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No meu Palato

No meu Palato

Alivetaste24 | Ele e ela

“Enquanto comia as ostras com o seu sabor forte a mar e o seu gosto ténue metálico que o vinho branco fresco lavou, deixando apenas o sabor do mar e a textura suculenta, e à medida que bebia o líquido frio de cada concha e engolia com o sabor crocante do vinho, perdi a sensação de vazio e comecei a ser feliz e a fazer planos." Hernest Hemingway

1Já aqui referi muitas vezes que vinho ocupa um lugar muito especial na nossa cultura.  Vemos isso na pintura, na escultura, na fotografia, no cinema, na mitologia, no teatro e na música. Nos livros, mesmo nos mais antigos (até na Bíblia!!!) ele possui uma enorme capacidade de inspirar narrativas, engrandecer feitos e realçar celebrações. 

2Em segundo plano, o vinho nas letras, é muitas vezes usado de modo a transmitir uma visão sobre uma determinada época, civilização ou momento histórico.  É com ele que entrámos na casas antigas dos nossos antepassados e nos sentámos à sua mesa, bebendo também um pouco dos seus hábitos, dos seus costumes e dos seus segredos. 

3Em muitas situações, quando há a necessidade de expressar sentimentos, momentos de grande alegria e celebração, ou mesmo oportunidades de profunda reflexão introspectiva, o vinho consegue encapsular uma enorme variedade de sensações num único gole de palavras. 

Alivetaste24Em boa parte dessas histórias e como símbolo semi-oculto de comunhão, harmonia ou encontro, o vinho só se "realiza" completamente na companhia da sua grande amiga, a comida. Ernest Hemingway, no seu livro “Paris é uma Festa”, publicado postumamente em 1964, homenageia essa relação entre comida e vinho, através das ostras:  

Alivetaste24"Enquanto comia as ostras com o seu sabor forte a mar e o seu gosto ténue metálico que o vinho branco fresco lavou, deixando apenas o sabor do mar e a textura suculenta, e à medida que bebia o líquido frio de cada concha e engolia com o sabor crocante do vinho, perdi a sensação de vazio e comecei a ser feliz e a fazer planos."

Alivetaste24Hemingway, prémio Nobel de Literatura em 1954, relacionava a comida e o vinho como poucos, captando o apelo pela necessidade de uma relação harmoniosa entre ambos e a vontade de encontrarmos o tempo, o local e a companhia adequada para os conseguirmos perceber verdadeiramente na sua essência.

7Ele e ela necessitam um do outro. Pois um sem um outro são como um livro sem uma boa capa ou um bom prólogo. Lê-se, mas não é a mesma coisa. O evento Alivetaste24 procura fazer exactamente isso: celebrar a harmoniosa combinação entre vinhos e gastronomia, proporcionando um ambiente onde se pode encontrar a verdadeira alma desse prazer ancestral.

Alivetaste24O Alivetaste regressa ao Pestana Palácio do Freixo, no Porto, no dia 1 de Julho, para um encontro inesquecível com vinhos, gastronomia e música. Num cenário deslumbrante sobre o rio Douro, Chefs de renome e prestigiados produtores nacionais vão apresentar as suas criações. 

Alivetaste24Os bilhetes estão à venda na ticketline. O Alivetaste – Sabores de Vida é já uma referência no panorama nacional, revelando o sucesso do conceito: um momento de encontro e de degustação de vinhos e gastronomia, num ambiente informal e encantador. 

11Cumprindo já a sua 8ª edição, o evento regressa no dia 1 de Julho, entre as 17 horas e as 22 horas, com um programa recheado de boas sensações, a começar pelas do paladar com 80 vinhos de 40 produtores de diversas regiões do país e 40 criações gastronómicas, em formato finger food, de 20 Chefs portugueses renomados.

12A envolver a degustação, haverá música ao vivo e música ambiente, apresentando-se um mix de DJ e saxofone com Ricardo Branco e a OnStore Music, com a Rádio Nova a assumir-se como a rádio oficial do evento.

