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No meu Palato

No meu Palato

Barão Fladgate | O despertar dos sentidos

Barão Fladgate

 Debruçado sobre o Rio Douro, o restaurante Barão Fladgate nas caves Taylor’s, oferece uma experiência que vai muito além da expectável conjugação entre gastronomia e vinhos. A nova carta, da autoria do Chefe Ricardo Cardoso, promete surpreender o palato, pelos sabores, harmonias e contrastes de uma cozinha pensada ao pormenor para elevar a experiência e despertar os sentidos.

Barão Fladgate

 A começar pela vista, que desenha o mais emblemático postal da cidade do Porto, com o Rio Douro, a Ponte D. Luís e o velho casario da zona ribeirinha como cenário. Ideal para um jantar romântico a dois ou um almoço tranquilo de negócios, o espaço foi recentemente renovado, com uma decoração elegante e acolhedora. E não se surpreenda se avistar um dos famosos pavões que habitam nas caves Taylor’s e agraciam os visitantes com a exuberância das suas caudas. 

Barão Fladgate

  A nova carta, a pensar nas estações quentes, reflete a filosofia do Chefe e do restaurante. Uma cozinha autêntica, que privilegia os produtos locais e sazonais para dar a conhecer o melhor da gastronomia nacional. Os pratos revelam inesperadas conjugações e contrastes de sabores e de texturas, num equilíbrio perfeito. E porque o vinho aqui é soberano, o menu é cuidadosamente pensado com ingredientes que elevam a experiência vínica, como a banana, o marmelo, os frutos secos ou os queijos. O vinho é também ingrediente-chave de alguns pratos, conferindo corpo e complexidade. 

Barão Fladgate

Nas entradas, evidencia-se a leveza e frescura dos sabores mediterrâneos, onde se destaca o Creme de Tomate, espuma de parmesão, manjericão, toucinho bísaro e tomate, o Novilho envolvido em tártaro de queijo da ilha acompanhado com ovo a baixa temperatura ou as Lascas de Salmão, com sorvete de manga, abacate, coco tostado e daikon

Barão Fladgate

Nos pratos principais, imperam os peixes e mariscos, num convite aos dias de sol e calor. Entre o Robalo com aioli de mexilhões e vieira, algas, gnocchis, gambas, salicórnias e ovas de truta salmonada, a exótica versão de Polvo crocante com molho ligeiro de caril e batata-doce roxa, couve-flor em açafrão e espuma de lima kaffir ou o Tamboril com risotto de crustáceos, medalhão de lavagante, tapioca de tinta de choco e emulsão de ouriço do mar, são muitas as propostas para desfrutar do verão no Barão Fladgate.

Barão Fladgate

 Nas carnes, destaque para o Borrego em crosta de ervas e azeitona preta do Douro, batata confit e cogumelos, Coxa de pintada com barriga de leitão, canelone de couve lombarda e legumes ou o clássico internacional Surf &Turf de vitelão com lagosta, numa interpretação do Chefe. O restaurante oferece ainda duas opções vegetarianas, vários acompanhamentos alternativos, com o intuito de enriquecer a refeição com diversas opções de saladas e legumes e ainda um menu infantil a pensar nos pequenos visitantes.  

Barão Fladgate

As sobremesas foram desenhadas para harmonizar com as categorias nobres do vinho do Porto da casa, que produz alguns dos néctares mais afamados do mundo.  Para este doce final, o Chefe sugere o Cheesecake de banana, noz pecan caramelizada, redução do vinho do Porto Tawny 10 anos com molho e gelado de chocolate negro, a Terrine de chocolate crocante de amendoim, toffee e gelado de caramelo salgado ou o Cappucino com espuma de leite, gelado de baunilha de Bourbon e molho de chocolate quente

Barão Fladgate

 O restaurante Barão Fladgate está aberto todos os dias ao almoço (12:30 – 15:00) e ao jantar (19:30 – 22:30). Se preferir, pode optar pelo menu de degustação, composto por seis pratos, com o valor de 65, 00€ por pessoa, com um suplemento de vinhos pelo valor adicional de 19, 00€. De segunda à sexta ao almoço está também disponível um menu executivo, com três pratos (opção entre duas entradas, dois pratos principais e uma sobremesa), por 30, 00 €, com um copo de vinho incluído.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino | Entre o Caramulo e Buçaco

