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No meu Palato

No meu Palato

Lavradores de Feitoria | Nova dupla de Três

Lavradores de FeitoriaA Lavradores de Feitoria anuncia a chegada da nova colheita – de 2017 – daquela que é a sua dupla mais aguardada para apreciar tranquilamente no Verão. Falamos do ‘Três Bagos branco’ e do ‘Três Bagos Sauvignon Blanc’.

Lavradores de Feitoria

O primeiro é um vinho de lote elaborado com castas autóctones; o segundo é feito a partir de uma casta internacional. Diferenças à parte, ambos reflectem a frescura de um Douro trabalhado com a dedicação notável desta empresa de vinhos.

Lavradores de Feitoria

 Viosinho, Gouveio e Rabigato são as castas típicas do Douro utilizadas no Três Bagos branco 2017. Cada uma foi colhida em vinhas, com idades compreendidas entre os 25 e os 30 anos, de diversos produtores da Lavradores de Feitoria. Na adega, 80% fermentou em cubas de inox e 20% em barricas de carvalho francês novas.

Lavradores de Feitoria

O lote permaneceu assim dividido durante o estágio de 5 a 6 meses. De cor amarelo palha brilhante, é um branco fino e elegante. No nariz, é bastante frutado e fresco, com aromas de pêra e ameixa branca, a sobressaírem num conjunto que revela notas de ananás e citrinos. Na boca é intenso, repleto de notas de fruta branca fresca, ligeira baunilha e mineralidade. É complexo, bastante saboroso e denota uma acidez equilibrada, num final longo. Perfeito para ir à mesa, desde já, ou em anos próximos.

Lavradores de Feitoria

 Na mesma gama, ‘Três Bagos’, a Lavradores de Feitoria tem um afamado Sauvignon Blanc em estreme, com uvas de vinhas plantadas há 25, 30 anos, na propriedade da centenária Casa de Mateus, localizada na sub-região de Cima Corgo, no Douro. Fermentado e estagiado – durante quatro a cinco meses –, parte em inox (80%) e parte em barricas de carvalho francês (20%), é um branco de cor viva, citrina, semelhante à do limão.

Lavradores de FeitoriaNo palato apresenta-se fresco e revela-se bastante aromático. Manifesta notas vegetais, como espargos, propriedade específica desta casta, bem como aromas a fruta tropical madura, como ananás e maracujá. É muito saboroso e equilibrado. Denota boa acidez. A fruta está bem presente através de notas de ananás e líchias, além das nuances a fruta mais fresca, como pêra, que lhe confere um final muito agradável.

Lavradores de Feitoria

 Os aromas frescos intrínsecos à casta, associados ao tempo de estágio em madeira, deram origem a um vinho com uma boa estrutura, de forma a garantir um bom potencial de evolução em garrafa ou para com ele brindar já este Verão.

Vista Restaurante | Chamando por Camões

"Quando o sol vai caindo sobre as águas, num nervoso de líqueo de ouro intenso,tu falas de festins e cavalgadas, de cavaleiros errantes ao luar. Falas de caravelas encantadas, que dormem em teu seio a soluçar. Tens cantos de epopeias, tens anseios de amarguras, tu tens também receios ó mar. Cheio de esperança e magestade  de onde vem essa voz ó mar amigo, talvez a voz de um Portugal antigo" Florbela Espanca

Vista Restaurante

 Há um local onde o requinte e a excelência se encontram com a tranquilidade da natureza. Um local com um cenário inspirador, onde a serenidade pode ser vivida em todo o seu esplendor. Aqui está um destino de sonho, com um ambiente encantador e que nos promete proporcionar momentos inesquecíveis. 

Vista Restaurante

 Rodeado por uma paisagem deslumbrante, o restaurante combina o requinte com a hospitalidade, num espaço histórico que soube adaptar-se na perfeição às mais modernas exigências. Assim começa a apresentação do VISTA, o restaurante gastronómico inserido no Hotel Bela Vista em Portimão.

Vista Restaurante

 Quando entramos num estrela Michelin, estamos certamente a contar com uma marca diferenciadora, uma inspiração, um lema que justifique esse reconhecimento. É pena, que em alguns casos, nesta busca pela excelência se esqueçam as origens. E no caso português, à beira mar plantado, há melhor herança que o mar? E foi exactamente a pensar nesse amigo de longa data que o Chefe João Oliveira criou o Menu do mar e sustentabilidade, inspirado na cozinha nacional e mediterrânica, respeitando os sabores originais e a frescura dos ingredientes. Quase que é uma homenagem a quem carrega o sal das lágrimas de Portugal. 

