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No meu Palato

No meu Palato

Zurique | O melhor dos dias

“Se eu gosto de poesia? Gosto de pessoas, animais, plantas, lugares, chocolate, vinho, conversas amenas, amizade e amor. Acho que a poesia está contida nisso tudo.”  Carlos Drummond de Andrade

Zurique Sempre que o inverno nos arrefece o corpo, o chocolate ajuda-nos a aquecer a alma. Esta é a altura dos Lindt, dos Ferrero Rocher, dos Mon Chéri, dos bombons, dos biscoitos, das trufas e dos troncos de chocolate. Mas já se perguntaram de onde terá surgido esta ligação quase mágica entre o tempo frio e o chocolate? Para responder a esta pergunta, temos de viajar 4000 anos até à civilização Maia da Mesoamérica.

Zurique

Os Maias e os Astecas foram os primeiros especialistas em chocolate. Originalmente, o chocolate era consumido como bebida amarga pelos Astecas, mas os grãos de cacau, colhidos da árvore Theobroma, também eram usados como moeda e em rituais pelo povo Maia. Estas civilizações antigas acreditavam que os grãos de cacau eram mais valiosos que o ouro. Assim, o chocolate desempenhava um importante papel económico, político e espiritual nas suas sociedades. A história diz-nos que antigos potes e vasos olmecas (outro povo pré-colombiano da Mesoamérica) datados de cerca de 1500 a.C. foram descobertos com vestígios de teobromina, um composto estimulante encontrado no chocolate. Os Olmecas, mais tarde, transmitiram o seu conhecimento sobre o cacau aos Maias da América Central, que não irião apenas consumir chocolate, mas também o iriam reinventar.

@25hours Hotel Zürich West

 A história escrita maia menciona bebidas de chocolate, sendo saboreadas em celebrações e para finalizar transacções ou cerimónias importantes. Apesar da enorme importância do chocolate na cultura maia, ele não estava reservado apenas para os mais ricos e poderosos, fazendo também as delicias dos mais desfavorecidos. Em muitas famílias maias, o chocolate era apreciado em todas as refeições. Era espesso, espumoso e muitas vezes surgia misturado com pimenta, mel ou água.

25hours Hotel Zürich West

Os Astecas elevaram chocolate a outro nível, pois acreditavam que este lhes era oferecido pelos deuses. Esse chocolate asteca, denominado xocolatl, era principalmente uma extravagância da classe alta, embora as classes mais baixas o apreciassem ocasionalmente em casamentos ou outras celebrações esporádicas. Talvez o mais notório amante do chocolate asteca tenha sido o governante Montezuma II, que supostamente bebia galões de xocolatl todos os dias para obter energia e para assuntos "afrodisíacos".  Não há consenso sobre como o chocolate chegou à Europa, embora haja certeza histórica de que entrou no velho continente através de Espanha. Existem 3 teorias principais. Uma delas diz-nos que Cristóvão Colombo descobriu grãos de cacau depois de interceptar um navio mercante na sua viagem à América, levando com ele os grãos para a Espanha em 1502.

Zurique  Outra  afirma que os Astecas da corte de Montezuma ofereceram chocolate ao conquistador espanhol Hernan Cortes. Depois de regressar a Espanha, com grãos de cacau a reboque, ele, supostamente, terá mantido a sua descoberta sobre em segredo. Uma terceira história afirma que os frades que presentearam os maias guatemaltecos a Filipe II da Espanha em 1544, também trouxeram grãos de cacau como oferta. Na verdade, não importa como o chocolate chegou a Espanha. O certo é que no final dos anos 1500 era uma indulgência muito apreciada pela corte espanhola, e que a Espanha começou a importar chocolate em 1585. À medida que outros países europeus, como a Itália e a França, "visitavam" algumas partes da América Central, também "descobriram" o cacau e trouxeram-no para respectivos países.  Em 1847, o chocolateiro britânico Joseph Storrs Fry criou a primeira barra de chocolate moldada a partir de uma pasta feita de açúcar, licor de chocolate e manteiga de cacau.