"O vinho não pode ser exactamente um valor nobre, principal em absoluto, mas pode ser testemunho de virtudes e de sentimentos que regem a vida." Caves de São Lourenço

 

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

A IDEALDRINKS foi a última empresa convidada para as já tradicionais e afamadas provas na Garrafeira DiVino, a garrafeira do meu amigo Tiago, que já vos falei há uns tempos atrás.  O espaço, aos poucos, esta-se a tornar referência nesta área, não só pela excelente relação qualidade/preço e pela vasta gama de produtos à disposição, mas também, pelas provas com produtores, enólogos e vinhos topo de gama.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

O parceiro desta última prova, a IDEALDRINKS nasce em 2010 por iniciativa de Carlos Dias, renomado empresário pela sua carreira de sucesso. A empresa dedica-se a produção de vinhos, destilados e azeites de excelência em várias regiões do país, nomeadamente Vinhos Verdes, Bairrada e Dão. Nesta prova tivemos oportunidade de fazer uma viagem vínica pelas três regiões Portuguesas com os vinhos da Quinta da Pedra, Paço de Palmeira, Quinta Colinas de São Lourenço e Quinta de Bella.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

Dos vinhos presentes, continuo a gostar muito do Royal Palmeira 2015, um loureiro um pouco tímido, mais elegante e com um nariz bem desenvolvido e complexo com aromas de lima, caramelo, menta, noz, fumo e um ligeiro toque a pão. Com um pouco mais de tempo no palato surgem ainda as frutas tropicais, uma pitada de cremosidade e um toque de maçã.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

 Destaque ainda para  o Quinta da Pedra Alvarinho 2011, provavelmente o meu Alvarinho favorito (tirando o Tempo de Anselmo Mendes, mas esse pertence a outro campeonato, e já voltarei a falar dele). Os citrinos, as notas minerais, as sugestões florais e os aromas gentis de maçã, abacaxi e maracujá dão-lhe um nariz muito elegante.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

  Nos tintos, vou falar-vos de 2. O primeiro é o Colinas Bairrrada Reserva Tinto 2011. No palato este vinho passeia em modo diva, complexo com azeitona, ameixa, mirtilos, notas vegetais verdes e eucalipto. Surgem ainda, levemente, apontamentos a fumo, chocolate e pimenta preta. É um vinho insinuante, com classe e ... delicioso.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

No entanto, e como já seria de esperar, o meu preferido foi o Principal Tinto Grande Reserva 2011. Com Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Merlot nasceu sob um clima de influência atlântica, protegido pelas serras do Caramulo e Buçaco, em vinhas plantadas em suaves colinas, com solos argilo-calcários.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

Muito maduro com ameixa preta, frutos vermelhos, cerejas, cacau, taninos redondos e uma madeira espectacular que o pincelou com notas especiadas muito sedutoras.  Adocicado (mas sem exagero), com excelente acidez, algo floral, longo, harmonioso, complexo e envolvente. É daqueles difíceis de esquecer.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

Chama-se Principal porque na gama de produtos da propriedade Colinas de S. Lourenço, representa a linha dos vinhos superlativos, das garrafas que ambicionam ser excelentes e que melhor definem as mais ousadas ambições do seu proprietário. Representa também uma paradigmática abertura aos temas e dos valores que todos nós deveríamos prezar: família, amor, amizade, solidariedade, prosperidade, riqueza, sucesso e carreira. 

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

Curiosamente, é aqui que encontro um elo entre a IDEALDRINKS e a Garrafeira DiVino, os valores humanos que se procuram transmitir com o trabalho, ao mesmo tempo que nunca se tira "o olho" da excelência. Adorei a prova e tudo o que a rodeou, decorrendo com conta, peso e medida. Parabéns Tiago e Andrea ;) 

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

Voltando um pouco atrás e ao meu vinho verde favorito, o controverso, enigmático, intenso e único, Tempo 2015 de Anselmo Mendes. Parece que ainda lhe sinto a laranja confitada, a folha de limoeiro, as frutas tropicais, o confit de pêra, as flores, a amêndoa e as pétalas secas. É um branco com taninos, mineral, fresco, longo, complexo e persistente.