Vista Restaurante

 Iniciamos a degustação com a frescura, picante e alma cítrica da Amêijoa do Algarve,  gengibre e Líchia e com uma incrível Alga Codium e alface-do-mar. A alga era possuidora de uma textura muito carnosa, com um sabor inconfundível que nos remete um pouco para os percebes. A crocância, vegetalidade e maresia promoviam um contraste muito elegante. 

Vista Restaurante

 Depois do finger-food era chegada a hora do Sarrajão, Berbigão, Pepino e Rúcula. Muito guloso, complexo e rico, com um ligeiro fumado que perfuma todo o prato.  O berbigão acrescentou cor, irreverência e vivavidade. Termina como um bom vinho, longo, harmonioso e equilibrado. 

Vista Restaurante

Seguiu-se um jardim de nenúfares, pintado no prato e que o chefe decidiu chamar Cavala,  Ervilhas e Vinagre Lavanda. Fez-me regressar por momentos a Singapura devido à orientalidade vegetal que emanava. Intenso, sumptuoso e com uma combinação magistral entre o wasabi e as ervilhas. 

Vista Restaurante

 É tão bonito quanto saboroso.  A bolacha de arroz e o tártaro de cavala finalizaram o prato, fazendo-nos regressar para Portugal, para a beira-mar, quase que para o interior de uma lota, tal era a concentração de aromas a mar e a peixe. 

Vista Restaurante

 Depois um dos pratos que mais gostei: Sardinha, Pimentos e Tomate verde. Assente num desenho em tinta de choco, envolta em puré crocante, sobre salada algarvia e gelificação de tomate, exibiu uma harmonia muito engraçada entre a doçura da gelificação, a acidez do pimento e o sabor intenso da sardinha. Uma roda viva de texturas, aromas, intensidades, cores e sabores. Viva o S. João ;)

Vista Restaurante

Com a Lula Dos Açores,  Galanga e Coco vieram o raviolli de lula, um delicioso molho de galanda e coco e uma sopa tailandesa feita com ingredientes lusitanos. Para além de  ser um prato muito fresco e com um sabor arrebatador, foi complexo e suculento. Um prato que mostra claramente que é possível diversificar aromas com produtos orgulhosamente nacionais. 

Vista Restaurante

Todo o menu, com a excepção das sobremesas, foi acompanhado pelo Quinta de Santiago Alvarinho 2016. Com lichias, maracujá, jasmim, uma elevada mineralidade, subtil tosta e excelente acidez que fizeram realçar os diferenses aromas e sabores.

Vista Restaurante

Na minha opinião o prato que mais cresceu com o vinho foi a Pescada, Abacate e Lingueirão. Muito elegante, com uma espuma de lingueirão irrepreensível e uma mousse de abacate cremosamente deliciosa. O toque apimentado acrescenta-lhe profundidade e o vinho põe todos os ingredientes a "falar a mesma língua". Introduziu ainda um jogo de texturas que teve o seu apogeu no prato seguinte.

Vista Restaurante

Liça Robalada, Funcho e Alface. Tem espumas, tem crocantes, tem voluptuosidade, tem aromas terrenos, tem sabores do mar ... tem alma de navegador ;) Chega até a ser divertido de mastigar devido à mistura de diversos níveis de crocância. É inteligente, é intenso, é complexo.  A fermentação da alface e fritura da salsa acrescentam-lhe originalidade, sofisticação e sabor.

Vista Restaurante

O último a aparecer , antes das sobremesas, foi o Peixe-galo, Cogumelos e Ovas. Se o peixe fosse carne, seria parecido com isto :-P Um prato intenso, voluptuoso e untuoso, chega quase a ser um exagero gastronómico. Mas ao mesmo tempo é elegante, tem maresia e um toque de Midas na conjugação dos diferentes sabores. 

