Herdade Grande | Singularidades de uma Miúda (que não é loira)
"Descobre a tua singularidade e investe preparação, tempo e dedicação. O resultado será surpreendente."
Irlei Hammes Wiesel
A Herdade Grande é uma das mais emblemáticas propriedades alentejanas. Sediada no Alentejo, a 5 Km da Vidigueira, e berço centenário da família Lança, que ali se instalou em 1920, a Herdade Grande tem uma forte tradição no sector agrícola e na viticultura.
A visão inovadora e experimentalista levou à conjugação das variedades emblemáticas da região com as grandes castas nacionais e internacionais que, pela adaptabilidade e originalidade, melhor contribuem para a expressão genuína dos vinhos alentejanos.
Lançou no mercado duas novas colheitas de referências já consagradas no portfólio de vinhos da casa: o Herdade Branco 2022 e o Herdade Grande Rosé 2022. Estas propostas de verão, que renovam um dos rótulos mais antigos do baixo Alentejo, distinguem-se pela frescura conferida pelo terroir da Vidigueira.
São acompanhadas da reedição, com a colheita de 2021, do Herdade Grande Tinta Miúda e do Herdade Grande Roupeiro. A chegada destes dois varietais significa a confirmação da continuidade de dois vinhos que, nas edições de estreia (em 2020), conquistaram grande aclamação.
O Herdade Grande Tinta Miúda, um tinto cativante nascido de uma casta menos comum no Alentejo, é um improvável e sedutor exercício de expressão da Vidigueira. Um vinho raro, acompanhado por outro de enorme distinção, o Herdade Grande Roupeiro Vinhas Velhas.
Um branco pleno de frescura, complexidade e carácter, que confirma a recuperação e boa forma da mais antiga vinha plantada na propriedade familiar centenária, liderada por António Lança e Mariana Lança.
O Herdade Grande Rosé 2022 (9.30 €, 86 pts.), rosa alaranjado, mostra-se ao nariz com framboesas, morangos, cerejas e acácia-limão. No copo é fresco, fino e equilibrado.
Já o Herdade Grande Branco 2022 (9.30 €, 87 pts.), amarelo-citrino, chega ao nariz com maracujá, limão, melaço, flor de laranjeira, alguma pedregosidade e uns ligeiros tostados. No palato é fresco, untuoso, ponderado e muito redondo.
Por sua vez, o Herdade Grande Roupeiro Vinhas Velhas 2021(23.40 €, 92 pts.), de porte amarelo citrino, brinda-nos com notas de pêra madura, toranja, pêssego, flores secas, e pedra partida. Na boca a pedregosidade é reforçada, surgindo ainda uma bela acidez aguerrida, equilíbrio e uma finesse que lhe assenta muito bem.
Por último, o Herdade Grande Tinta Miúda 2021 (23.00 €, 91 pts.) tem tudo para não ser consensual, no entanto eu gostei. De cor rubi-grená, carrega notas tostadas, fumo, frutos do bosque e um anis-herbáceo que o faz crescer em amplitude.
Na boca é muito elegante (algo que o nariz não faz antever), guloso, fresco e harmonioso. Gostava de o voltar a provar daqui a uns 10 anos, pois acredito que o melhor deste vinho ainda está para vir.
A Vidigueira é sinónimo de singularidade. Às amplitudes térmicas elevadas juntam-se os solos pobres marcadamente xistosos. São condições únicas para a produção de vinhos de carácter e elegância. Todos estes vinhos são uma expressão muito genuína desse terroir, com uma acidez nobre e uma fruta pura, mesmo em castas difíceis de "dançarem" a sós, como a Tinta Miúda.