IDEALDRINKS na Garrafeira DiVino

 Este e outros 17 vinhos, marcarão presença, já amanhã, na próxima prova DiVina ;) Uma viagem vínica pelas várias regiões Portuguesas, além dos Vinhos Verdes, ponto de origem e referência de Anselmo Mendes. Apareçam, vemos-nos por lá ;) 

Restaurante Astória | A leveza do Verão

Com a chegada do verão, o Astória inaugurou o espaço exterior e desenhou uma carta especial para a esplanada. Com um conceito All Day Dining – das 10h30 às 23h00 –, e com vista para a imponente Praça da Liberdade, o restaurante quer posicionar-se como um hot spot da Baixa Portuense, com opções de refeição (ou petiscos) a qualquer hora do dia. A carta de esplanada tem, mais uma vez, assinatura do Chefe Francisco Pico.

Restaurante Astória

Nesta nova temporada é possível degustar, à mesa da esplanada do Astória, tapas e petiscos tradicionais (a partir dos 6,50€), como as Sardinhas grelhadas em molho de tomate picante e azeitona galegaCamarão tigre cozido com seleção de molhos; Favas com chouriço ibérico, peito de pato fumado e gema a baixa temperatura ou uma Seleção de carnes frias e chouriços nacionais, pickles e tostas.

Restaurante Astória

 Para quem prefere opções mais seguras, o Chefe aconselha o Prego de novilho, queijo de cabra amanteigado em bolo do caco, Sanduiche de presunto serrano e queijo da serra em pão rústico ou uma variedade de saladas, frescas e leves, como a Niçoise com atum fresco, azeitona galega e tomate cherry.

 

Astória

 Nas opções vegetarianas, o restaurante destaca duas saladas: de Tomate e burrata, vinagre balsâmico e manjericão fresco e de Beterraba assada, queijo azul, nozes caramelizadas e mel.

 

Astória

 Em horário de almoço (12h30 – 15h00) ou jantar (19h30 – 22h30), acrescem à carta de esplanada os pratos de assinatura do Chefe Francisco Pico, como o Linguado de Mar, molho de manteiga, alcaparras e funcho e o Entrecôte maturado à PortuguesaDiretamente do forno a carvão chegam à mesa o Lombo de SalmãoPeito de Frango do Campo ou Secretos de Porco Ibérico.

Restaurante AstóriaNas sobremesas, destaca-se a Mousse de dois chocolates (amargo e branco), a Panacotta de Iogurte grego e maracujá e o Pudim abade de priscos, salada de citrinos e sorbet de limão.

Restaurante Astória

Para beber, há mais de 30 opções de vinho a copo (branco, tinto, rosé ou espumante), uma variedade de cocktails clássicos e de assinatura, aperitivos, licores, e muito mais. 

Restaurante Astória

 Nas palavras do Chefe Francisco Pico“Esta é uma carta pensada para os dias quentes de verão, em que estamos na esplanada e nos apetece comer algo rápido, fresco e leve, a qualquer hora do dia. Um copo de vinho ou um cocktail também caem sempre bem”.

Francisco Pico

 O restaurante Astória, localizado no emblemático Palácio das Cardosas, quer acompanhar o ritmo da cidade do Porto com ofertas que sejam, simultaneamente, informais e requintadas. A carta de esplanada já está disponível e vai manter-se até ao final do verão.

 

Adegga WineMarket Porto 2018 | Impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.  Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. Na verdade, isto não tem muita importância.  O que realmente interessa, não é a noite em si ... são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."  William Shakespeare

Adegga WineMarket Porto 2018

 A história desta publicação começa em 1867, ano em que a filoxera chega a Portugal, entrando pela região do Douro e rapidamente alastrando a quase todas as vinhas do país. Este insecto ataca a raiz da videira para se alimentar da sua seiva, provocando a morte lenta da planta. A filoxera destruiu por completo as vinhas de muitas regiões e vestiu de luto extensas áreas da paisagem rural. Aumentou significativamente os custos de produção do vinho e banalizou a cultura da vinha americana, contribuindo desta forma para a quebra de qualidade dos vinhos e respectiva desvalorização. 

Adegga WineMarket Porto 2018

Amaldiçoou viticultores, obrigou à emigração de agricultores e dizimou muitas freguesias que tinham como fonte de rendimento o vinho. A forma de combater esta doença foi descoberta, quase por acaso, quando se constatou que as videiras americanas eram resistentes a esta praga. A partir dessa descoberta, as videiras portuguesas e grande parte das europeias passaram a ser enxertadas com raízes americanas, prática muito comum ainda nos dias de hoje. 