Vista Restaurante

A pré-sobremesa, Laranja do Algarve, foi uma das criações mais bonitas e engenhosas que tive o prazer de provar. "Empratada" numa espécie de bonsai de laranjeira, é constituída por compota de laranja envolta numa fina camada de chocolate laranja. É mais tarde, saboreada no prato, e na companhia de uma compota de laranja, feita essencialmente com a casca da mesma. 

Vista Restaurante

Se fosse possível reduzir, condensar e aprisionar todo o sabor de uma laranja do Algarve de extrema qualidade, tenho a certeza que o resultado não poderia estar muito longe desta pré-sobremesa, que teve o condão de despertar todo o palato para a ultima estação desta saborosíssima viagem. 

Vista Restaurante

  Maça verde, Aipo e Wasabi harmonizada com a flor de laranjeira, líchia, frutas tropicais, frescura e delicadeza do Niepoort Dócil 2015. O granizado de maça com o toque do wasabi resulta numa criação muito fresca, com enorme fragrância e um picante muito agradável. Para além disso conjuga na perfeição mais três elementos: a crocância, a fruta e a cremosidade. É em pratos como estes que a criatividade atende ao desejo de experimentar e surpreender, onde a cozinha se encontra com a arte.

Vista Restaurante

 Este menu aproveita as tradições gastronómicas portuguesas e reinterpreta-as de maneira elegante e evoluída, utilizando com conta, peso e medida, os produtos frescos disponíveis. As paredes brancas, os assentos confortáveis e cores suaves de creme e areia, os detalhes com temática do mar e a bela vista para a o mediterrâneo marcam a decoração moderna, mas discreta do restaurante.  O Perto e o longe, a terra e o mar, o verde e azul, o antigo e o moderno.

Vista Restaurante

 Uma apaixonante descoberta de diferentes sabores, cores, texturas, sorrisos e da nossa história. É uma cozinha de amor, paixão e sagacidade, com óptimos e deliciosos sabores, refinada, mas sem deixar de ser sedutoramente genuína. Adorei a diversão que tive com alguns dos pratos, a paixão por sabores puros e combinações harmoniosas. E sobretudo adorei as vozes do mar que cada prato carregou. A homenagem a um mar amigo, talvez a voz de um Portugal antigo, que como defende Florbela Espanca, quase que parece chamar por Camões ... numa saudade

Real Companhia Velha | Cidrôversatilidade

Quinta de Cidrô

 A Quinta de Cidrô, com uma localização privilegiada em São João da Pesqueira, na sub-região de Cima Corgo, no Douro Vinhateiro, continua a contribuir para a imagem de um Douro moderno com a implantação de castas portuguesas e internacionais que dão corpo a novos estilos de vinhos. É o caso dos cinco vinhos da colheita de 2017 – um rosé e quatro brancos –, dotados de uma frescura e características aromáticas adequadas ao Verão. Quanto aos  tintos, valerá a pena esperar pelo momento oportuno para celebrar em grande ou apenas saborear com quem mais se gosta de partilhar um vinho de excelência.

 Quinta de Cidrô

 Apesar da atipicidade climática do ano vitivinícola de 2017, a vindima efectuada em tempo oportuno, resultou em mostos de grande qualidade que levou à criação do ‘Quinta de Cidrô Alvarinho branco 2017’, do ‘Quinta de Cidrô Chardonnay branco 2017’, do ‘Quinta de Cidrô Sauvignon Blanc branco 2017’, do ‘Quinta de Cidrô Gewürztraminer branco 2017’ e ainda do ‘Quinta de Cidrô rosé 2017’.

Quinta de Cidrô

Um Alvarinho de guarda. Apesar de ser autóctone da sub-região de Monção e Melgaço, na região dos Vinhos Verdes, a casta branca Alvarinho é o resultado soberbo da constante inovação nas vinhas da Quinta de Cidrô. Com fermentação e estágio de seis meses em cubas inox o Quinta de Cidrô Alvarinho 2017 (€9,00) apresenta uma cor citrina levemente dourada, a denotar concentração. Nos aromas, delicados, nota para os citrinos e a flor de laranjeira. Tem uma boca rica e cheia. Encorpado e fresco, tem um final de boca longo e distinto, salientado por uma acidez estaladiça e uma saborosa mineralidade. É acima de tudo, um Alvarinho do Douro para harmonizar com peixe e marisco grelhados.

