Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

No meu Palato

No meu Palato

Hotel República | O maior segredo dos Templários

"A vida bem preenchida torna-se longa." Leonardo da Vinci

Hotel RepúblicaCabelos brancos!!! Começo a ter problemas com eles (bem, na verdade já há algum tempo ;)). No séc. XIII este não era um assunto que incomodasse os homens de então, porque não viviam o suficiente para os ver nascer.  Mesmo para os homens ricos, da nobreza ou do clero a expectativa média de vida pouco passava dos 30 anos. Essa esperança média de vida aumentava para 48 quando o patamar dos 20 anos era atingido. 

Hotel RepúblicaOs Cavaleiros Templários eram então tidos como uma excepção a esta regra. Uma protecção divina, uma poção mágica ou um segredo (muito bem guardado) eram as explicações mais populares para os mais de 60 anos de esperança média de vida que os membros desta ordem militar católica possuíam. Os Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão (nome pelo qual eram conhecidos inicialmente os Templários) foram uma ordem militar religiosa fundada em 1119 e posteriormente reconhecida pela bula papal de Inocêncio II em 1139. Tinham como principal missão a defesa dos cristãos que viajavam para a Palestina (é triste perceber que há conflitos que parecem querer prologar-se no tempo). 

Hotel República  Durante as cruzadas o seu número de membros, poder e influência mundial cresceu vertiginosamente. Os cavaleiros templários, com os seus famosos mantos brancos adornados com uma cruz vermelha, eram considerados uma elite militar que era usada como tropa altamente especializada "apenas" nas batalhas mais importantes. Foi o caso da Batalha de Monte Gisardo, onde cerca de 500 cavaleiros templários ajudaram Jerusalém a derrotar o exército de Saladino (Império Aiúbida) com mais de 26.000 soldados!!! 

Hotel RepúblicaNo entanto, os Templários não eram uns meros monges guerreiros. Os seus membros não combatentes (que representavam até 90% do total) administravam uma grande infra-estrutura económica um pouco por toda a Europa cristã, desenvolvendo até instrumentos financeiros inovadores dos quais são exemplo a criação do primeiro banco e de uma moeda virtual codificada (a Bitcoin não é assim uma ideia tão inovadora) que permitia movimentos financeiros entre as diferentes ordens. Tudo isto enquanto iam construindo a sua própria rede com quase 1.000 comandos e fortificações por todos os reinos cristãos, formando desta forma, e sem qualquer margem para dúvidas, a primeira corporação multinacional do mundo.

Hotel RepúblicaA "boa fama" da ordem sempre esteve ligada aos esforços que a mesma desenvolvia para reconquistar e manter a Palestina, mas quando este principio basilar das cruzadas começou a perder o foco, o apoio aos Templários enfraqueceu quase tão depressa como surgiu. Em 1307, a ordem é destruída em grande parte pelos esforços do rei de França, Filipe IV. Profundamente endividado com a Ordem, Filipe usou a revolta popular para com os Templários e para com outra ordem, a dos Cavaleiros Hospitalários, para forçar a sua fusão numa espécie de "super-ordem militar". Esta estratégia fez com que o rei conseguisse investigar todas as suas práticas mais duvidosas  e, em seguida, confiscar as suas riquezas.

Hotel RepúblicaO colapso dos Cavaleiros Templários foi veloz e muito dramático, pois os advogados do rei e inquisidores papais acusaram todos os seus elementos de corrupção, blasfémia e crimes sexuais. Apesar de todas as suas riquezas e privilégios, a ordem nunca teve a destreza de estabelecer para si uma base geográfica que lhes permitisse a defesa contra qualquer espécie de ataques, mesmo dos internos. Em 1312, os Templários foram dissolvidos pelo Vaticano e Jacques de Molay, o seu último Grão-Mestre, foi queimado na fogueira como herege em Paris no ano de 1314. Esta diminuição de poder, tão abrupta quanto sangrenta, por parte de uma força militar icónica e bem estabelecida em toda a sociedade europeia deu origem a especulações, lendas, livros e canções, que foram ganhando romanticismo ao longo dos tempos.

Hotel RepúblicaUma dessas lendas, que mais curiosidade e interesse despertou despertou ao longo dos séculos, foi a questão da longevidade com que iniciei esta publicação. Os mais românticos, como Francesco Franceschi (chefe da equipa de Medicina de Emergência da Universidade Católica do Sagrado Coração em Milão), atribuíam esta excepcional longevidade dos Cavaleiros Templários a um presente divino muito especial, como recompensa pelas suas acções tomadas em nome de Cristo. Todavia, ao invés de uma protecção forçosamente sobrenatural, uma análise do "código de vida dos Templários" (escrito no inicio do séc. XII pelo abade  Bérnard de Clairvaux e pelo fundador da ordem e primeiro Grão-Mestre Hugo de Payns), deu indícios bem claros de um segredo bem mais ... terreno. 

