"Localizada no concelho de Barcelos, numa zona privilegiada para a produção vinícola, a Quinta beneficiou, durante cerca de quatro anos, de minuciosas obras de restauro, requalificação e decoração do Solar, cuja Torre remonta ao século XV, ao mesmo tempo que eram plantadas novas vinhas com castas nobres regionais (especialmente Loureiro e Pedernã) numa área de quase 34 hectares." Quinta de Azevedo

Como já repararam (ou deveriam de ter reparado ;)), acabamos de abrir mais um cantinho no meu palato: O Cá por casa. Vem cumprir duas finalidades, a primeira, mais importante, a de corresponder aos pedidos de alguns produtores para a nossa crítica aos seus vinhos e a segunda, mais de gestão, a de renascer um antigo espaço que existia no blogue, o Notas Soltas. Para além da avaliação enófila dos vinhos que me vão mandando cá para casa, vou tentar, sempre que possível, harmonizar o vinho em discussão com um prato cuja receita foi criada por mim, outra das minhas paixões ;)

Para iniciar este novo espaço, escolhi a casta que me fez começar a gostar de vinhos, o Alvarinho. Neste caso na narrativa da Quinta de Azevedo. Com ligações históricas à região, e proprietária da Quinta de Azevedo desde 1982, a Sogrape lançou a gama Azevedo em 2018 com o objectivo de explorar diferentes expressões de terroir Alvarinho. Desta forma, o Azevedo Alvarinho Reserva 2018 é a mais recente novidade da marca – um vinho que explora a riqueza desta nobre variedade minhota, considerada por muitos como a melhor casta branca portuguesa e uma das mais famosas em todo o mundo.

Quando chegou à região e assumiu a responsabilidade por Azevedo, António Braga foi desde logo desafiado a criar vinhos com perfis distintos e que respondessem a apreciadores que privilegiam brancos aromáticos, frescos e com maior complexidade. Este Azevedo Alvarinho Reserva 2018 (86 pts.; P.V.P. recomendado 6.79€) procura ser uma interpretação mais moderna desta casta, de excelente qualidade e notoriedade, num perfil alinhado com o portefólio da marca. 

Traja uma cor amarelo-citrina brilhante, esbatida e bastante sedutora. O nariz é muito aromático, bastante intenso e com uma ligeira rusticidade que lhe fica bem. É muito complexo, com notas de jasmim, pêssego, damasco, lichia e manga. No palato são confirmados os predicados do nariz, verificando-se um excelente equilíbrio, frescura e persistência.  

Acaba com grande elegância, amplitude e volume. Um alvarinho de alma e coração, que revela um perfil verdadeiramente continental. Leve, versátil e fácil de beber, mantendo a complexidade e a qualidade que lhe são características. Harmonizei-o com um linguado assado no forno com molho de citrinos, procurando criar uma ponte eno-gastronómica através da acidez de ambos os intervenientes.

Ingredientes (2 pessoas):

2 linguados, 4 dentes de alho, 1 colher de sopa de Porto Tawny, sumo de 1 laranja, sumo de 1 limão, sal, pimenta, noz moscada, azeite feijão verde, espargos e tomate-cereja.

Preparação:
Na peixaria peçam para limpar a amanhar os linguados. Em casa temperem-no com umas pedrinhas de sal grosso. Numa assadeira coloquem o alho cortado em lascas e reguem com um pouco de azeite. Acrescentem o molho previamente misturado (2 colher de sopa de Porto Tawny, sumo de 1 laranja, sumo de 1 limão, sal, pimenta e noz moscada). Coloquem por cima o peixe, com as escamas viradas para cima. Reguem com um pouco de sumo de limão e acrescentem mais umas pedras de sal grosso. No fim levem-no ao forno a 200º durante 35 minutos.

Acompanhem o peixe com feijão verde e espargos salteados no alho e com uma salada de tomate-cereja.

Espero que gostem ;)