@Rechberg 1837

O chocolateiro suíço Daniel Peter é reconhecido por ter adicionado leite em pó ao chocolate para criar chocolate de leite em 1876. Mas foi só vários anos depois que ele trabalhou com o seu amigo Henri Nestlé (juntos eles criaram a Nestlé Company) com o objectivo trazer o chocolate de leite para o consumo global. O chocolate estava a percorrer um longo caminho durante o século XIX, mas ainda era duro e difícil de mastigar. Em 1879, dá-se o "25 de Abril do chocolate". Outro chocolateiro suíço, Rudolf Lindt, inventa a "Concha", uma máquina de que misturava e arejava o chocolate, dando-lhe uma consistência suave que se derretia na boca e combinava bem com outros ingredientes. Este chocolate, mais cremoso e por isso mais amigo do palato, chega mesmo a tempo do seu casamento com o Natal, tendo como padrinhos ... um tronco de madeira e uma festa pagã.

Zurique

Se quisermos ser precisos, as festividades natalícias são bem anteriores ao Cristianismo, pois estão enraizadas em crenças e tradições profanas. O dia do solstício de inverno, o dia mais curto do ano, sempre foi de particular interesse para os povos.  Representava o início de um novo ciclo, com os dias a ficarem maiores,  mais quentes, com mais luz: essenciais para as colheitas. Desta forma, o dia 25 de Dezembro passou estar associado à celebração do renascimento do Sol Invictus (deus sol oficial do Império Romano) e da Saturnália Romana (um festival da Antiga Roma em honra ao deus Saturno, que ocorria em 17 de Dezembro no Calendário juliano e que mais tarde se estendendeu com festividades até 25 de Dezembro).

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 Este feriado era celebrado com um sacrifício no Templo de Saturno, no Fórum Romano, com um banquete público, seguido de troca de presentes em privado e um festa "carnavalesca" que derrubava as normas sociais romanas: o jogo permitia aos senhores oferecerem comida e vinho aos seus escravos. O poeta Catulo chamava a este festival "o melhor dos dias". Esta origem pode ser inferida na própria palavra Noel, sinónimo de “natividade” em muitas línguas. Em inúmeras culturas, este dia está também associado a múltiplas crenças relacionadas com a maternidade, a fertilidade, o sexo e até a astronomia. É somente no século IV que esta festa pagã é oficialmente incorporada pelos cristãos e se torna na data comemorativa do nascimento de Jesus Cristo. 

@Lindt

As referências bíblicas captaram o símbolo do novo ciclo solar, chamando metaforicamente Cristo de “novo sol”, que iluminava o mundo.  Hoje, a festa, marcadamente religiosa, deu lugar a uma celebração secular e familiar que, no entanto, incorpora os elementos tradicionais dos séculos passados. Por exemplo, a árvore de Natal é uma tradição da Alemanha, embora a representação da árvore, símbolo da renovação da vida, remonte aos egípcios (já vos contei esta história no Natal do ano passado)!!!

@Lindt

Essa celebração familiar passou a simbolizar também o encontro da família e amigos em volta de uma mesa recheada. Como esse encontro acontece no inverno, havia a necessidade de aquecer as casas. Até finais do século XIX a única solução era a queima de troncos de madeira nas lareiras. Assim, cada lareira queimava grandes troncos de madeira para aquecer os convivas, criando um fogo aconchegante em torno do qual toda a família se reunia. Com o século XX, surgem os aparelhos de aquecimento, como os fogões de ferro fundido ou os aquecedores a óleo, que substituíram as lareiras.

@Swiss Chuchi Restaurant

Os troncos de madeira tornaram-se meramente decorativos, até que alguns confeiteiros tivessem a ideia de transformá-los em troncos de chocolate, com o auxilio da máquina criada por Rudolf Lindt. A cobertura de chocolate parecia querer imitar a madeira queimada. ​ Esta é uma das ligações mais evidentes entre o chocolate e o Natal, mas existem outras.  No México o peru é servido com uma camada de chocolate por cima e em Itália as crianças recebem pedaços de chocolate da bruxa Befana. Os luteranos começaram a fazer contagens regressivas para o Natal acendendo uma vela a cada domingo do Advento. Com o tempo, essa tradição evoluiu para incluir pequenas imagens religiosas ou chocolates, que eram escondidos em pequenos compartimentos para serem abertos diariamente.

