MW Douro Wine & Spa | O Código de Hammurabi
"O vinho é um dos presentes mais preciosos que a Terra nos oferece. Assim exige-nos amor, consideração e respeito." Codex Hammurabi
Estudos recentes indicam que a história do vinho remonta há 15 milhões de anos. No entanto, foi apenas há 5000 anos que o vinho se tornou verdadeiramente importante no modo em que nossa civilização fundou alicerces.
Estamos no ano 3000 a.C., nas margens dos rios Tigre e Eufrates, num local a que hoje chamamos simultaneamente Irão, Iraque, Turquia, Síria e Kuwait. Esta região é muitas vezes referida como o berço da nossa civilização.
Diversos documentos históricos indicam-nos que aquela zona foi também o berço da enofilia. Mas será tudo isto uma mera coincidência, ou antes pelo contrário, estarão estes dois "nascimentos" umbilicalmente relacionados?
Foi a sua posição geográfica, entres os rios Tigre e Eufrates, que lhe deu o nome pelo qual era conhecida na antiguidade. A palavra “Mesopotâmia” é formada a partir das palavras gregas “meso”, que significa "entre", e “potamos”, que significa "rio".
A história da Mesopotâmia é marcada por muitas invenções que mudaram determinantemente a humanidade, nomeadamente o conceito de tempo, a matemática, a astronomia, a roda, o barco, os mapas e a escrita.
A Mesopotâmia também é conhecida por ter sido uma mescla de distintas culturas, religiões, tribos e raças que a tornam uma sociedade heterogénea.
Esse dinamismo social é espelhado no conjunto diversificado de governantes, reis, línguas, chefias e regiões que foram assumindo a governação daquela região ao longo dos tempos.
Possuía uma sociedade pincelada por fortes princípios, morais, estéticos, científicos, literários e, não menos importantes, judiciais. Foi na Mesopotâmia que floresceu a teoria jurídica, materializada num conjunto de textos normativos, os chamados códigos, de entre os quais, o mais conhecido é o Código de Hammurabi.
Deve o seu nome ao rei Hammurabi, que o começou a escrever em 1772 a.C., numa pedra e através da escrita cuneiforme. A lenda diz-nos que Hammurabi escrevia as leis na pedra, enquanto as ouvia directamente de Shamash, o deus do sol (esta parte é bastante parecida com a nossa Bíblia, na parte em que Deus ditava os mandamentos a Moisés e o profeta as escrevia numas tábuas de madeira).
Esse código baseava-se no princípio de punir um criminoso de forma semelhante ao crime cometido, ou seja, “olho por olho, dente por dente". Ao longo desse texto é recorrente a preocupação do governante/deus com os fracos, com as viúvas e com os órfãos.
Sabem quem também é muito defendido nesses textos? Isso mesmo, o nosso querido vinho ;) Das 282 regras que compõem o Código de Hammurabi, 3 são dedicadas a esse néctar, a saber:
108. Se um vendedor de vinho for fraudulento (se não aceitar grãos pelo preço do vinho mas aceitar dinheiro, ou se for injusto na conversão grão/dinheiro-vinho, esse vendedor de vinho deverá ser lançado para dentro de água para afogamento; 109. Se alguns fora da lei se reunirem na casa de uma vendedora de vinho e ela não os prender e leva-los ao palácio, essa vendedora de vinho será condenada à morte; 110. Se uma sacerdotisa que não vive num convento abrir uma loja de vinhos, entrar em uma loja de vinhos, ou beber vinho, essa mulher deve ser queimada.
Essa pedra preta, em basalto, que alguns defendiam ser apenas um mito, foi descoberta em 1901 pelo arqueólogo egiptólogo francês, Jacques de Morgan, a 300 km do tumulo do rei Hammurabi. Encontra-se num estado de conservação invejável (é possível ler as 282 regras) e actualmente está em exposição do Museu do Louvre em Paris.
Mas porque é que o vinho surge nessa pedra, com a mesma importância que o trabalho, o casamento, a lei, a honra e a ética? É a resposta a esta questão que justifica a escolha deste adorno cultural para publicação relativa ao MW Douro Wine & Spa.
Após séculos em que o vinho era visto como uma forma de agradar aos deuses (muitos símbolos religiosos e estátuas de deuses eram pulverizadas com vinho) e de nos aproximar deles, algures pelo ano 2000 a.C., beber vinho começou a ser visto como um acto da vontade humana, que deve ser partilhado com aqueles que mais gostamos.
Essa dimensão social do vinho, quase a roçar o domínio dos afectos, não existia antes devido ao forte desejo dos humanos em adorar forças superiores e ao prazer de exercer o seu poder sobre as criaturas de ordem inferior (como escravos ou mendigos).