Quinta de Cidrô

A expressividade do Sauvignon Blanc (€13,50). As uvas da casta francesa Sauvignon Blanc são prensadas em prensa pneumática, com a fermentação e o estágio de três meses em cubas de inox. O processo de vinificação enfatizou o aroma expressivo da casta, com leves notas de espargos, pimenta verde e toranja bem integrados por uma evidente impressão de mineralidade. Na prova, o Quinta de Cidrô Sauvignon Blanc 2017 mostra-se um vinho rico e intenso que, ao mesmo tempo, preserva um sentido de leveza e frescura. Apesar de impressionante, ainda irá crescer muito em garrafa. 

Quinta de Cidrô

A complexidade de aromas tropicais do Chardonnay. Após a colheita, 80% do vinho fermentou, durante mais de oito meses, em barricas de carvalho francês, em contacto com borras finas e foi submetido ao método de batonage; os restantes 20% fermentaram em cubas de inox. Assim, o Quinta de Cidrô Chardonnay 2017 (€14,00) apresenta-se limpo e brilhante, com uma atraente cor amarelo pálido. A casta impressiona pela sua concentração e intensidade, exibindo uma complexidade de aromas tropicais, como o ananás, além do pêssego e da pêra, harmoniosamente integrados, com ligeiras nuances de madeira e notas amanteigadas. Na boca denota uma excelente acidez. É refrescante e muito equilibrado. O final de prova é persistente. Recomendam-se o bacalhau, o lavagante e as saladas para o acompanhar à mesa.

Quinta de Cidrô

Um Gewürztraminer invulgar. Fermentado sob condições modernas e de protecção contra a oxidação, este Quinta de Cidrô Gewürztraminer 2017 (€14,00) evidencia as características inerentes à casta. Ou seja, houve o cuidado de respeitar a sua componente aromática, com as nuances de líchia e de rosa muito evidentes no nariz. No entanto, é um vinho extremamente original, pois mostra o carácter do Douro ou não estivesse esta variedade de uva completamente transformada por causa da influência do terroir duriense. Por isso é um néctar seco, austero e com uma bela acidez, tal como os vinhos brancos do Douro. A companhia perfeita para sushi, pratos de caril e saladas.

Quinta de Cidrô

O refrescante rosé de veraneio. As castas autóctones constam no portefólio vinhateiro da Quinta de Cidrô. É o caso da Touriga Nacional e da Touriga Franca, as variedades de uva que fazem parte deste Quinta de Cidrô rosé 2017 (€10,50). Da fermentação e estágio – este de seis meses – em cubas inox, resulta um vinho que revela enorme intensidade de notas florais combinadas com frutos vermelhos. É um rosé refrescante e equilibrado, com boa acidez. O final de boca aveludado e mineral “casa” bem com pizzas, carpaccios e saladas ou apenas para saborear enquanto os seus amigos cozinham.

Quinta de Cidrô

Nos tintos estão representados os anos de 2016, 2015 e... 2007!!!

A cuidadosa selecção de uvas nas parcelas de Pinot Noir confere a delicadeza da casta, além de ser um dos critérios aplicados na elaboração do Quinta de Cidrô Pinot Noir 2015 (€15,00). Parte das uvas são desengaçadas manualmente. Por sua vez, o processo de fermentação é utilizado o método manual de “baixar a manta”, para uma extracção suave e capaz de providenciar aromas delicados. O estágio ocorre por um período de 12 meses em barricas de carvalho francês, das quais 30% são de madeira nova. A bela cor ruby revela elegância e finesse neste vinho detentor de notas típicas de cereja e groselha harmoniosamente integradas com nuances de baunilha. O final de boca longo e frutado é aperfeiçoado após umas horas de decantação para, a posteriori, acompanhar com cabrito ou cordeiro assado no forno e empadão de perdiz.

Quinta de Cidrô

A Touriga Nacional é a mais conhecida e ilustre casta duriense. Após a selecção criteriosa das suas uvas, é utilizada na feitoria do Quinta de Cidrô Touriga Nacional 2016 (€14,00). Só depois é que são fermentadas em cubras médias de inox, seguindo-se o estágio de 50% em barricas de carvalho francês durante 12 meses. Nas notas de prova revela-se um vinho complexo com grande carácter varietal, aromas a frutos vermelhos e acentuadas notas florais. Embora intenso e expressivo, é fresco e elegante. Dá imensa satisfação enquanto jovem e vibrante, para acompanhar pratos de caça, carne vermelha e queijos sem, no entanto, deixar de surpreender quem opte por aguardar a evolução em garrafa.

