Crasto Altitude 2021 | A(l)titude em cada gole
"Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado subtil de se deixar distinguir." Paul ValéryComo qualquer vinho da Quinta do Crasto, o Altitude 430 resulta de um meticuloso trabalho de investigação das equipas de viticultura e de enologia que, juntas, se dedicam à exploração do potencial das castas autóctones da região do Douro. Desta vez, o estudo foi feito com duas castas bandeira para o produtor, a Tinta Francisca e a Touriga Nacional, com um factor novidade – ambas estavam plantadas precisamente a uma cota de 430 metros de altitude, com exposição a Norte. Quer isto dizer que este vinho apresenta um perfil diferenciador da tradicional gama da Quinta do Crasto, que nos habituou a tintos com complexidade aromática, estrutura de corpo e potencial de guarda.
O Crasto Altitude 430 apresenta um grau alcoólico mais baixo e uma agradável frescura e elegância, demonstrando todo o potencial das castas que o compõem quando plantadas nestas condições. A par da estratégia de viticultura, está também uma vinificação diferente do habitual, com as uvas seleccionadas a serem ligeiramente esmagadas e transferidas para cubas de fermentação em aço inox com controlo de temperatura, onde fermentaram durante quatro dias com maceração pelicular e extracção muito ligeira. Seguiu-se uma prensagem para barrica usada de carvalho francês, onde terminou a fermentação e repousou durante 12 meses.
A colheita de 2021, a terceira desta nova gama, fica ainda marcada pela qualidade excepcional deste ano vinícola, que ficará na memória pela produção de vinhos cheios, com excelente frescura, aromas muito finos e taninos de textura sedosa. Pelo perfil diferenciador, recomenda-se que este vinho seja servido a uma temperatura mais fresca, idealmente entre os 15°C e 17°C. Uma sugestão descomplicada, a provar que os tintos podem – e devem – ser bebidos durante todo o ano.
No copo o Crasto Altitude 430 2021(17.90 €, 90 pts.) apresenta um cor rubi-romã, passando para o nariz com uma fruta muito bonita (frutos silvestres e mirtilos), sous-bois, esteva, pimenta preta e ligeiras impressões vegetais. É na boca que, quanto a mim, este vinho tem o seu melhor predicado: é suculento, fresco, fino (na acidez e na textura) e elegante. Para além de tudo o que disse anteriormente é um vinho que vai muito quer com carnes, quer com peixes, desde que leves, ou com conversas, desde que interessantes. É completamente impossível beber apenas um copo. Por isso metamoforiza muito bem a frase "Sobras de vinho? Não sei o que isso é!!!" :P Gosto muito desta referência, e o 2021 parece-me a sua melhor edição.