Adegga WineMarket Porto 2018

Depois desta "quase extinção", duas grandes guerras mundiais e graves crises económicas sucessivas, os vinhos produzidos em Portugal, relembrando uma fénix renascida das cinzas, têm vindo a conquistar o seu espaço. São nomeações, prémios e conquistas internacionais, símbolos da sua qualidade e identidade.  

E é também para celebrar esse renascimento das cinzas que o Adegga WineMarket Porto 2018  foi pensado. É um evento que nos reúne em torno do vinho, aproximando produtores e consumidores, através de experiências únicas. 

Adegga WineMarket Porto 2018

 Apesar de ser um evento de vinhos e de tudo gravitar à sua volta, num ambiente descontraído, este ano existiram algumas inovações, como a mesa do chef onde os vinhos eram harmonizados com a comida (parabéns Symington Family Estates e Chef Hugo Rocha do VINUM), o Adegga Rising Stars destinado a promover novos enólogos e projectos em ascensão e o Palco Adegga onde em 45 minutos foi possível descobrir novos produtos e produtores.

Adegga WineMarket Porto 2018

Foi uma tarde incrível de provas onde podemos conversar com os 50 produtores e descobrir os mais de 500 vinhos, dos quais destaco nos brancos, a fruta, notas florais de esteva, espargos e mineralidade do Real Companhia Velha Quinta do Síbio Field Blend Branco 2015. Equilibrado,  complexo,intenso, longo e com uma excelente acidez. 

Adegga WineMarket Porto 2018

 Nos tintos, realce para o Pinot Noir português (:-P), o Niepoort Poeirinho 2015. No nariz mostra-se muito complexo com cerejas, morangos, amoras pretas, frutos silvestres e violetas. É muito aromático, puro e com classe. Mais tarde surgem notas minerais, mar e azeitonas. A excelente acidez e os taninos com garra fazem-nos antever-lhe uma excelente evolução em garrafa.  O fim da boca é refrescante, longo e carregado de terroir

Adegga WineMarket Porto 2018

E se a tarde já estava a ser incrível, estava prestes a tornar-se memorável com a subida à sala Premium, com 35 vinhos raros e especiais, topos de gama,  brancos, tintos, Porto e Madeira antigos. A prova nesta sala foi superior e conhecedoramente acompanhada pelos sommeliers Pedro Ferreira (Restaurante Pedro Lemos) e Edgar Alendouro (Restaurante Euskalduna).

Adegga WineMarket Porto 2018

Faço já uma declaração de interesses, esta, foi para mim, a melhor edição do Adegga WineMarket Porto e também a melhor sala Premium, pelo que se torna um pouco difícil seleccionar os que mais me agradaram. No entanto, os 7 que vou destacar, para além de me terem conquistado já no dia da prova, foram também aqueles nos quais ainda continuo a pensar, por terem acrescentando alguma subjectividade às minhas notas objectivas.

Adegga WineMarket Porto 2018

 Vinhas com mais de 80 anos originaram os aromas intensos e elegantes a lima, toranja, esteva, ameixa, salinidade e fumo ligeiro do Quinta Maria Izabel Vinhas da Princesa 2015. Estruturado e com excelente volume, é um branco complexo, com final suave e deliciosamente fresco.

Adegga WineMarket Porto 2018

Resultando do trabalho conjunto de 3 enólogos, Filipe Cardoso, Luís Simões e José Nunes Caninhas e de uvas Castelão provenientes de 3 casas,  o Trois Castelão Tinto 2015 é surpreendente. Frutado, evidenciando compota de ameixa, framboesa, frutos silvestres, couro e pimenta preta. É também carnudo, intenso, encorpado e bastante longo. 

Adegga WineMarket Porto 2018

 Depois um vinho, que segundo me transmitiram, nasce do sonho, da vontade e do amor. É a homenagem a José Ribeiro Vieira e à sua obra. Uma evocação a alguém que acreditava na terra, nos afectos e no saber. À coragem de escrever o que pensava. Este vinho é a sua última Crónica. A que não escreveu, e a que a sua família escreveu por si, o Herdade do Rocim Crónica #328 Reserva tinto 2015

Adegga WineMarket Porto 2018

Notas a sous-bois, resina, cedro, pinho, grafite mineral, noz moscada e alcatrão, numa mistura tímida e elegante. Sólido, fresco, gracioso, profundo e vivo. Gostei mesmo muito...