Quinta de Cidrô

A colheita de 2015 traz também para esta lista vínica da Real Companhia Velha o Quinta de Cidrô Cabernet Sauvignon / Touriga Nacional tinto 2015 (€16,00), o lote de castas tintas que combina a variedade de uva tinta mais conhecida no mundo e a casta bandeira de Portugal. A fermentação em cubas de inox e o estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês (50% novas, 50% usadas) deram origem a um vinho limpo e brilhante de cor ruby profundo, intenso e complexo, mas também muito elegante. É equilibrado por uma excelente estrutura e é encorpado. Os aromas de fruta preta, baunilha e chocolate revelam um enorme potencial para evolução em garrafa.

Quinta de Cidrô

O Quinta de Cidrô Marquis é um lote de vinho seleccionado para homenagear o Marquês de Soveral, nascido em São João da Pesqueira, em 1851, precisamente nesta quinta, então propriedade da aristocrática Família Soveral. Por essa razão, a Real Companhia Velha confere a cuidada selecção da Touriga Nacional e da Cabernet Sauvignon, as castas tintas ali predominantes, para a feitoria deste elegante tinto, que exprime a excelência dos néctares da Quinta de Cidrô. A fermentação ocorre em cubas de inox, seguida de um estágio em barricas de carvalho francês (50% novas e 50% usadas) por um período de 14 meses.

Quinta de Cidrô

O resultado da colheita do ‘Quinta de Cidrô Marquis tinto 2007’ (€38,00)anuncia o expoente máximo do Douro Vinhateiro, com muita intensidade e complexidade no nariz onde se salientam aromas apimentados, fruta preta, menta e baunilha, demonstrando toda a sua juventude. É um vinho bem estruturado e encorpado, apesar de, ao mesmo tempo, se revelar fresco e elegante. Tem um enorme potencial para evolução em garrafa e acompanhar pratos de caça e carne vermelha.

Novas Colheitas Poças | Quiçá viver além uma Quimera

"A maioria das artes exige longo estudo e aplicação, porém, a mais bela de todas, a simpatia, apenas exige vontade."  Philip Chesterfield

Poças

A Quimera é uma figura mitológica resultante da mistura de dois ou mais animais e com a capacidade de lançar fogo pelas narinas. Oriunda da Anatólia (Turquia), este monstro fantástico é filha de dois outros monstros ferozes: Equidna, metade serpente e metade mulher, e Tifão, o maior e mais temível monstro das lendas gregas.

Poças

Que é que isto tem a ver com os novos vinhos apresentados pela Poças? Tudo :P Mas não queimemos etapas, voltaremos aos monstros gregos um pouco mais à frente. 

Poças

 Tive a oportunidade e o prazer de estar presente na apresentação das novas colheitas da Poças, cuja  epítome seria o lançamento de um topo de gama branco, em ano do centenário (um pouco como aconteceu com o Símbolo, nos tintos). Produzido a partir de uvas de solos graníticos, o novo Poças Branco da Ribeira 2017 enaltece a diversidade do terroir do Douro e é uma homenagem à tenacidade da região.

Poças

A prova/apresentação iniciou com o Coroa d'Ouro branco 2017. Um excelente entrada de gama, produzido a partir das castas Malvasia Fina, Códega, Rabigato, Viosinho e Moscatel. Apresenta-se amarelo palha, carregado de frescura, alguma fruta (realçada pelo Moscatel) e irreverencia. 

Poças

O irmão, mais velho e tinto, o Coroa d'Ouro tinto 2016, possui uma alma muito própria com frutos silvestres, amoras, esteva, violetas e alguma salinidade. Produzido a partir Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz eTinta Barroca é denso, intenso e elegante. 

Poças

O foco virou-se para o Vale de Cavalos branco 2017. Um "reserva" branco, complexo, cheio e volumoso. As castas Códega, Rabigato, Gouveio e Viosinho foram colhidas nas zonas mais elevadas do Douro Superior para lhe assegurarem frescura. Pincelaram-no ainda com flor de laranjeira, acácia, pêssego, melão e loureiro. A madeira, quer no nariz, quer no palato, acrescenta-lhe complexidade, comprimento e dimensão. 