Zurique

Na Suíça na noite de 5 para 6 de Dezembro, São Nicolau, um velho barbudo e benevolente também conhecido como Nicolau de Myre, aparece para recompensar com chocolates as crianças bem comportadas. Todas estas tradições Natalícias, espalhadas um pouco por todo o mundo, assim como a associação ente o tempo frio e o chocolate, não teriam sido possíveis sem Rudolf Lindt, e a sua "Concha". Foi por tudo isto, que escolhemos Zurique como o nosso destino de Natal de 2023. 

@City Rally and the WOW Museum

Para os nossos pequenos, Zurique passou a significar "o país do chocolate", mas como vão ver mais adiante, Zurique é muito mais que isso. O aroma de vinho quente e canela paira no ar da cidade, as canções de Natal soam nas lojas e shoppings, os olhos brilhantes das crianças olham para o Märlitram (um metro de superfície conduzido pelo próprio pai Natal) decorado "à Natal" e as ruas estreitas e sinuosas da Cidade Velha são banhadas por uma luz quase mística. No advento, os apaixonados pelo Natal podem desfrutar de um passeio tranquilo pelo centro da cidade e deixar-se mimar: a cada canto, uma barraca de raclette, um chalé de madeira com fondue ou um vendedor de “Maroni” com castanhas quentes. 

Zurique Existem mais de 50 mercados de Natal espalhados um pouco por toda a cidade, destes destacámos 5. Sechseläutenplatz: Localizado em frente à Ópera é um dos maiores mercados de Natal da cidade. Há comida, bebida, pistas de gelo, carroceis e artesanato local. Cidade Velha: Este é o mercado de Natal mais antigo da cidade e também o meu favorito. Está repleto de luzes cintilantes, muito vinho quente e uma atmosfera aconchegante. Werdmühleplatz: Está situado mesmo ao lado do museu WOW e é lá que podem encontrar a famosa Árvore de Natal cantante, com vários membros do coro regional que cantam  musicas de Natal em formação de árvore.

@Afghan Anar

Münsterhof: Se procuram produtos e mercadorias locais, este mercado é o lugar certo para vocês. Existem muitas lojas e boutiques que durante o Natal se instalam por ali!!! Zurich HB: Localizado mesmo ao lado da estação de comboios principal, este é o maior mercado de Natal e onde encontrámos a melhor comida de rua: raclette, fondues, carne assada, crepes e vinho quente. Ainda com o tema Natal, duas sugestões culturais. A primeira o Illuminarium. Um encantador país das maravilhas do inverno cheio de luz, iluminação, ilusão, música e delícias culinárias. Materializa-se num espétaculo de luzes e som que ocorre no pátio interior do Museu Nacional de Zurique.Todas as noites, a partir das 17 horas, há uma experiência interactiva que permite mergulhar no céu e nos aproximar das estrelas. Até as 20 horas, a orquestra Yuki  apresenta um espétaculo de luzes chamado “Ópera de Natal (La Traviata reloaded)” com uns misteriosos pequenos seres como protagonistas. Tirando os chocolates, esta foi a parte favorita dos miúdos.

Zurique

A outra sugestão  é o X-Mas Rally do museu WOW.  Formem uma equipa de exploradores por entre amigos e família e partam para uma descoberta de Zurique sob as suas luzes cintilantes. Pelo caminho vão encontrar tarefas desafiadoras, ruas labirínticas, ilusões e recompensas como chocolates e vinho quente. Este é um modo bem engraçado de descobrir, a pé, as partes menos conhecidas da cidade e que nos coloca no centro da magia urbana do Natal.

Zurique Deixando o Natal de lado, mas apenas por breves momentos (:P), passemos a outros destaques de Zurique. O Kunsthaus de Zurique pode não ser o MoMa ou o Tate, mas tem muito para oferecer. Os amantes de Alberto Giacometti encontrarão toda uma série de salas dedicadas ao artista e escultor suíço, e nomes como Van Gogh, Monet e Chagall estão expostos em salas pequenas mas cheias de luz no último andar. O seu cervo permanente pode ser visitado gratuitamente às quartas-feiras.

