar de cerveja e no facto de alguns produtores de espumante, em Inglaterra, estarem a estender o negócio à cerveja. Então, pensei em aproveitar as cubas de inox que usamos no vinho para a cerveja. O meu irmão e o meu filho ficaram de imediato muito interessados em avançar com o projecto. O Jorge Moreira também”, explica Sophia Bergqvist.

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

 Perante tamanha ousadia, os “homens de Sophia” – Philip, Kit e Jorge – rumaram a Cambridge para aprender, de fio a pavio, o processo da produção cervejeira com Richard Naisby. Sem o homem que incorpora o vinho do Porto da Quinta de la Rosa na produção da sua cerveja preta Markus Aurelius Stout, a excelência das cervejas La Rosa não teria sido a mesma.

Douro & Cervejas Artesanais - Quinta de la Rosa

 Seguindo a visão criativa e inovadora a que já nos habituou, Sophia Bergqvist abriu, assim, caminho para uma nova aventura logo após a abertura do então novo restaurante Cozinha da Clara, em Maio de 2017. Estava, assim, traçado o caminho para a produção de duas cervejas artesanais: ‘La Rosa IPA’ e ‘La Rosa Lager’. A ‘La Rosa Stout’, que será feita com um vinho do Porto muito especial - o ‘Quinta de la Rosa Vintage’ - sairá para o mercado ainda este ano.

Restaurante de Tormes | Uma bela flor com raízes diversas

"E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas! ... Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado: «óptimo!... Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!»" Eça de Queirós, A Cidade e as Serras

Restaurante de Tormes

 Hoje vou falar-vos de um sitio que não existe, mas do qual é difícil que nos esqueçamos: Tormes. O nome do lugarejo foi criado por Eça de Queirós e imortalizado em 1901 no seu romance A Cidade e as Serras. Com o tempo, a outrora Quinta de Vila Nova assumiu o baptismo queirosiano, fazendo com que a ficção se tornasse real. Eça conheceu Vila Nova aquando da sua visita para receber a quinta como herança da família da sua mulher.

Restaurante de Tormes

Foi assim que toda a história começou, na sua viagem de França para Portugal. A quinta e a casa de Tormes, serviram de inspiração para o romance. Nesta obra, Eça transforma-se em Jacinto, que abandona as mordomias da capital francesa a pretexto de transladar os restos mortais dos seus avós. Antes da jornada franco-portuguesa, Eça na realidade e Jacinto na ficção, escrevem aos caseiros a avisarem-nos da sua chegada e para que os mesmos preparassem a casa com o comodismo, o conforto e o requinte que alguém habituado à alta roda europeia necessitava. Só que ... as cartas perderam-se pelo caminho. 

Restaurante de Tormes

 Quando Eça chega a Vila Nova (e Jacinto a Tormes), depois de uma cansativa viagem, encontram uma casa que servia de abrigo para os animais, de arrecadação para os produtos agrícolas e sem o mínimo de condições de habitabilidade. Eça chega com fome. Surpresos e alarmados, os caseiros oferecem-lhe o que têm: caldo de galinha com miúdos, frango alourado e arroz de favas. Esta passou a ser a ementa queirosiana, ou de Jacinto. 

Restaurante de Tormes

Essa quinta  alberga nos dias de hoje a Fundação Eça de Queiroz e o Restaurante de Tormes, ambos tributos à vida e obra do grande escritor português. Aquando da nossa visita ao restaurante fomos recebidos por um conjunto de entradas regionais, muito na onda da comida de conforto. Uns bolinhos de bacalhau saborosos, suculentos por dentro e crocantes por fora; peixes da horta com um toque oriental proveniente das especiarias; uns voluptuosos cogumelos com presunto e uma omelete com duas texturas, uma quase de ovos mexidos na parte inferior e outra estaladiça na parte superior com um ligeiro fumo que lhe assentava muito bem.  

Restaurante de Tormes

No entanto, o meu petisco favorito foi o porco em vinha de alhos, muito saboroso, rico, intenso. Pode parecer estranho referir isto num restaurante de comida tradicional, mas havia qualquer coisa de complexo naquela vinha de alhos.  Deixa de parecer estranho quando conhecemos o chefe, António Queiróz Pinto, que já trabalhou com Vítor Matos (Antiqvvm) e André Silva (Porta) e foi vencedor do Jovem Talento da Gastronomia 2015 e da 10ª Edição da Revolta do Bacalhau (2014). 

