Telhas Terra D'Alter 2010 | Onde o tempo caminha sem chegar
“Espreitei a flor do jasmim quando a luz do Sol já serenava. O céu tinha a voz dos pássaros. O perfume das flores ali estava, à espera de pousar na mão aberta.” Ezul
Depois de tantos eventos, viagens e publicações um pouco mais extensas, um regresso às origens e às notas soltas...
Hoje para vos falar do Telhas Terra D'Alter 2010.
Já tinha este vinho na garrafeira há três anos, abri a garrafa hoje ao jantar, e em boa hora o fiz :-P
Roxo profundo no copo, picante, baunilha, fruta preta, damasco, cedro e sobretudo madeira de excelente qualidade no nariz, possui uma boca suave e uma deliciosa adstringência, é intenso, delicado e com equilíbrio espectacular de especiarias, fruta, frescura e álcool. A frescura está muito bem balanceada pela acidez. Acaba longo, misterioso, muito misterioso, daqueles que esconde mais que aquilo que mostra, é encorpado e possante, vagueando pela nossa mente até que nos esqueçamos dele, se um dia isso acontecer.
Acho no entanto que o melhor deste vinho ainda está por chegar, tem tudo para crescer ainda mais em garrafa.
Ouve ainda um outro aroma que detectei, violetas, para mim o vinho com mais violetas que bebi até hoje, o perfume das flores do Alentejo ali estava, dentro daquele copo, à espera de pousar na minha alma.
O grande Miguel Torga uma vez escreveu sobre o Alentejo que "nenhuma mesquinha condição pode compreender e povoar! O mistério da tua imensidão onde o tempo caminha sem chegar!..."
Acho que é isto mesmo, o mistério da imensidão deste vinho caminha sem nunca chegar, e por isso jamais o conseguiremos apagar...
Acompanhou uma deliciosa trança de salmão e alho francês preparada pela minha esposa enquanto a bebé nos dava umas horas de tréguas .-P
Produtor: Terra D'Alter
Énologo: Peter Bright
Castas: Syrah e Viognier
Região: Alentejo, Portugal
Álcool: 15%
Acidez: 5,7 g/l
Prova: 2017
Harmonizações: Trança de salmão e alho francês, Massa de cogumelos, alho francês e estragão, Bife Wellington
Preço: 20€
Avaliação: 90/100