Hotel RepúblicaEste livro de regras ficou mais tarde conhecido como a Regra Primitiva dos Templários, ou Regra Latina, e bebeu inspiração nos ensinamentos dos santos Agostinho e Bento e também em alguns comportamentos recorrentes já estabelecidos como prática padrão entre os cavaleiros da ordem. As 72 cláusulas originais que constituíam a Regra Primitiva aumentaram para mais de uma centena nas décadas seguintes, passando a incluir detalhes como os tipos de vestimentas que deveriam usar e quantos cavalos poderiam ter.

Hotel RepúblicaDa leitura do conjunto de regras iniciais, percebemos que lavar as mãos antes de qualquer refeição era obrigatório. Além disso, o refeitório estava sempre muito limpo e as mesas cobertas com toalhas. Quanto à comida, caçar era proibido, estando o consumo de carne limitado a três ocasiões por semana. Peixe, queijo, azeite e fruta fresca eram muito apreciados e consumidos com regularidade. A isto acresce ainda a ingestão de polpa de aloé, uma planta com propriedades anti-sépticas, anti-bacterianas e fungicidas. E que é que falta aqui meus amigos? 

Hotel RepúblicaVinho, pois claro. ;) O consumo moderado de vinho (há outra forma de o consumir? ;)) era também incentivado.  A dieta dos Cavaleiros Templários era, assim, mais saudável do que a de muitas pessoas da actualidade e não era nada comum da Idade Média, contrastando com a grande maioria da população que consumia alimentos gordos e repletos de calorias. Este estilo de vida mais saudável aliado a uma higiene cuidadosa e a momentos de lazer (impelidos com o objectivo de diminuir possíveis tensões e de estreitar os laços afectivos entre os diferentes elementos da ordem) é o segredo que explica a mítica longevidade dos Templários. 

Hotel RepúblicaA Ordem dos Templários estabeleceu-se também em Portugal no séc. XII, para ajudar os primeiros reis portugueses na reconquista Cristã e para ganharem posicionamento estratégico para as Cruzadas. O seu castelo, que fundaram em Tomar, em 1160, era na altura a mais moderna, mais funcional e mais avançada estrutura militar do nosso país, tendo sido a sua construção fortemente inspirada nas fortificações da Terra Santa.

Hotel RepúblicaAconchegada ao longo das margens do rio Nabão, Tomar é uma das últimas cidades templárias de Portugal. A dominar as suas colinas surge o imponente Convento de Cristo, Património Mundial da UNESCO e também fundado pela Ordem dos Cavaleiros Templários. Ao chegar a esta cidade, é impossível não nos apaixonar por este monumento quase imaculado e também pela exuberância das árvores e dos jardins que lhe fazem guarda de honra.

Hotel RepúblicaEste convento (que inclui o castelo, a charola, os claustros góticos e renascentistas, a igreja Manuelina e a ermida), como não poderia deixar de ser, é a jóia da cidade, mas os seus encantos não se limitam a ele. Há ainda uma das mais antigas sinagogas da Europa (1430), o centro histórico com suas ruas pedonais, igrejas belissimamente ornamentadas e dois parques naturais que merecem (sem dúvida) uma visita (um situado à beira-rio e outro anexo ao convento). De quatro em quatro anos, Tomar acolhe também a Festa dos Tabuleiros, um festival de Verão onde os seus habitantes desfilam, orgulhosamente, com altas coroas na cabeça feitas de pão e flores.

Hotel RepúblicaDesde há duas semanas, Tomar tem mais um motivo para que a visitemos, o Hotel República Tomar, localizado junto à Igreja de São João Baptista (séc. XV), à Praça da República e ao centro histórico, o que permite uma visita pedonal a todos os pontos de interesse da cidade (com um carrinho de bebé, a subida até ao convento é desafiante ... mas faz-se bem ;))...

Hotel República Este hotel nasce do sonho de um filho da terra que quis voltar a Tomar e criar aqui um refúgio para o receber. O produto português foi sempre a primeira escolha e por isso o hotel foi construído, equipado e decorado por empresas portuguesas. Um conceito totalmente e orgulhosamente Made in Portugal. Encontrei lá um ambiente elegante, requintado, tranquilo e com um forte desejo de querer fazer bem.
Hotel RepúblicaO serviço é empenhado, profissional e próximo, sem se tornar invasivo. Tem um restaurante, o Praça, assente em produtos regionais e numa confeccão contemporânea,  que vale por si só a visita. A chefiar a sala (de extremo bom gosto e irrepreensível na escolha de copos, talheres e loiça) encontrei o velho amigo Jose Antonio Vargas. De entre os pratos que experimentamos destaco a dicotomia entre untuosidade e vegetalidade do Bacalhau e a alma gulosa do Fondant de chocolate. Com as afinações certas este restaurante pode ir longe, muito longe...

Hotel República
É por isto que recomendo vivamente o Hotel República: por permitir que a vida se preencha com momentos de lazer requintados, momentos enogastronómicos prazerosos, momentos afectivos enquanto redescobrimos a história do Templários e nutrimos o orgulho de ser Português, tudo em segurança e com cuidados de higiene super rigorosos (a ver se acabamos de vez com esta maldita pandemia). Já agora, não eram estes os quatro vértices que compunham o maior segredo dos Templários? ;)