Restaurante de Tormes

O multipremiado António Queiróz Pinto serviu-nos um dos melhores frangos alourados que comi até hoje, crocante, com perfume do loureiro, guloso e intenso. Aprisionou no interior sucos que combinavam na perfeição com o arroz de favas. O arroz também é digno de destaque, cozinhado com enchidos, parecia um risotto, com alma duriense. O sorriso da Bia mostra que também ela adorou a refeição ;)  Nos vinhos, à descrição de Eça, "caindo do alto, da bojuda infusa verde - um vinho fresco, esperto, seivoso, e tendo mais alma, entrando mais na alma, que muito poema ou livro santo", acrescento a mineralidade, limão e flor de laranjeira do Tormes Avesso 2016 e os frutos vermelhos, secura e cremosidade do Mandarim Rosé 2016

Restaurante de Tormes

Na sobremesa ... uma surpresa. Creme queimado, mas sem leite.  Uma combinação perfeita entre o açúcar queimado, leve e estaladiço, e um delicioso creme suavemente aromatizado. Fez-me recordar o creme de um pastel de Belém, mas com muito mais alma e sentimento de pertença. A ausência do leite faz com que não nos cansemos dele. Combinou na perfeição com a fruta preta silvestre, ligeira adstringência e elegância do Quinta das Tecedeiras LBV 2011.

Restaurante de Tormes

No final ainda houve tempo para conhecer o museu dedicado a Eça de Queiroz, que procura perpetuar a memória do escritor e organizar, manter e, sempre que possível ampliar a sua biblioteca, arquivo e espólio. Ali ainda vive a alma de Eça, a secretária onde escrevia de pé, a mesa em que experimentou o incrível arroz de favas, o emblemático monóculo e os refinados sofás trazidos de Paris.  Esta casa é mais um livro que Eça nos deixou, e nas suas páginas estão guardados capítulos de uma terra, de uma vida, de um amor.

Restaurante de TormesO amor, (...), como tu sabes é feito de muitos sentimentos diferentes. Alguém escreveu, creio que até fui eu - que era uma bela flor com raízes diversas. Ora quando uma dessas raízes é a estima absoluta pode ele ao fim de longos anos secar pelas outras raízes mas permanecer vivo por essa.

A presença do chefe na visita à fundação, já depois de ter terminado o serviço no restaurante, é marca indelével do compromisso com essa raíz, não a deixem secar ;)

É o coração que faz o carácter e foi o amor que fez o chefe António Queiróz Pinto realizar também ele a viagem entre a cidade dos prémios e a serra das memórias. O amor pelo pai, pela gastronomia duriense, pela cozinha e não pelo estrelato. 

Setembro A Vida Inteira | Uma visão intimista sobre o mundo do vinho

Setembro a vida inteira

‘Setembro A Vida Inteira’, o documentário de estreia da jornalista Ana Sofia Fonseca, continua em cartaz, conseguindo o feito de entrar amanhã, quinta-feira, dia 12 de Abril, na sua quinta semana em exibição, longevidade rara para um documentário. As boas notícias continuam: foi selecionado para um festival internacional de cinema documental no Equador, o EDOC - Encuentros del otro Cine, que se realiza em três cidades daquele país, em Maio.

Setembro a vida inteira

A grande afluência do público faz com que o filme estreado a 15 de Março continue nos cinemas. Realizado por Ana Sofia Fonseca e produzido por Carrossel Produções, o primeiro documentário sobre o mundo do vinho português está em exibição no Cinema City Alvalade (Lisboa).

O filme teve estreia mundial num festival internacional de cinema nos Estados Unidos, o ‘International Wine Film Festival’, e estreia europeia em Espanha, no ‘MOST International Wine & Cava Film Festival, onde recebeu o mais importante galardão do festival – o Grande Prémio do Júri. Os jurados destacaram a qualidade cinematográfica, narrativa e estética.

Setembro a vida inteira

Porque nada fermenta como uma boa história, ‘Setembro A Vida Inteira’ é uma longa-metragem com uma linguagem intimista e cinematográfica, onde as histórias das gentes do vinho são passaporte para descobrir Portugal. Numa altura em que o vinho português começa a ser reconhecido internacionalmente, este documentário é o seu retrato íntimo. Mas este é também um filme sobre paixão, liberdade e fé. Um convite à reflexão sobre a condição humana, a relação entre quem tem a terra e quem a trabalha. A sua banda-sonora promete surpreender; o filme conta com uma adaptação, assinada por Jorge Palma, do fado “Oiça lá, ó Senhor Vinho”, tornado célebre por Amália Rodrigues.

Setembro a vida inteira

Sinopse

Um país. 700 milhões de garrafas. Mais de 2000 anos de história. Todos os calendários, a sorte jogada em Setembro. Homens, mulheres e crianças contam a vida pelas vindimas. O vinho está na moda e o português nunca teve tanto reconhecimento como hoje. Este filme é o seu retrato pessoal, um tema universal com a alquimia local. ‘Setembro A Vida Inteira’ viaja pela intimidade das vinhas e das adegas, descobrindo paixões, crimes e aventuras. Mas este documentário é também sobre paixão, liberdade e fé. Um convite à reflexão sobre a natureza humana e à relação entre os donos da terra e quem a trabalha. Porque nada fermenta como uma boa história, as vidas das gentes do vinho são passaporte para descobrir Portugal.

 Em exibição no Cinema City Alvalade (Lisboa)

Estreou mundialmente nos EUA e foi premiado em Espanha