Quinta da Romaneira | Adão, Eva e a maçã. Ou teria sido uma romã?
A romaneira, árvore que produz a romã, é tida por todas as religiões espalhadas pelo mundo como um símbolo de fertilidade e fecundidade, multiplicidade, ressurreição e purificação, estando por isso associada à Deusa Afrodite. No Douro, Romaneira é o nome de uma propriedade com 400 hectares (86 deles com vinha) e mais de 3 quilómetros de margem ao longo do rio Douro. Esta quinta é considerada como uma das maiores e mais belas herdades do coração do Vale do Douro, sendo a sua história bastante antiga.
Existem registos de vinha plantada na Romaneira nos séculos XVII e XVIII, período durante o qual a propriedade pertenceu a três famílias distintas: Sousa Guimarães, cujas iniciais surgem na porta da Quinta com a data de 1854, Lacerda, D. Clara de Lacerda deu o seu nome a uma das casas da propriedade, e Monteiro de Barros, que, em 1940, ampliou a quinta para o tamanho que hoje conhecemos. Assumindo-se uma das principais quintas do Douro, a Romaneira aparece representada no mapa do Douro elaborado pelo Barão de Forrester.
Um grupo de investidores privados, apaixonados pelo Douro, adquiriu a propriedade em 2004. A gestão foi confiada à reconhecida dupla Christian Seely e António Agrellos, responsável, desde 1993, pelo renascimento de outra distinta propriedade do Douro, a Quinta do Noval. A esta parceria se deve a produção de alguns dos melhores Vinhos do Porto Vintage dos últimos anos, sendo também esta pioneira do movimento de produção de vinhos tintos de mesa no Douro.
Esses vinhos DOC, em que se destacam os aromas selvagens do Douro e a fruta exuberante, aliados à subtileza e elegância do Velho Mundo, constituem, actualmente, uma agradável descoberta para qualquer grande amante de vinhos. Hoje falo-vos das descobertas que fiz em dois deles ;)
No Quinta da Romaneira Reserva Branco 2019 (15€, 85 pts.), amarelo citrino leve e cristalino, encontrei uma excelente mineralidade (xisto acabado de partir), toranja, lima e cedro. A boca com excelente acidez, estrutura, e elegância complementa na perfeição as notas mais verdes do Camarão gigante selvagem grelhado, croquetes de batata trufados, crostini de azeitona e guacamole.
Por sua vez, no rubi Quinta da Romaneira Tinto 2015 (20€, 91 pts.) descobri frutos silvestres maduros, amoras vermelhas, romã (;)) esteva e pimenta preta. Na boca exibe taninos picantes e ligeiramente austeros, elegância, frescura e intensidade, ideais para uma picanha em família. Também não se porta nada mal com um bolo de batata-doce e alfazema.
Continuando na gastronomia, numa das mais famosas passagens da história escrita, Eva convence Adão a comer uma maçã no Jardim do Éden. Todos conhecemos a narrativa não é verdade? Bem, a história, ao que parece, não é exactamente assim. De facto, Adão e Eva, para mal de nossos pecados, morderam um fruto. Mas o Livro do Génesis não nos diz explicitamente, de que fruto se tratava. Pode ter sido uma maçã, ou, como sugerem pinturas antigas e vários historiadores de renome, uma romã. Romã, em latim, é “malum granate”, ou seja, “maçã com sementes”.
Ainda em latim, as palavras para “maçã” e “um mal” são semelhantes. "Mālum" é a palavra para “maçã”, "mălum" é a palavra para “um mal”. Daí a maçã ter sido associada ao fruto proibido. Acho que esta história até poderia dar à Quinta da Romaneira um novo slogan: Da quinta do fruto proibido vem o vinho mais apetecido ;)
Camarão gigante selvagem grelhado, croquetes de batata trufados, beringela grelhada e guacamole:
-Depois cortarem os camarões ao meio, tempere-nos os com sal, pimenta e sumo de limão e deixem repousar por pelo menos uma hora. Depois pincelem os camarões com um pouco de azeite e grelhem-os com um pouco de noz-moscada. Para o molho derretam um pouco de manteiga e junte-lhe tabasco e sumo de limão;
-Para os croquetes misturem a batata cozida com as gemas de 2 ovos, o parmesão, a manteiga, um fio de azeite trufado e sal e pimenta a gosto e vão adicionando a farinha aos poucos, enquanto mistura, até ligar. Modelem os croquetes com as mãos ligeiramente enfarinhadas e empanem (passem-nos primeiro em pão ralado, depois no ovo e novamente em pão ralado). Levem ao forno a 210ºC durante 10 minutos;
-Misturem as azeitonas (150 gramas verdes e 150 gramas pretas), alcaparras a gosto, o azeite, um dente de alho, sumo de um limão, um pouco de pimento vermelho e o alecrim numa assadeira em que caibam todos os ingredientes apenas numa única camada. Temperem com uma pitada de sal (não se esqueçam que a azeitona já é um pouco salgada) e pimenta e levem ao forno durante 45 minutos, mexendo frequentemente a pasta (de 10 em 10 minutos).
-Para o guacamole cortem os abacates a meio (na hora para não oxidarem), separem as metades e retirem-lhes a semente. Com a ajuda de uma colher, tirem a polpa do abacate, triturem-nos e juntem tomate cortado, uma cebola e os coentros picados. Quando tiverem misturado bem tudo acrescentem sal, pimenta e sumo de lima.