Poças

O homónimo tinto, tal como o branco, é limpo, bastante expressivo aromáticamente, elegante e fresco. Para além disso, com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca  o Vale de Cavalos tinto 2016 carrega muita fruta vermelha, cedro e notas florais. O ligeiro contacto com a madeira temperou todos estes aromas, fazendo com que a sua complexidade, coerência e estrutura fossem optimizados. 

Poças

Mais tarde, um dos momentos altos do dia, o Poças Branco da Ribeira 2017. Um branco feito com pinças e com todas as mordomias:  um controlo apertado de maturações, várias vindimas, selecção de uvas, prensagem suave numa titan, decantação a 4ºC durante cerca de 10 dias, fermentação numa cave com temperatura controlada a 15ºC em barricas novas de carvalho francês e estágio com batonnage por dez meses.

Poças

 O resultado deste "andar com o vinho ao colo" é um néctar com volume, untuosidade, espessura e uma acidez muito viva. É dos brancos novos mais elegantes que provei. A frescura muito particular, a ligeira mineralidade e as notas nobres a citrinos, baunilha e especiarias tornam-no complexo, subtil e equilibrado. 

Poças

 A cask sample do Poças Porto 10 anos Branco trouxe um vinho leve, fresco, equilibrado, com vida, alegria e uma excelente acidez. Muito diferente dos seus "concorrentes directos" porque a sua fruta, entre damascos e tangerina e notas a casca de limão, caramelo e mel não ficam ofuscados e sobrecarregados pela madeira, permitindo desta forma uma prova subtil, elegante e muito fresco. 

Poças

 Das caves da Poças surgiu o último vinho, e muito provavelmente, aquele que por motivos subjectivos, se tornou objectivamente no meu vinho preferido desta apresentação: o Poças Porto Vintage 2016. Traja um rubi profundamente misterioso, com intensa expressão aromática e corpo equilibrado, a mostrar a excelência do ano 2016 para a produção de Vinho do Porto, ano em que vários produtores declararam ano Vintage, a mais valorizada distinção dada a uma colheita.

Poças

 Os taninos não marcam demasiado e também por isso já dá um enorme prazer na prova. No nariz ainda está um pouco fechado mas tem todas as premissas que o irão fazer crescer (e muito) em garrafa. Delicadeza, frescura e brisas florais, em que a tradicional fruta em compota sofreu uma metamorfose para fruta do bosque. Poças

Surgem ainda notas de ameixa, framboesa, cedro e jasmim. Tem a elgância que 2015 não teve, é requintado, é elegante, a adstringência quase que desapareceu e o vigor parece contido. É um gigante ... simpático.

Poças

E a simpatia é mesmo uma característica de 2016, ano em que nasceu a minha princesa. Este Poças foi o primeiro vintage de 2016 que provei (entretanto já provei mais alguns) e essa feliz coincidência acrescentou a tal subjectividade nas minhas notas objectivas, fazendo-me pensar numa Quimera.

Poças

Porque a Quimera não é apenas um monstro, é também uma metáfora  de uma esperança ou sonho que não é possível alcançar, uma utopia. Por derivação de sentido, esta palavra, significa também o resultado da imaginação, um sonho ou fantasia.

Poças

  Por isso podemos dizer que produzir brancos de qualidade suprema no Douro em anos díficeis ou então vintages mais simpáticos, mais prontos a beber, mas sem sacrificar longevidade será ... quiçá viver além uma Quimera. No entanto a Poças com o Branco da Ribeira 2017 e o Porto Vintage 2016 mostrou que não é preciso lançarem fogo pelo nariz ou arrancarem as pernas e braços de Zeus para o conseguirem, basta longo estudo, aplicação e uma boa dose de simpatia, daquela que nasce connosco, parabéns ;)

Sabores da vida 2018 | Todas as palavras e sentimentos esdrúxulos

"Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!" Eça de Queiróz

Sabores da vida 2018 Na semana passada estivemos presentes, mais uma vez, num exclusivo encontro enogastronómico organizado pelo portal de gastronomia e vinhos Alivetaste: o encontro de comida e vinhos Sabores da Vida 2018,  que juntou o melhor da gastronomia e dos vinhos num cenário completamente arrebatador que é o jardim da Pousada do Freixo.