13O sommelier Adácio Ribeiro, o primeiro estrela Michelin da Península Ibérica, vai coordenar o serviço de vinhos, contando com o apoio de um sommelier por cada wine bar (cinco, no total) e de estudantes do último ano da Escola de Hotelaria do Porto. Um cocktail bar do Rib Beef & Wine fará também parte das opções disponíveis no evento.

14Haverá ainda um desfile de moda da Prochef, que apresentará, pela primeira vez, uma linha inovadora de vestuário profissional para restauração e hotelaria, bem como acessórios, criados a partir de resíduos recolhidos no mar e nas praias portuguesas.

Alivetaste24“Estamos muito conscientes da importância da preservação do ecossistema e foi nesse sentido que, desde há alguns anos, a Alivetaste faz parceria com a Prochef para a apresentação de linhas de vestuário ecológicas e sustentáveis. Este ano, a Prochef apresenta-se em parceria com a Seaqual, que dá uma segunda vida aos plásticos recolhidos nos nossos mares por parte de pescadores e organizações não governamentais, para serem transformados em fios finos para o fabrico de tecidos, neste caso, para vestuário profissional”, sublinha Mário Rodrigues, director geral da Alivetaste.

Alivetaste24Uma união relevante, se tomarmos em conta que, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, 10 garrafas recicladas dão origem a um par de calças, 25 garrafas de 2 litros têm plástico suficiente para fazer uma camisola polar e 5 garrafas de plástico PET podem dar origem a uma jaleca.

Alivetaste24Inicialmente reservado a profissionais ligados aos vinhos, gastronomia, turismo e comunicação social, o evento é aberto ao público desde a edição de 2023, com número limitado de emissão de bilhetes, disponíveis na ticketline (120 €). 

Alivetaste24Entre os portadores de bilhetes, será sorteada, no dia, a oferta de vinhos presentes na edição e uma peça de louça da empresa Maria Terracota. Organizada pelo Alivetaste, um dos portais de gastronomia, vinhos e turismo mais vistos em Portugal, a iniciativa conta com o apoio da Viniportugal, Viagens El Corte Inglês, Escola de Hotelaria e Turismo do Porto e Turismo do Centro.

Alivetaste24A convite da organização, participam no evento jornalistas estrangeiros, estando integrada nesta press trip internacional a visita a regiões vitivinícolas portuguesas, este ano às regiões da Bairrada e Dão.

Alivetaste24Entre os produtores participantes estão: Aveleda – Villa Alvor (Algarve), Legado de Talhas (Alentejo), Casa Relvas (Alentejo), Monte Penedo Gordo (Alentejo), Adega Mayor (Alentejo), Herdade da Malhadinha Nova (Alentejo), Anta de Cima | Argilla Wines (Alentejo), Ravasqueira (Alentejo), Caves São Domingos (Bairrada), Quinta da Lagoa Velha (Bairrada), Luís Pato (Bairrada), Quinta das Bageiras (Bairrada), Casa de Santar (Dão), Herédias (Dão), Ribeiro Santo (Dão), Julia Kemper Wines (Dão), Quinta Dona Sancha (Dão), Soito Wines (Dão), Adega de Favaios (Douro), Messias Family Wines & Estates (Douro), Lua Cheia – Saven (Douro), Luís Leocádio Vinhos (Douro), Quinta Santa Eufémia (Douro), Palato do Côa (Douro), Quinta de Ventozelo (Douro), Rapazotes (Douro), Sogevinus Fine Wines (Douro), Symington Family Estates – Quinta de Ataíde (Douro), Symington Family Estates – Montes Altano (Douro), Quinta de Pancas (Lisboa), Monte da Carochinha (Península de Setúbal), Luís Leocádio Vinhos (Távora-Varosa), Quinta do Sobreiró de Cima (Trás-os-Montes), Casa José Luís Pedro (Trás-os-Montes), Quinta de Monforte (Vinho Verde), Aveleda (Vinho Verde), Soalheiro (Vinho Verde), Vinhos Norte (Vinho Verde), Quinta de Paços - Sociedade Agrícola (Vinho Verde), Quinta de Santa Cristina (Vinho Verde) e Anselmo Mendes (Vinho Verde).

