Brunch no Maison Albar Hotels Le Monumental Palace | Respirar Paris com vista para os Aliados
"Fechei o caderno, coloquei-o no bolso e pedi ao funcionário uma dúzia de ostras e meia garrafa do vinho branco seco. Depois de escrever um conto sentia-me sempre vazio e simultaneamente triste e feliz, como se tivesse acabado de me entregar ao amor físico. Comi as ostras, que possuíam forte gosto de mar e um leve travo metálico que o vinho branco gelado lavava, deixando somente o gosto de mar e a suculenta textura; à medida que ia sorvendo o líquido frio de cada concha e o fazia descer acompanhado do estimulante sabor do vinho, o sentimento do vazio foi-me abandonando e vi-me de novo feliz, cheio de planos." Ernest Hemingway
"Não tenho medo de nada", era a frase mais usada por Hemingway na sua infância. Se calhar foi por isso que procurou por guerras em Itália, Espanha, na China (hoje em dia encontrava lá coisas bem piores) e em França. Em Espanha perseguiu touros e em África caçou leões...
Hemingway sobreviveu a despistes de carros, acidentes de avião e ao trabalho como espião do KGB. Bebeu prodigiosamente, casou-se quatro vezes, ganhou prémios Pulitzer e Nobel e morreu, como o seu pai, através de um suicídio e com a mesma pistola. A fraqueza de Hemingway? Estava sempre com fome de bons petiscos e com sede de bons vinhos, sobretudo quando esteve em Paris.
Os textos escritos por Hemingway quando esteve na capital francesa (1921-1923), dão-nos um relato verdadeiramente nostálgico da vida gastronómica de Paris. Em todas as suas obras, a vida gira em torno de restaurantes, do vinho, do cheiro a pastelaria acabada de fazer, de comida bem confeccionada, de sobremesas a belle époque e muitas vezes de ostras...
Se fosse vivo, Hemingway, por certo, adoraria o conceito de brunch inventado pelos britânicos. E é para vos "falar" de um brunch que hoje vos escrevo.
O brunch do Maison Albar Hotels Le Monumental Palace foi servido na mezzanine do hotel, onde podemos desfrutar de variadas saladas, entradas, mariscos (as ostras são TOP Hemingway ;)), e outras receitas à altura de um bom Domingo em família.
Começamos pelas deliciosas panquecas com leve sabor a baunilha, e um pouco mais altas que o costume, o que as tornas bastante mais fofas e prazerosas. O difícil foi "fazer" com que a Bia as parasse de comer ;) Mais tarde percebemos que em todas as criações o Chef Juien Montbabut (estrela Michelin em Paris) sublima o essencial do brunch, deixando fluir a sua inspiração com novos e inusitados sabores.
São disso exemplo os Mini-hamburgers e os Ovos Benedict (com salmão, abacate e uma untuosidade refrescante deliciosa, ainda fico com água na boca ao pensar neles, pois promoviam no palato uma interessante mistura de sabores, texturas, densidades e intensidades).
A Vitela com laranja e cenoura com um toque de açafrão que dá um fumado muito interessante à carne, e o super delicado Lombo de bacalhau, brócolos e couve pak choi deixam transparecer uma visão moderna, intimista e com sotaque francês da culinária portuguesa.
Para finalizar com um toque mais adocicado e a pensar nos mais gulosos há ainda uma selecção de deliciosas sobremesas criadas pela Chef de pastelaria Joana Thöny: Panna cotta, mousse de chocolate, far breton, pudim de caramelo, entre outras surpresas. Gostei imenso da Telha de amêndoa super saborosa e rica, e da acidez refrescante do Cheesecake de lima. A Panna cotta de café é o melhor elemento de transição que este repasto poderia ter para o café ;)
Como se tudo isto já não bastasse a barmaid Ana prepara uns cocktails , ora mais clássicos ora com evidente marca de autor, pensados para harmonizarem a refeição ou "apenas" para deleite do palato.
O refrescante cocktail de Maracujá (para a Clarisse) e o saborosíssimo com Morango e Beterraba (para a Bia), ambos sem álcool, são marcas indeléveis do compromisso com a excelência do que ali se faz, pois o objectivo é o de que todos possam tomar o máximo proveito destes momentos de prazer.
Tudo isto num edifício super confortável e acolhedor, com uma monumental fachada gótica e que no interior "aprisiona" ainda alguns elementos e características originais, como o corrimão da escadaria, que foi recuperado, ou a grandiosidade do pé-direito, que lhe confere a monumentalidade de outrora, recriando com elegância o espírito e ambiente Art Déco e Art Nouveau, icónico da década de 30 do século XX. Merece sem dúvida uma visita!!!
O serviço bastante profissional, preocupado, eficiente e afável, conjugado com a comodidade e aconchego resultante do acesso à sala de estar e à biblioteca, tornam esta experiência inesquecível.
Esta foi também a primeira visita a 4 do blogue, monotonia é uma coisa que deixou de existir ;) Uma oportunidade para respirar Paris com vista para os Aliados, e isso, respirar Paris, como dizia Vítor Hugo no seu famoso livro Os Miseráveis, conserva a alma ;)
O brunch está disponível entre as 13h00 e as 15h00, aos Domingos e com o custo de 26€, e sem qualquer tipo de exagero foi o melhor brunch (aliando a um excelente serviço) que tivemos até hoje, parabéns e até um dia destes ;)
Uma última palavra para o responsável de F&B do Maison Albar Hotels Le Monumental Palace, o Diogo Matos, que conheci em outras paragens, não muito longe dali: o serviço rápido e eficaz, troca de talheres quando caiem (especialmente com as crianças), máxima preocupação com a limpeza, e o criterioso compromisso com a qualidade e frescura dos produtos mostra que o conceito que ali está a ser criado vai criar impacto ... com certeza!!! Que não tenhas medo de nada...
Saímos de lá felizes, cheio de planos e com pontuação máxima anotada pela Bia ;)