Sabores da vida 2018

Esta já é a terceira edição do evento destinado à comunicação social e convidados, no qual as criações de 20 chefes foram harmonizadas com 2 vinhos de cada um dos 35 produtores de diferentes regiões, num fim de tarde bastante agradável com vista para o Douro, tendo a música da Smooth como pano de fundo. 

Sabores da vida 2018

 Chefes já estrelados como Tiago Bonito, Miguel Laffan e Vítor Matos; e outros com condições para o virem a ser como Renato Cunha e Duarte Eira fizeram com que a qualidade geral da gastronomia subisse (e muito) de nível.

Sabores da vida 2018

Os petiscos iniciaram com um crocante de gamba da costa, miso e pimentos. O sabor sabor salgado e levemente doce do miso servia como elo de ligação entre os pimentos e a gamba, numa criação muito fresca, rica e saborosa. 

Sabores da vida 2018

Acompanhamos a proposta do Miguel Laffan com as notas de sal e maresia e sabores cítricos, frutados e pedra molhada do Carole Encruzado 2015. É um vinho que ainda precisa de mais uns anos em garrafa, mas já revela uma redondeza textural (existe esta apalavra? :-P) muito atractiva, uma acidez bastante viva e um excelente volume.  

Sabores da vida 2018

Vítor Matos apresentou um terroir de Melgaço e as minhas influências com porco bísaro, alheira de Melgaço,  vinho verde tinto, foie gras, trufa, pinheiro e cogumelos. Um prato complexo, equilibrado e reconfortante, como que a demonstrar, que mesmo neste género de eventos, Vítor Matos continua a um nível incrível. 

Sabores da vida 2018

A harmonização deste prato teria de ser feita com um vinho intenso e complexo. Escolhemos o Lupucinus Grande Reserva 2011. No nariz exibe frutas escuras, tabaco, cereja vermelha, amoras, violetas, baunilha, alcatrão, alcaçuz,  especiarias e hortelã-pimenta. No palato demonstra boa intensidade, textura sedosa, excelente acidez, taninos muito finos e um óptimo equilíbrio. Muito provavelmente, esta foi a nossa melhor harmonização.

Sabores da vida 2018

Entre fotos e sorrisos passamos para o próximo prato, rabo de boi, foie-gras e espuma de batata trufada pelo chefe António Vieira. A carne estava untuosa, macia, e levemente doce. Conjugada com a espuma de batata , cresceu em elegância e largura no palato.

Sabores da vida 2018

 Ganhou ainda mais expressão aromática com os mirtilos, cerejas, framboesa, frutos silvestres e tosta de madeira no nariz do Quinta da Casa Amarela km 15 Tinto 2015. Um vinho que na boca se apresenta com uma excelente frescura, intensidade e persistência. 

Sabores da vida 2018

Mostrando que por vezes o todo é be, maior que a soma de todas as partes, o chefe Renato Cunha conjugou a sua feijoada de cogumelos com feijoca branca com a costela no bafo do chefe António Carvalho. 

Sabores da vida 2018

 O sabor da costela e o modo com foi confeccionada, aprisionando os sucos da carne,  proporcionaram um sabor marcante. No entanto, é apenas na presença da feijoada que esta se realiza completamente. Mais uma criação à Renato Cunha, carregada de sabor, densidade, história, profundidade, mestria e memória. 

Sabores da vida 2018

O tempo na panela em ferro fundido, concentrou sabores, amaciou texturas e realçou as pontes entre os diferentes elementos da feijoada. Top ;) 

 O rastilho desta bomba gastronómica foi acendido pelo Discórdia Reserva 2013 e a sua fruta preta, esteva, violetas, especiarias, caixa de charuto e notas de fumo apetrolado. 

Sabores da vida 2018

No palato este vinho é intenso, voluptuoso, com taninos algo domesticados e final persistente. Fez-me querer conhecer o branco, e em boa hora o fiz.

Sabores da vida 2018

É um vinho incrível no nariz. Muito aromático e fresco, com notas tropicais, damasco, flor de limoeiro,  e esteva. Na boca revela elevada concentração, intensidade e volume. 

Para o fim, guardei os três vinhos que mais me surpreenderam. Um branco e dois tintos.

