Évora Olive Hotel | Primor, autenticidade e esperança ... além-Tejo
“Às vezes um acontecimento sem importância é capaz de transformar toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras.” Paulo Coelho
A oliveira, símbolo de paz e amizade, é uma das árvores mais populares um pouco por todo o planeta, estando a origem da sua fama firmemente enraizada na tradição e mitologia da Grécia Antiga.
Reza a lenda (que já vos havia contado anteriormente) que Poseidon (deus do mar e irmão mais velho de Zeus) disputou com sua sobrinha Atena (deusa da sabedoria e filha de Zeus), a protecção de uma nova cidade grega. Como haviam dois deuses em disputa pelo cargo, foi definido que ganhava este duelo quem oferecesse ao povo da cidade o melhor presente.
Poseidon fez surgir um belo cavalo, enquanto a deusa Atena criou uma oliveira, capaz de produzir azeite. Tendo sido a oliveira escolhida como o presente mais valioso para a humanidade. Em forma de agradecimento, Atena tornou-se a patrona da cidade, passando a mesma a ser conhecida por Atenas.
Ficou ainda mais claro que a oliveira tinha uma importância especial sobre todas as outras árvores quando os exércitos persas do grande rei Xerxes varreram a Grécia. Em 480 A.C., os edifícios da Acrópole, que continham oliveiras, foram incendiados e destruídos. No entanto, as oliveiras "brotaram no mesmo dia a uma altura de dois côvados" (um metro!!!).
Além disso, as sementes dessa árvore sagrada, oferenda da deusa grega, foram replantadas em toda a Ática. Essa plantação "comunitária" significava que todos os olivais em redor da capital grega tinham uma ligação à árvore original de Atenas. No entanto, a história mais famosa acerca das oliveiras talvez seja a que está relacionada com a arca de Noé.
Se bem se recordam e como bons cristãos que são, (se não o forem também não há stress nenhum ;)), sabem com certeza que Noé passou quarenta dias e quarenta noites na sua arca após o terrível diluvio. Quando a tempestade acalmou e a água baixou de nível, Noé soltou uma pomba e ela regressou com um ramo de oliveira no bico.
Com este sinal Noé percebeu que havia terra perto. A pomba e o ramo de oliveira tornaram-se então um símbolo de esperança e paz. É daqui que advém a expressão "dar um ramo de oliveira", frequentemente usada por pessoas que tentam fazer as pazes com alguém.
Quer acreditemos ou não nessas narrativas, o certo é que a oliveira, a bela árvore de tronco retorcido, cresce e frutifica até mesmo em solos pobres e com pouca água. Dessa resistência resulta um significado espiritual muito forte: mesmo que se queime ou corte uma oliveira, ela é capaz de brotar novamente, e por isso mesmo representa também a autenticidade e a perseverança, sob qualquer circunstância.
Apesar de podermos encontrar oliveiras um pouco por todo o país (vejam lá que até sou casado com uma ;)), será porventura no Alentejo que a assumimos como rainha das planícies, melancolizando as cores com o verde outonal das suas folhas. A ela associamos também a secura dessa região. Parece-nos tão desprovida de vida que, por vezes, nos esquecemos que é capaz de florir e de dar fruto.
É esse fruto, arrancado dos ramos pelo castigo das varas, que faz com que o homem se preocupe tanto com elas, construído extensos olivais e ansiando uma mão cheia de anos até que a primeira colheita possa ser feita. A relação entre o Alentejo e as oliveiras já é tão antiga que em Estremoz, Évora, Monsaraz, Montemor-o-Novo e Beja, existem oliveiras que ultrapassam a idade de Cristo. Em Monsaraz, a oliveira mais antiga (e datada) tem já 2460 anos de idade!!!
É precisamente em Évora que existe um hotel que assume, evoca e glorifica todo este legado de história, tradição e simbolismo ligado à oliveira e ao azeite: o Évora Olive Hotel. Este hotel promove verdadeiras experiências sensoriais para todos aqueles que querem conhecer mais sobre esse ouro liquido que é o azeite - exemplo disso são as provas de azeite a pedido e as massagens relaxantes/revigorantes com óleo de azeite e alfazema.
Para além dessas experiências, a ligação do Évora Olive Hotel à oliveira e ao azeite é irremediavelmente mostrada através da linha contemporânea dos seus espaços e dos vários ambientes arquitetónicos, onde o processo da produção do azeite é revelado, passo a passo, aos hóspedes e a todos os interessados.