Podemos afirmar com segurança que é nesse período e através do vinho, que enquanto civilização, deixamos de olhar para cima (para os deuses) em sinal de submissão, e passamos a olhar para o lado (em direcção aos nossos pares) em sinal de confraternização, pertença e evolução.
Ali na Mesopotâmia, o vinho deixa de ser sinónimo de religiosidade e exoterismo para passar a simbolizar o luxo e o conforto cognitivo de bebermos algo sem o objetivo visceral de apagarmos a sede, assumindo-se como um complemento fundamental para gastronomia, para a saúde e para o bem-estar das relações sociais.
Esse luxo de fazermos algo sem sermos movidos pelos nossos instintos mais básicos, esse conforto decorrente de uma soberba doseada de queremos novas experiências, essa conjugação vencedora entre vinho e gastronomia, essa saúde e bem-estar resultantes de colocarmos o foco em nós e naqueles de que mais gostamos, coexistem de forma bastante harmoniosa no MW Douro Wine & Spa, que assim se assume como uma bela homenagem àquilo que o vinho nos trouxe enquanto civilização.
Este hotel que resulta da reconversão do Magnificat Wine Boutique Hotel, localiza-se em Santa Marta de Penaguião, abraçado pelos socalcos férteis do Douro, numa paisagem de cortar a respiração, mesmo ao lado da cada vez mais frequentada Estrada Nacional 2.
Possui 40 quartos e quatro suites, das quais, duas presidenciais (estivemos numa com uma amplitude, conforto e vista incríveis), o Spa Aqua Duorum (com piscina interior, banho turco, sauna, ginásio, e dotado de programas de terapias individuais e de vinoterapia: as massagens com vista para as vinhas são verdadeiramente revitalizantes), uma piscina exterior panorâmica com bar, uma sala multiusos e também um restaurante com cozinha de autor de inspiração regional: o D'vino.
O restaurante é um autentico espaço de deleite gastronómico com o foco colocado nos produtos sazonais da região, nas receitas resultantes da sabedoria das gentes locais e no upgrade estético-sensorial necessário para que cada garfada seja verdadeiramente memorável.
Recomendamos o conforto da Tábua de enchidos e queijos, a frescura do Aveludado da horta, a riqueza aromática dos Filetes de robalo com arroz de tomate, e a untuosidade suculenta, quase decadente, do Entrecôte ou do T-Bone.
Nas sobremesas, destacamos a dicotomia de sabores/texturas/temperaturas do Brownie de chocolate com gelado de framboesa, a originalidade salivante do Creme brulée de alecrim e o abraço afectivo-gastronómico da Tarte de requeijão com frutos vermelhos.
Tudo isto pode ser acompanhado com o que de melhor cada uma das diferentes regiões vínicas do nosso país tem para oferecer. A carta é diversificada, complementar, estratificada e com ofertas de vinho a copo. Como seria de esperar, há um particular destaque para o Douro.
Ainda na enogastronomia, o bar disponibiliza alguns pratos menos pretensiosos, como pizzas, hamburgers e uma tosta local deliciosa que não podem deixar de experimentar!!!
O pequeno almoço é rico, diversificado, assente em produtos na máxima qualidade, e oferece através de Show Cooking, uma vasta lista de pratos quentes (ovos Benedict, ovos Florentine, tostas de abacate, panquecas e waffles, entre outros.)
Já sabem que para mim, "bastavam" uns Benedict acompanhados por um belo espumante para ficar logo carregado de boa disposição :P
Nas propostas do MW Douro Wine & Spa encontramos ainda passeios de barco pelo rio Douro, visitas às principais quintas da região, provas de vinhos, participação em vindimas, passeios por caminhos com paisagens deslumbrantes e piqueniques entre as vinhas.
No coração do Douro, rodeado de socalcos e banhado pela luz dourada do pôr-do-sol, o MW Douro Wine & Spa promete-nos relaxamento total, uma vista desafogada sobre um vale de memórias, e uma atenção diferenciada a cada cliente de modo a que cada um se sinta especial.
Por tudo isto, é um hotel que, tal como o Código de Hammurabi, coloca as relações humanas, os afectos, aquilo que nos diferencia das outras espécies animais, no centro da nossa edificação cultural: um autentico património mundial de valores, catalisado pelo vinho.
O vinho é um dos presentes mais preciosos que a Terra nos oferece. Assim exige-nos amor, consideração e respeito. Também merece que o celebremos, o MW Douro Wine & Spa é um excelente local para essa solenidade enogastronómica :P
Um obrigado ao director Amândio Martins pelo cuidado, detalhe e amizade com que preparou a nossa visita.