Os meus melhores de 2020 (hotéis) | O amanhecer de uma nova era
"A construção de barcos abrandara desde o recomeço dos ataques víquingues no Sul de Inglaterra, quando ele tinha nove anos. O comércio e a pesca eram actividades perigosas enquanto os saqueadores permanecessem por perto. Só os mais corajosos compravam embarcações." Ken Follett
Há trinta anos, Ken Follett publicou o seu romance mais célebre, Os Pilares da Terra, que nos deu a conhecer a história de um humilde pedreiro e mestre de obras, Tom, que sonhava construir uma imponente catedral, cheia de luz e dotada de uma beleza sublime, na cidade de Kingsbridge e durante as sucessivas guerras que se sucederam à morte do único herdeiro do rei Henrique I. O sucesso conseguido com este romance histórico e a legião de seguidores que ganhou com o priorado de Kingsbridge fizeram com que voltasse exactamente àquele mesmo local, dezoito anos depois, com a publicação de Um Mundo Sem Fim, abordando os problemas da Peste Negra.
Seguiu-se Uma Coluna de Fogo, narrando a luta entre protestantes e católicos. Todos eles best-sellers. Agora, surge uma nova prequela com 700 páginas, Kingsbridge: O Amanhecer de uma Nova Era, que nos faz embarcar numa viagem épica a um passado rico em ambição e rivalidade, mortes e nascimentos, amor e ódio, e que, pelos vistos, termina quando começam Os Pilares da Terra.
Neste novo livro corre o ano de 997 d.C., aproximando-se o final da Idade das Trevas. A Inglaterra enfrenta os ataques dos galeses vindos do Oeste e dos víquingues a Leste. Os poderosos usam a justiça a seu bel-prazer, ignorando o povo e entrando muitas vezes em conflito com o rei. Na ausência de leis claras, reina o caos. Nestes tempos conturbados, cruzam-se os destinos de três personagens.
Um jovem construtor de barcos tem a sua vida arruinada quando o único lar que conhece é atacado pelos víquingues, obrigando a que ele e a sua família mudem de terra e recomecem a vida num lugarejo longínquo. Uma mulher nobre da Normandia casa-se por amor e segue o marido até uma terra nova além-mar. Um monge tem o sonho de transformar a sua humilde abadia num centro de conhecimento que suscite a admiração de toda a Europa. E mais não vos posso contar porque ainda vou na página ... 92. ;)
No entanto já percebi que esta prequela d’Os Pilares da Terra é terrivelmente viciante e imersiva, parecendo querer intrometer-se em problemas contemporâneos como a intolerância, o abuso de poder, a avaria do elevador social, os perigos das (in)justiças, a luta das minorias, a misoginia e a (falta de) ética na política. Curiosamente há mais uma contemporaneidade neste livro e que me fez escolher Kingsbridge: O Amanhecer de uma Nova Era para adornar literariamente a publicação relativa aOs meus melhores de 2020.
Existe nas suas páginas iniciais um temível inimigo comum, os víquingues, para o qual os diferentes reinos juntam esforços com o objectivo de o derrotar. Víquingues esses que provocam medo, mortes, fome, desemprego e um certo "baixar de braços" de parte da população. Só os mais corajosos compravam embarcações. Hoje a publicação é dedicada a pessoas parecidas com eles, aqueles que não baixaram os braços e perseguiram a excelência, mesmo num ano conturbado como o que acabamos de viver.
Nos dias que correm, o inimigo é outro e bem mais perigoso. Não são os piratas nórdicos com as suas lanças, machados, capacetes e barcos extremamente rápidos. É um inimigo invisível, cobarde e implacável. Tal como os bravos de Kingsbridge, não podemos deixar que a produção de "barcos" abrande, nem que para tal os passemos a projectar em casa. ;)
Tenho a certeza que, quer no livro quer na pandemia, tudo vai ter um final feliz, para isso basta que tenhamos juízinho e que aguardemos com esperança, proactividade e segurança, o amanhecer de uma nova era.
Com a precisão de relógio suíço (os melhores de 2019 foram anunciados precisamente há um ano), aqui estão os melhores de 2020 para a família No Meu Palato, no que aos hotéis diz respeito:
Melhor Hotel: Maison Albar – Le Monumental Palace Hotel
Este hotel veio trazer ao Porto um conceito inovador que combina na perfeição a monumentalidade arquitectónica do edifício e a história da cidade, com a elegância e estilo franceses, materializado numa contemporaneidade cosmopolita. Ostenta, com orgulho, um ambiente muito próprio. Se, por momentos, deixarmos de olhar para os Aliados somos tele-transportados para uma cidade não tão utópica quanto a Altantida, mas igualmente encantadora: Paris - através do design, dos cheiros, dos sabores e dos sons. Nele encontramos O arquétipo incoercível dos afectos que fez com que o Maison Albar ganhasse o maior número de distinções nesta categoria (4, de um total de 10).
Melhor Wine Hotel: The Yeatman
Beethoven ajudou-me a completar a A 10ª sinfonia em amor maior neste hotel. Quem me conhece sabe que fico sempre com umas "borboletas na barriga" quando visito o The Yeatman devido à sua essência de sempre: prazer, bem-estar, luxo casual, os vinhos portugueses, a gastronomia de excelência, o serviço exemplar e uma vista privilegiada para as margens do rio Douro.