Depois de no ano passado me ter ensinado a pensar uma flor,  tive a oportunidade de embarcar numa viagem no tempo e nas palavras de Álvaro Martinho, por um Douro mais agarrado à terra, explicado desde a raiz à extremidade da videira, tendo os aromas como protagonistas, com o Mafarrico “A Minha Vinha” 2015.

Adegga WineMarket Porto 2018

 Um vinho elegante, com cerejas, frutos do bosque, ameixa preta, coentros e pimenta da Jamaica.  Muito preciso, com identidade, delicadeza, elegância, frescura e persistência. O homem e a sua obra ficaram registados em simultâneo na foto acima ;-)

 Ultima paragem antes dos fortificados: Robustus 2008, em versão magnum. Com aromas a frutos silvestres, amoras, ameixas pretas, violetas, esteva, cedro, tabaco, café, mel e com taninos muitíssimo bem integrados.

Adegga WineMarket Porto 2018

  É rico, bastante complexo, equilibrado, harmonioso, incrivelmente fresco e saudosamente longo. O nome Robustus presta homenagem ao primeiro vinho de Dirk Niepoort com o mesmo nome mas que nunca chegou a ser comercializado. Dirk bebeu inspiração nos grandes vinhos velhos de antigamente, nos quais o estágio prolongado em barrica usada era utilizado para amaciar os taninos. 

Adegga WineMarket Porto 2018

O Blandy’s 50 anos Malmsey, foi uma incrível surpresa. A  Malmsey ou Malvasia, é uma casta que provém maioritariamente da região de São Jorge, situado na encosta norte da ilha da Madeira, sendo a mais afamada das castas brancas, rica em açúcares e acidez. Uma combinação perfeita para este estilo rico de vinho Madeira, que após meio século de evolução, originou um néctar com uma cor âmbar sob um véu verde. No nariz exibe-se cítrico, vibrante e com um floral doce, enquanto que na boca se metamorfoseia (esta palavra existe? ;-)) para um inicial seco, salgado, picante, com nozes e um final mais doce, mineral e fresco, com caramelo, compota de pêra e chocolate. É camaleónico, incrivelmente longo, untuoso e rico. 

Adegga WineMarket Porto 2018

 E depois ... o grande momento da tarde, o Quinta do Noval Nacional 2003. E para vos falar deste vinho, temos de regressar ao inicio da publicação e à filoxera. Uma pequena parcela de videiras de pé franco, no coração da vinha da Quinta do Noval, sobreviveu ao ataque impiedoso da praga. Estas uvas, plantadas em pé franco não são modificadas pelas características de um porta-enxerto americano. Desta forma, a qualidade e identidade das uvas melhoram a cada vindima, assim como são também reflectidas, com mais intensidade, as características do terroir de onde elas provêm.  A denominação “Nacional” relembra isso mesmo,  o facto destas videiras Portuguesas crescerem exclusivamente no Douro em solo Português, sem porta-enxerto Americano, e por isso, directamente enraizadas no solo lusitano, é algo nosso, algo impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso, um sonho, como refere Fernando Pessoa no Livro do Desassossego.

Adegga WineMarket Porto 2018

 Um sonho de um ano quente, de noites quentes de Verão tórridas  (45º durante o dia e 30º à noite), e com temperaturas anormalmente altas durante a vindima que originaram um vinho com qualidade excepcional. Com mar salgado, pimenta preta, ameixa, figos e amoras.  Profundo, concentrado, ainda jovem, opaco, pouco conversador, com taninos maduros, densos e firmes. Um grande vinho com a frescura, pureza e longevidade da alma lusitana a emergir no final.

Adegga WineMarket Porto 2018

  Acrescentando a tal subjectividade a estas notas, fez-me pensar no sorriso da minha filha quando acorda, ainda não está totalmente desperta, mas percebemos imediatamente que o decorrer do dia será, mais uma vez, deliciosamente bonito. 