Zurique

A Cidade Velha estende-se entre Central e Bellevue e é frequentemente chamada de 'Dörfli' pelos habitantes locais. Na verdade, consiste em duas partes: Niederdorf e Oberdorf. Embora seja uma espécie de armadilha para turistas, com restaurantes de fondue e lojas de souvenirs, pouco tradicionais, os prédios antigos e as suas ruas estreitas são bastante charmosoas. Não percam o Cabaret Voltaire, berço do dadaísmo, e o seu Café duDA. 

Originalmente uma área degradada repleta de armazéns decadentes, Zurique Oeste, também chamado de “Kreis 5” ou “Industriequartier”, é agora um coração palpitante (alternativo) da cidade. A sua principal atracção é o Viadukt, um quarteirão de de lojas, restaurantes e bares construídos nos arcos do antigo viaduto ferroviário que circula entre a margem do rio Limmat e a estação Hardbrücke. Nas proximidades, o Frau Gerolds Garten oferece pequenas lojas pitorescas, um jardim urbano e algumas atracções sazonais, como um mercado de Natal e uma barraca de fondue no inverno. 

Zurique Conhecida como uma das ruas comerciais mais caras do mundo, a Bahnhofstrasse é muito afamada e bastante frequentada. A parte inferior (a partir da estação principal) está repleta das habituais lojas de rua, enquanto a maioria das lojas de luxo estão situadas na extremidade superior, perto da Bürkliplatz e do lago. As mesas externas do Café Sprüngli na Paradeplatz, o epicentro do mundo bancário suíço, são o lugar ideal para apreciarmos uma tarde ensolarada de inverno (experimentem o chocolate quente!!!). Em Dezembro devem esperar até escurecer para verem as luzes deslumbrantes do ' Lucy', a iluminação de Natal personalizada da Bahnhofstrasse.

Zurique Partindo da estação principal, o Felsenegg Cable Car leva-nos até a montanha do quintal de Zurique, a Uetliberg. Façam a viagem até ao topo, onde poderão subir à torre de observação e apreciar a vista em todas as direcções. Uma trilha planetária levam-nos até Felsenegg, onde podemos apanhar o teleférico até Adliswil (e retornar a Zurique de comboio). Se preferirem podem voltar directamente para a cidade, existem vários trilhos para caminhadas em declive. Num dia de inverno, se tiverem sorte, podem descer de trenó pelo Uetliberg : uma experiência excepcional!!!

@Raclette Stube Zürich

Ao redor do Lago de Zurique, em forma de banana, há um emaranhado de parques e jardins, conhecidos colectivamente como Calçadão do Lago, que constituem um lugar pitoresco para passar uma tarde. Quando o tempo está solarengo, o lago fica repleto de barcos e as suas margens ficam lotadas de pessoas. Para apreciarem algumas das melhores vistas de Zurique e dos Alpes próximos, podem fazer um passeio de barco no lago (incluídos na rede de transportes públicos: comprem os Zurich Cards pois compensam bastante) . 

@Max Chocolatier Boutique Zurich

Localizada no Kreis 1, na Cidade Velha, a igreja Grossmunster foi o ponto de partida da famosa Reforma Protestante em Zurique. O pregador Huldrych Zwingli iniciou o movimento no púlpito desta austera igreja. Mas a história do Grossmunster é ainda mais antiga. Segundo a lenda local, diz-se que Carlos Magno fundou esta magnífica igreja, que se acredita estar situada sobre os túmulos dos santos padroeiros da cidade, Félix e Regula. Para vistas mais panorâmicas (e impressionantes) da cidade, subam até uma das suas torres. A Fraumunster é popular entre os visitantes graças à sua torre distinta (que enfeita o horizonte de Zurique) e aos seus vitrais Marc Chagall. A igreja foi construída sobre as ruínas de um convento fundado no século IX pelo imperador Ludwig, neto de Carlos Magno. A sua icónica torre verde é um dos marcos mais conhecidos de Zurique.