Melhor Small Luxury Hotel: Quinta das Lágrimas
Durante séculos esta Quinta foi um santuário privado de família por onde passaram Reis, Imperadores, saudosistas, sonhadores, e também todos quantos apreciam a arte de bem viver e que queiram descobrir, de bem perto, a bela lenda de amor de Pedro e Inês. Por falar em reis, a suite do Rei onde ficamos instalados é dos quartos mais bonitos onde tivemos o privilégio de dormir. É impossível ficar-se indiferente a tamanha carga histórica e imensidão de adornos rusticamente elegantes. Lá, percebemos que vale sempre a pena Ter o coração no lado certo.
Melhor Hotel Resort: Crowne Plaza Vilamoura
Este hotel tem uma localização privilegiada na cosmopolita praia de Vilamoura, encontrando-se ao lado do Casino e a curta distância da Marina. Beneficia ainda de excelentes acessibilidades, com os campos de Golfe de Vilamoura (a cerca de 5 minutos de distância) e o Aeroporto de Faro (a apenas 20 minutos de carro). Os quartos decorados com extremo bom gosto (tons suaves de marfim, texturas naturais e uma casa de banho elegante e num ambiente open space), possuem varandas mobiladas. O nosso (Junior Suite) tinha ainda uma vista frontal para o mar simplesmente arrebatadora. É em locais como estes que percebemos que vale a pena sonhar, nem que sejam Sonhos sem ter de quê.
Melhor Hotel Histórico: Vidago Palace Hotel
Só um humanista sonhador como o rei D. Carlos poderia ter idealizado um hotel assim: cor-de-rosa, ao estilo Belle Époque, com coberturas azul turquesa, os abóbadas em estuque cinzento claro e adornadas com metal potenciadoras de um ambiente de culto à arte através da nobreza dos espaços. Quando entramos no hotel, somos convidados a desfrutar de um dos magníficos 70 Quartos & Suites ou a relaxar no moderno SPA Termal, cuja água mineral de Vidago, reconhecida pelas suas qualidades terapêuticas de excepção, é a rainha absoluta (se bem que a Bia tentou-lhe pôr o reinado em causa ;))!!! Do regicídio ao nosso Adamastor fez a transição entre os tempos conturbados do rei D. Carlos e os nossos, igualmente inquietos.
Melhor SPA: Maison Albar Hotels - Le Monumental Palace
Ainda no Maison Albar tivemos a oportunidade de conhecer o Le Monumental Nuxe Spa (muito provavelmente o melhor do país) que proporcionou à família verdadeiros momentos de alegria, prazer e divertimento, num ambiente sofisticado, acolhedor, fino e seguro. Acho que as imagens falam por si… O melhor que vos posso dizer é que nos sentimos seguros, protegidos, privilegiados, bem tratados e em família.
Melhor Enoturismo: Quinta da Gricha Vineyard Residence
Rio abaixo e montanha acima, por entre uma paisagem virginal património mundial, surge essa propriedade da Churchill's, que encarna o verdadeiro espírito do Douro: vistas de cortar a respiração, um staff amigo e acolhedor (a Tatiana é uma querida), num ambiente que transpira enosatisfação e paz, e no qual podemos desfrutar de um calmo improviso do Douro poente. Este pôr do sol, foi dos mais bonitos que tivemos a oportunidade de assistir...
Melhor pequeno almoço: Maison Albar Hotels - Le Monumental Palace
Na minha opinião, o pequeno almoço ajuda a definir muito a qualidade de um determinado hotel. Como é óbvio, o do Le Monumental Palace sofreu alterações nesta altura de pandemia, em que quem sai beneficiado é o cliente, servido à la carte é possível deliciarmo-nos com deliciosas propostas como a tosta de abacate, torradas francesas, mousse de iogurte, mel e noz e, como não poderia faltar, ovos Benedict e ovos mexidos com bacon grelhado acompanhados por um belo espumante português ;)
Melhor brunch: Maison Albar Hotels - Le Monumental Palace
Neste brunch é possível Respirar Paris com vista para os Aliados. Começamos pelas deliciosas panquecas com leve sabor a baunilha, e um pouco mais altas que o costume, o que as tornas bastante mais fofas e prazerosas. O difícil foi "fazer" com que a Bia as parasse de comer ;) Mais tarde percebemos que em todas as criações o Chef Juien Montbabut (estrela Michelin em Paris) sublima o essencial do brunch, deixando fluir a sua inspiração com novos e inusitados sabores.
Melhor Hotel 4 estrelas: Évora Olive Hotel
Quando conhecemos os Alicerces de um país tomado aos tragos (na nossa viagem pela EN2) conhecemos também o Évora Olive Hotel. Um espaço que veio revitalizar um edifício icónico e histórico da cidade de Évora. Inspirado na temática do azeite, este hotel promove verdadeiras experiências sensoriais para todos aqueles que querem conhecer mais sobre esse néctar dourado (provas de azeite e massagens relaxantes). Está a escassos minutos a pé de vários pontos de atracção cultural e de lazer que se podem descobrir nesta cidade pitoresca, medieval e com um importante legado deixado pelos romanos e mouros: o Templo de Diana, a Praça do Giraldo, a Sé Catedral de Évora e a Capela dos Ossos. Tem ainda um restaurante impecável, do qual vos falarei mais à frente.
Nos próximos dias anunciarei os vencedores nas duas outras categorias, vinhos e restaurantes. Até lá, fiquem por casa, mas não deixem de projectar barcos. Juízo que isto vai passar!!! ;)