Obrigado ao Adegga WineMarket Porto 2018, especialmente ao André Ribeirinho, por mais uma ode ao que é nosso, ao que é impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso. O que realmente interessa, não é a pertença em si ... são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado, e que mais uma vez os recordamos e os celebramos juntos, com um copo de vinho na mão. À nossa ;-)

Quinta do Vallado | Uma Breve História do Tempo

"A quinta é certamente o local mágico do Douro. Talvez a realidade essencial desta maravilhosa região. O lugar certo com o espírito, onde se encontram a natureza, a história, o trabalho, os homens e o vinho. Tudo começa na quinta: a ideia, o plano, a organização e a preparação dos meios. Tudo acaba na quinta: as vinhas, as uvas, a colheita, o lagar, o armazém, as pipas e as garrafas." António Barreto

Quinta do Vallado

 São 300 anos no coração do Douro, que guardam uma grande parte da história e alma da região. Falarmos do Douro é obrigatoriamente falarmos da Quinta do Vallado... Para além dos seus vinhos de qualidade inquestionável, a actividade da Quinta alargou horizontes com os seus azeites, hotelaria rural e enoturismo. Quinta do Vallado

Ergue-se no abraço entre o rio Corgo e o Douro, pertíssimo da Régua e inserida numa paisagem carregada de socalcos e patamares de vinhas. É impossível ficarmos indiferentes ao casario da Quinta, que harmoniza de maneira muito elegante o ocre amarelo característico dos edifícios mais antigos com o cinzento da moderna adega e hotel.

Quinta do Vallado

 Não é difícil sentirmos o peso e a presença do passado no interior do hotel, pincelado com um antigo confortável, com tapeçarias e pinturas a óleo e uma brisa de história. Um bonito esforço para promover excelência e autenticidade sem danificar a identidade do espaço.Quinta do Vallado

Os quartos da casa antiga estão mobilados homenageando o  século XVIII: cabeceiras de madeira, casas de banho com azulejos e móveis antigos. Muito diferentes, os oito quartos do novo hotel são mais contemporâneos e minimalistas, com piso em xisto, paredes brancas com enormes fotografias a preto e branco da região e muitos detalhes em madeira.

Quinta do Vallado

Respira-se um ambiente acolhedor, quase familiar, em que constantemente se é brindado com alguns mimos, desde os vinhos da Quinta, à fruta da época acabada de colher no pomar, passando por doces regionais.

Quinta do Vallado

 O hotel oferece ainda passeios pela adega e provas de vinho, jardins, uma piscina, um spa (e que spa, mas já voltamos a falar dele) e ainda passeios de barco. Existem bicicletas para emprestar e piqueniques que podem ser feitos num local à escolha dos hóspedes. A equipa é excelente e o serviço é rápido, genuíno, próximo (devo dizer amigo?) e eficiente.

Quinta do Vallado

Depois da visita à nova adega de barricas, projectada por Souto Moura, parcialmente soterrada e quase que crescendo para as vinhas, era chegada a hora de provar alguns dos melhores néctares que o Vallado tem para nos oferecer.

Quinta do Vallado

 A mineralidade, fruta e acidez do Vallado Branco 2017, os frutos vermelhos, violetas e esteva do Vallado Tinto 2016, o equilibrio, taninos domesticados e flor de laranjeira do Quinta do Vallado Touriga Nacional 2015, os frutos silvestres, caixa de charuto e especiarias do Quinta do Vallado Sousão 2015 e a elegância, persistência e complexidade em forma de cassis, figos, amoras e tabaco do Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2015 (este é um dos meus tintos de eleição, na gama em que se insere).

Quinta do Vallado

 No final da prova e antes do jantar ainda houve tempo para ser seduzido pelos frutos secos, alcaçuz, chá de earl grey, mel e casca de laranja confitada do Quinta do Vallado Tawny 30 anos. Um dos melhores 30 anos que provei,  um vinho muito bom, seco no carácter e com toques de fruta compotada amarga, que acaba com uma acidez intensa e muito persistente.

Quinta do Vallado

 Depois de uma boa conversa em família que serviu para trocar impressões sobre a Quinta, o hotel, os vinhos e de um acontecimento importante que se avizinha para Agosto (:-P) era chegada a hora de jantar no restaurante da Quinta.

 

Quinta do Vallado

 Os vinhos, e como não poderia deixar de ser, seriam os do Vallado; a comida iria ser regional, assente em ingredientes de origem local, como o carpaccio de vitela, o polvo à lagareiro ou o lombo de porco assado em forno a lenha.

Quinta do Vallado

 As rosas, menta e boa acidez do Vallado Prima 2017 acompanharam na perfeição a finesse, frescura, fumo e aroma delicado da vitela. Preparam o palato para a riqueza aromática do polvo à lagareiro.