24Responsáveis pelas criações gastronómicas, participam os Chefs António Carvalho (O Brasão), Arnaldo Azevedo* (Vila Foz Hotel & Spa), António Vieira (Wish Restaurante & Sushi), Duarte Eira (Salpoente), Henrique Ferreira (Mind The Glass), Jerónimo Ferreira (JNcQuoi Comporta), Joana Thöny Montbabut (Le Monumental), Joana Quinta (Sweet Soul), Julian Montbabut* (Le Monumental), José Miguel Guedes (Ventozelo Hotel & Quinta), Júlio Pereira (Kampo), Lígia Santos (Casas da Li), Luís Brito* (A Ver Tavira), Marlene Neto (Rib Beef & Wine), Miguel Teixeira e João Moreira (Corinthia Lisboa), Renato Cunha (Ferrugem), Tony Salgado (Palácio do Freixo) e Vasco Coelho Santos* (Euskalduna). *Estrela Michelin

Alivetaste24O que eu acho que é verdadeiramente único neste evento é o facto deste ser capaz de combinar os ritmos temporais de diferentes pessoas numa direcção que coloca ele e ela, o vinho e a gastronomia, amparados pela música, pela cultura e pela moda, como elementos potenciadores da amizade e dos afectos.

Alivetaste24Tudo isto ajuda a cultivar a ideia de que o próprio tempo é a "moeda" mais valiosa, rara e universal que compartilhamos. Há que as saber gastar com quem as merece... ;)

Alivetaste24
Desembolsem algumas delas no próximo dia 1 de Julho no Palácio do Freixo, com ele e ela, no Alivetaste - Sabores da Vida 2024!!! Nós estaremos por lá, mais uma vez, a honrar o legado de Hernest Hemingway ;)

Louro | Tudo (metamorfose) e o seu contrário

“É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso torna-a mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos a ler não nos desperta como um soco na cabeça, porque perder tempo lendo-o?" Franz Kafka

Louro

Imaginem que num certo dia acordam e em vez de costas têm asas, em vez de pernas têm patas, e em vez de cabelo têm antenas... Foi isto que aconteceu com Gregor Samsa. Contudo e ao contrário do que seria de esperar, Gregor não demonstrou nenhuma emoção, choque ou descrença. Os seus pensamentos imediatos foram sobre a sua vida profissional. Podemos vê-lo preocupado com o comboio que precisa apanhar e com as expectáveis reprimendas que teria de enfrentar do seu chefe. Assim, a sua transformação corporal não o incomodou minimamente naquele momento em que acorda como insecto gigante.

Louro Felizmente tudo isto é apenas ficção, e da boa. "A Metamorfose" foi escrita pelo romancista alemão Franz Kafka no inicio do séc. XX e publicada no ano de 1915, período em que a Alemanha se tornara uma grande potência europeia. Todo esse contexto de enorme crescimento industrial impulsionado pela produção de aço e ferro-gusa, de uma população urbana maioritariamente da classe trabalhadora e de uma sociedade bastante materialista e desumana, cria bastantes pontes metafóricas com o facto do protagonista ser um insecto.

Louro

Em todo esse mundo medonho, sombrio e frio há algo que dá cor às páginas de "A Metamorfose" e que cria um vínculo inseparável com a normalidade/humanidade: a comida. No livro e nas nossas vidas, a comida não pode ser vista apenas como uma fonte de subsistência. Uma das formas mais palpáveis de expressar amor e carinho por alguém é servir-lhe uma boa refeição. A comida tem essa qualidade notável de proporcionar às pessoas uma sensação de contentamento, apego e calor. 