Sabores da vida 2018

 Começo pelo Alvarinho Nostalgia 2015. Muito discreto mas elegante no nariz, com toranja, pêssego, madeira nobre e um toque muito elegante de fumo. A acidez equilibra a madeira de uma forma muito peculiar.  Bom volume, excelente estrutura, acidez de elevada qualidade e muito equilíbrio. Acaba muito longo.

Sabores da vida 2018

Segue-se o retrato do primeiro vinho tinto a destacar:  frutos do bosque, cassis, ameixa, sous-bois, amora, esteva, rosas, pedra molhada e pimenta. Muito fresco, complexo, com taninos domesticados e final equilibrado, persistente e delicado. Esta é a impressão digital do Pormenor Tinto 2015.

Sabores da vida 2018 No interior do Envelope 2015 (nome, garrafa e rótulo muito bem conseguidos) estavam aprisionados aromas de frutos silvestres, especiarias, morangos, amoras, bagas silvestres, violetas  e, apesar da tenra idade, já alguns apontamentos de boa evolução em garrafa. No palato exibe uma frescura cativante, com uma acidez, taninos arredondados e um final de  boca mineral, persistente, intenso e elegante. 

Sabores da vida 2018

Neste vinho pretendeu-se contrariar a rapidez cosmopolita e aplicar uma outra filosofia – chamaram-lhe por isso Envelope, lembrando a longa viagem da carta até chegar ao seu destino.  

Saibamos então apreciar o tempo, contrariando a implementada azáfama dos tempos modernos. Este vinho acaba assim, por ser também uma excelente metáfora para o Sabores da vida 2018.

Sabores da vida 2018

 Com tempo, partilha e amizade, celebrar o que a vida tem de melhor para nos dar, através de um conjunto de palavras e sentimentos esdrúxulos, o tal amor ridículo de Fernando Pessoa, guardados num envelope. Porque é apenas com amor, com sentimentalidades e com orgulho, que estes vinhos, que esta gastronomia, que este convívio amigo podem ser pincelados. A alma, essa (a de Eça), cobriu-se de um luxo radioso de sensações ;)

 

Obrigado Mário e Celeste pelo convite e parabéns Mário pelo nível em que colocaste este evento.

 

Sunset Wine Parties no The Yeatman | Celebrar o verão

Sunset Wine Parties no The Yeatman

As festas de verão estão de volta ao The Yeatman, reunindo uma combinação de irresistíveis prazeres: vinhos, petiscos, música e, claro, o cenário perfeito desenhado pelo pôr- do-sol sobre a cidade do Porto e o Rio Douro.

Sunset Wine Parties no The Yeatman

As Sunset Wine Parties têm data marcada para os dias 26 de julho, 23 de agosto e 27 de setembro e já é possível adquirir bilhetes através do site do hotel em eventos.theyeatman.com. As entradas são limitadas e aconselha-se compra antecipada.

Sunset Wine Parties no The Yeatman

Num formato descontraído, o The Yeatman convida a brindar ao verão, com uma seleção de vinhos de 25 produtores nacionais, parceiros do hotel. Este ano há uma novidade: além dos habituais bares com espumantes, vinhos brancos, rosés e tintos de verão, haverá um espaço de prova, em que os produtores estarão presencialmente a apresentar os seus vinhos, dando a conhecer a sua história.

Sunset Wine Parties no The Yeatman

 À experiência vínica junta-se a experiência gastronómica, com um generoso buffet de sabores da estação, como mariscos e ostras, várias saladas, queijos e enchidos, bem como uma seleção de pratos quentes e uma tentadora mesa de sobremesas.

Sunset Wine Parties no The Yeatman

 Saborosos pretextos que prolongam a festa do pôr-do-sol para a noite, até à 1h00, ao som de um DJ convidado. E porque esta é uma festa feita de pequenos prazeres, o Spa de Vinotherapie® Caudalie estará ainda a proporcionar relaxantes massagens de mãos.

Sunset Wine Parties no The Yeatman:

As entradas nas Sunset Wine Parties têm o custo de 95, 00 € por pessoa. As reservas de grupo, a partir de 8 pessoas, beneficiam de um valor promocional de 85, 00 € por pessoa.

Façam o favor de aparecer e brindar connosco a esta estação magnífica que é o verão ;)