Quinta do Vallado

 Crocante por fora, quase que levemente fumado, e por dentro gulosamente tenro e suculento. O tempero é extraordinário, carregado de maresia, voluptuosidade e intensidade, mesmo muito bom!!! Ansiava um branco com barrica, especiado e mineral. 

Quinta do Vallado

 O Quinta do Vallado Reserva Branco 2016 trouxe-lhe isso e ainda corpo, complexidade. As notas cítricas e as maçãs maduras acrescentam-lhe irreverência e concentração.

Quinta do Vallado

No prato de carne, o porco ibérico exibia um aroma intenso, salgado e levemente acidulado, com uma textura suave e pincelada com um pouco de gordura, combinava na perfeição com a doçura do puré de batata doce e com a fruta vermelha do molho de vinho do Porto. 

Quinta do Vallado

 Toda esta experiência degustativa, já de si muito boa, subiu de nível com  os frutos silvestres, sous-bois, espargos e charutos do Quinta do Vallado Vinha da Coroa 2015. Surgem ainda, mais tarde, notas deliciosas a cogumelos e a sal que trazem profundidade; e pimenta branca e notas de eucalipto que acrescentam força ao seu final. Provém de uma vinha velha, centenária, com uma mistura de 34 castas.

Quinta do Vallado

A Vinha da Coroa encontra-se no topo mais alto da Quinta do Vallado... como uma coroa sobre as vinhas. Fiquei fã. Pelo que me disseram no restaurante, está a ser muito bem aceite no mercado, e resultado disso, a garrafa que bebemos foi uma das últimas à venda no Vallado.  Nas sobremesas começamos pela frescura do gelado de morango e a voluptuosidade do fondue de chocolate.

Quinta do Vallado

Foram harmonizados com a fruta preta madura, especialmente a ameixa,  estrutura possante e densa que equilibra a fruta madura e os taninos ainda com demasiadas arestas do Quinta do Vallado Vintage Adelaide 2015. Está carregado de uma acidez suculenta, secura, e concentração que lhe fazem antever uma espectacular evolução em garrafa. É daqueles para ir conversando daqui a uns anos ;)

Quinta do Vallado

 Para acabar a refeição, a frescura da laranja, calda doce e canela, que nos fez voltar a chamar pelo Quinta do Vallado Tawny 30 anos :-P Uma refeição deliciosa assente em produtos regionais e vinhos da quinta, a mostrar mais uma vez que o "vá para fora cá dentro" é um lema vencedor. Uma palavra ainda para o Octávio Silva, pela maneira impecável com que nos tratou ;)

Quinta do Vallado

A noite anterior acabou com laranjas, o dia amanheceu com ... laranjas. Pois são as laranjeiras, o jardim e as vinhas que escondem um dos segredos mais bem guardados (até agora :-P) pela Quinta, o seu spa.

Quinta do Vallado

O spa tem um jacuzzi com vista sobre o laranjal, banho turco, sauna e massagens sob marcação. Cada quarto tem uma hora de spa reservada, o que faz com que esta experiência ganhe encanto, intimidade e serenidade.  

Quinta do Vallado

Nesta breve história do tempo da Quinta do Vallado cabem ainda as demarcações do Marquês de Pombal, a relação nem sempre amigável com os ingleses, a luta entre famílias, dramas e  infortúnios da natureza, a filoxera, o oídio, as guerras (com os franceses, liberais e civis) e a alma abnegada, integridade, civismo, trabalho e magia de Dona Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha, a rainha do Douro.

Quinta do Vallado

 É por isso que a Quinta, especialmente esta Quinta, é certamente o local mágico do Douro. Talvez a realidade essencial desta maravilhosa região. O lugar certo com o espírito, onde se encontram a natureza, a história, o trabalho, os homens e o vinho. Tudo começa na quinta: a ideia, o plano, a organização e a preparação dos meios. Tudo acaba na quinta: as vinhas, as uvas, a colheita, o lagar, o armazém, as pipas e as garrafas. Acredito que na Vinha da Coroa não reside apenas uma vinha centenária, lá mora também a alma da rainha do Douro, como que protegendo uma das suas obras mais bonitas.

Estas são memórias de dias fantásticos, em excelente companhia, no coração do Douro, banhados pela magia do saber receber de coração aberto, bem próprio da Quinta do Vallado.