Louro

No livro, Grete, irmã de Gregor, demonstra a sua preocupação pelo irmão trazendo-lhe comida. No primeiro dia, uma tigela cheia de leite com açúcar e com pequenos pedaços de pão branco. Grete traz-lhe esse leite adoçado porque era a bebida favorita de Gregor antes da transformação, o que faz com que ele, mesmo na condição patética em que se encontra, "ria de alegria"

Louro Quando Grete descobre que, que por causa dos seus novos apetites, o leite já não agrada a Gregor, ela traz uma nova variedade de alimentos no dia seguinte, mais ao gosto de um insecto, como legumes, carne, uvas passas, amêndoas, queijo, pão e manteiga. Devido à transformação de Gregor em insecto, não havia como comunicar com ele, e a comida tornou-se o único canal através do qual Grete podia mostrar que ainda o consideravam parte da família, que o amavam e que se preocupavam com ele, isto apesar da sua condição que a todos metia medo.

Louro

O acto de comer juntos é algo muito umbilical as todas as famílias. É o momento em que os diferentes elementos se sentam e passam tempo juntos, simbolizando a unidade, vínculo e harmonia dentro dela. A importância dessa cultura de "sentar-se juntos para comer" é a de que ela oferece a oportunidade para os membros da família se reunirem, tirarem algum tempo das suas agendas ocupadas para compartilhar histórias e mostrar cuidado e amor uns pelos outros. Paradoxalmente, Kafka parece querer pôr em confronto duas rotinas, uma boa e uma má. 

Louro

A má é a rotina relacionada com a comida em si, com o comermos sempre o mesmo, da mesma forma, com a mesma aparência e sem mudanças. A segunda, a boa, está relacionada com a vontade de partilharmos a comida, recorrente e invariavelmente com aqueles que mais amámos. É a ausência da primeira rotina que potencia a segunda. E é sobre a importância dessa metamorfose gastronómica que vos quero falar hoje, socorrendo-me para isso do Louro Restaurante em Viana do Castelo. 

Louro

Localizado no coração do Alto Minho, na margem norte do rio Lima, o Louro oferece uma experiência gastronómica muito particular. Desde a sua abertura em 2019, tem-se dedicado a destacar os sabores da região com uma oferta que está sempre em evolução. O compromisso com a sustentabilidade e com a tal metamorfose assegura que os menus são renovados a cada três meses, utilizando os melhores ingredientes disponíveis para capturar a essência da natureza e a história do povo minhoto.

Louro

No Louro, procura-se criar uma transformação a cada visita, levando a que cada garfada ocorra uma viagem de descoberta, muito importante ao nível dos afectos. A nossa experiência gastronómica começou com Broa amarela, focaccia, manteiga das marinhas e azeite Quinta de Ceis. Prosseguiu com uma alegre Salada de Inverno de quinoa negra, cenoura, amêndoa, funcho e yuzu que nos brindou com uma combinação de sabores e texturas bastante única e refrescante: as nozes terrosas da quinoa, a doçura da cenoura, a textura crocante da amêndoa e o anisado do funcho que ligava tudo. 

Louro

Seguiu-se um dueto: Sapateira e camarão, com cremoso de abóbora e espuma de crustáceos que nos remetia para a riqueza do marisco, para a acidez elegante da espuma e para a untuosidade generosa da abóbora; e Alga soufflé de nori, água do mar, caviar de algas cheia de frescura vegetal e umami, que parecia querer celebrar os sabores do mar.  

Louro

O Ensopado de robalo de linha, alho francês braseado, croutons de focaccia, fumet de camarão e espuma de limão foi o meu momento favorito. Parecia ser o resultado de uma redução de mar, muito densa, rica e intensa. A riqueza adocicada/fumada do alho-francês não roubava protagonismo ao peixe. Os croutons de focaccia e o fumet de camarão acrescentaram complexidade, untuosidade e uma ligeira irreverência. A espuma deu-lhe a aristocracia que merecia. Em conjunto, é uma criação que exibe equilíbrio, ponderação e muito sabor!