O Hotel está localizado dentro das muralhas da cidade e veio revitalizar um edifício icónico e histórico da cidade de Évora – o Centro Comercial Eborim – transformando a área comercial e o lugar onde se assistiam filmes, num hotel aberto a todos os visitantes internacionais, regionais e locais.
Está suficientemente próximo do centro da cidade para permitir que lá cheguemos com uma curta e prazerosa caminhada (mesmo quando acompanhados por crianças) que nos convida a apreciar os cenários naturais e autênticos, absorvendo a autenticidade das suas gentes.
O Templo de Diana, a Praça do Giraldo, a Capela dos Ossos e a Sé Catedral de Évora estão mesmo ali ao lado. O Évora Olive Hotel está também suficientemente distante para permitir o descanso e o aproveitamento dos espaços de relaxamento sem as perturbações (geralmente) associadas aos centros das cidades.
O hotel tem ainda um jardim, uma piscina exterior e um enorme pátio, todos eles super bem enquadrados na estrutura principal do edifício. Há ainda a Mercearia Eborim, que faz uma bonita ponte com o passado. Nela é possível encontrar os vários produtos produzidos pela comunidade e para a comunidade, assumindo-se como um local onde se agregam todos os produtos de elevada qualidade da comunidade local e regional para que sejam conhecidos além-Tejo e além-mar.
Junto ao Pátio das Oliveiras, e como não poderia deixar de ser, podemos encontrar o Restaurante Mercearia Eborim. Um espaço de partilha e conforto por excelência, onde se junta a família e os amigos, seja na comemoração de um dia festivo ou porque cada dia é especial para estarmos com os nossos. A cozinha é concebida com uma visão contemporânea, sempre com os olhos na tradição e nos produtos sazonais e com sotaque alentejano, assegurando assim uma maior qualidade, frescura, identidade e sustentabilidade.
Aconselho vivamente o misto de tradição e inovação do surpreendente O nosso Caldo Verde de Cação, a brisa marítima fumada e fresca do Duo de Salmão (carpaccio e curado), Salada funcho e Maçã, Pickles de Mostarda e Molho de Iogurte fumado, a elegância gulosa do Tamboril lardeado em Toucinho fumado, Risotto de Ervilha e molho de Vinho licoroso e a voluptuosidade aromática das Bochechas de porco preto sobre risotto de espargos trigueiros.
Para sobremesa, um conceito que não conhecia, um ... pijama ;) Consiste numa mistura de várias sobremesas, para que consigamos provar de tudo um pouco, incluindo o sabor intenso e mentolado da Mousse de Cerejas e Mirtilos com Gelado de Poejo, a exoticidade do Mel e Noz da região, Creme de Limão e Gelado de Canela, a riqueza do Semi-frio de Chocolate Negro e Crumble de Frutos Vermelhos com Gelado de Tangerina e a voracidade tradicional da Triologia Conventual com Gelado de Manjericão e Nougat de Pinhão.
Um menu muito rico, moderno, coerente mas que não "fica a dever" nada ao legado do receituário tradicional alentejano. Uma palavra ainda para o profissionalismo, amabilidade e "boa onda" do chefe de sala José Luis Santa Bárbara, que teve ainda a gentileza de nos dar a conhecer alguns dos melhores vinhos da região. Obrigado!!!
Se tudo isto ainda não é suficiente para convencer os mais "gulosos" acrescento que o pequeno-almoço é dos melhores que encontrámos por esse país fora. Qualidade, quantidade, diversidade, segurança e perfeccionismo, tudo isto é claro, regado por um belo espumante Alentejano ;)
Não vos posso dizer que fiquei surpreendido com os momentos únicos, tranquilos e inesquecíveis, nem com o design acolhedor, conforto, primor, qualidade e profissionalismo que encontrei no Évora Olive Hotel (porque já conhecia a bitola do grupo a que pertence), no entanto não estava à espera do requinte, do serviço amigo (quase pessoal), do ambiente "boa onda" e do restaurante que promove uma relação irrepreensível entre o tradicional e o moderno. Sei que os tempos no sector não são os mais fáceis, no entanto, não se esqueçam que mesmo que se queime ou corte uma oliveira, ela é capaz de brotar novamente. Obrigado, força, coragem e até um dia destes!!!