Louro

No Veado, cenoura roxa grelhada, raiz de aipo, cebolinha e beterraba fumada a carne tinha um sabor pleno e intenso, que se derretia na boca. Havia o doce da redução, havia o fumo salgado das cenouras, havia a untuosidade e intensidade da beterraba, havia acidez da cebola e havia também o sabor generoso da raiz de aipo. Todos eles enobreceram um prato que foi um belo ensaio de equilíbrio, de aromas, de sabores e de cores. 

Louro

Na pré-sobremesa Limão, Lima e Verbena, tiramisú cítrico, framboesa desidratada e gelado de hortelã. Imaginem uma criação onde cada colherada se materializava num misto de sabores e sensações: a acidez vibrante do limão e da lima traziam uma explosão de frescura, equilibrada pela doçura cremosa do tiramisú cítrico que suavizava e enriquecia o paladar. 

Louro

A verbena adicionava um toque herbal, lembrando um jardim perfumado, enquanto a framboesa desidratada contribuía com a sua intensidade doce e ligeiramente ácida, proporcionando uma textura crocante inesperada. Finalizando essa combinação, o gelado de hortelã oferecia um refresco revigorante, limpando o paladar e deixando-o preparado para o momento seguinte.

Louro

Paragem final: Chocolate com gelado de leite, mousse de chocolate quente e ganache de cacau e merengue. Com diversos tipos, texturas e intensidades de chocolate, esta foi uma sobremesa que se demonstrou camaleónica e bastante heterogénea na prova, pois a cada momento iam surgindo diversos sabores, contrastes, intensidades e harmonias. É uma bonita e despretensiosa homenagem a este nobre e muito apreciado produto.

Louro

Ao leme de tudo isto esteve o jovem Chefe André Campelo, formado pela Escola de Hotelaria e Turismo de Viana do Castelo,  um dos dois fundadores (juntamente com Ana Afonso) do restaurante Louro. Possui cinco anos de experiência em Barcelona (2013-2017) e trabalhou por dois anos como Chefe principal na cozinha do hotel Feel Viana (o número de bons Chefes a ter passado por este hotel já é considerável!!!). Após essa experiência, decidiu dedicar-se a uma culinária mais personalizada, mais gastronómica, mais conceptual, ainda assim focada na cozinha regional. Destaque ainda para a amabilidade e profissionalismo da Chefe de sala Ana Gomes; e para a carta de vinhos, regional, de qualidade e ampla.

Louro

Devido a toda a metamorfose que vos falei no inicio, entre a nossa visita e a publicação desta crítica, o Louro anunciou uma nova carta que estará disponível até ao final da estação, que nos convida a celebrar a época mais florida do ano com três menus degustação cuidadosamente elaborados. O Descoberta (uma viagem sensorial de 9 momentos para saborear a frescura e a simplicidade, mergulhar nos sabores do mar e montanha e experimentar a tradição reinventada, em modo de celebração da estação);  o Primavera (7 momentos, inspirado nos sabores e produtos da estação); e o Essência (5 momentos em homenagem à origem, às frutas, aos legumes e aos vegetais da estação).

Louro

A frase de Franz Kafka sobre a importância de livros que nos despertam como um "soco na cabeça" pode ser relacionada com o conceito de metamorfose, onde o abanão dado por algo inesperado nos abre uma nova sensibilidade e perspectiva. O mesmo sucede na gastronomia. O Louro muda frequentemente de menu, não apenas por razões relacionadas com a sustentabilidade, mas também pelo tal soco no palato a quem se senta nas suas mesas. Assim como os livros de Kafka desafiam e perturbam, incitando a reflexão e mudança, este restaurante também procura renovar e impactar, proporcionando uma experiência única e consciente a cada visita, onde a inovação constante se alinha com a sustentabilidade, criando uma metamorfose culinária contínua. É tudo (a rotina da excelência, do sabor e da autenticidade) e o seu contrário (a ausência da rotina nas cartas, nas propostas e nas harmonizações).