Zurique
O Museu Nacional Suíço fica num edifício histórico parecido com um castelo no extremo norte de Kreis 1. O museu engloba a arte, a história e a cultura suíças desde 100.000 a.C. até aproximadamente 800 d.C. As exposições cobrem tudo, desde arqueologia na Suíça até arte e artesanato suíços. Há até uma exposição projectada especificamente para crianças chamada "Um passeio no tapete mágico pela história", que convida os visitantes mais jovens do museu a viajarem no tempo enquanto exploram uma réplica de um palácio árabe, um vagão ferroviário antigo e um grande veleiro.

@Yuki Show (Illuminarium)

Albert Einstein estudou na politécnica da cidade, hoje denominada Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH Zürich), de 1896 a 1900. Graduou-se em Matemática e Ciências Naturais. A partir de 1909 foi Professor de Física Experimental na Universidade de Zurique e de 1912 a 1914 trabalhou como Professor de Física Teórica na ETH Zürich. O funicular UBS Polybahn (incluído nos Zurich Cards) leva-vos da praça central até à colina onde está localizado este instituto. De lá têm uma das melhores vistas da cidade.

@Nüni

Quanto à estadia aconselhámos os hotéis 25hours. Um deles localizado em Zurique Oeste e o outro mesmo ao lado da estação ferroviária principal de Zurique. Estes hotéis oferecem muito mais do que simplesmente alojamento e pequeno-almoço (com ovos Benedict, ostras e espumante :P). Eles são uma mistura colorida de serviços contemporâneos, desde restaurantes, bares, discotecas, livrarias e cafés, até lojas de produtos cuidadosamente seleccionadas, como floristas, ourivesarias e penhores. Os hotéis são feitos sob medida para sua localização e em colaboração com designers famosos. Cada detalhe, cada canto, cada antiguidade, faz parte da narrativa do hotel e garante surpresas e um toque de aventura a cada passo.

Zurique

No que diz respeito à gastronomia temos 7 propostas. No Swiss Chuchi Restaurant podem desfrutar das suas delicias gastronómicas ao ar livre (com mantas e aquecedores) na movimentada zona pedonal de Niederdorf ou no pitoresco ambiente suíço do restaurante. Existem várias propostas, desde o fondue Adler Special, passando pela raclette até ao fondue Waadtländer. Do macarrão Alp-herder, passando pelos Capuns, até o ragu de Zurique com rosti. No entanto, destacamos o fondue de trufa e a raclette

Afghan Anar vai ser daqueles que mais vai demorar a sair da minha memória. É o único restaurante Afegão incluído no guia Michelin. Lá podem provar alguns dos pratos mais populares do país, como o bolani, o kabuli pulao ou a famosa baklava. A atmosfera é descontraída e prática, o que se deve em parte à cozinha aberta e à decoração autêntica. Como alternativa às mesas e cadeiras convencionais, aconselhámos a jantarem nas tradicionais esteiras. O próximo, o Raclette Stube Zürich, foi o meu restaurante favorito desta viagem. 

Destacámos a raclette à descrição e os clássicos fondues “moitié-moitié”, “pure vacherin” e “valaisanne”. O aroma a queijo, ainda antes de abrirmos a porta to restaurante, pode já ter saído das minhas narinas mas ainda permanece na minha alma :P A decoração, uma mistura entre as tabernas suíças e  restaurantes de rua da Toscana, assenta-lhe muito bem. Como opção fine dinning sugerimos o Rechberg 1837.  7 pratos, um menu. Utiliza apenas produtos regionais que existiam por volta de 1837 (ano da construção da casa), ou seja, antes da industrialização. O menu é acompanhado de vinhos da região. O prato vegetariano (couve-flor, batata e miso) foi dos melhores que provei até hoje. É incomparavelmente sustentável, exclusivamente local, o ambiente é aconchegante e atendimento é eficiente charmoso.

@La Taqueria Altstetten

No Nüni é possível saborear as deliciosas iguarias à la carte e um menu de almoço que muda diariamente, confeccionado com ingredientes sazonais e regionais. O cardápio que tem por base ingredientes regionais e frescos, incentiva à partida e o serviço é feito informalmente mas com atenção e detalhe.  A decoração, uma espécie de PUB helvético tem como objectivo colocar os comensais o mais "à vontade" possível. O risotto de marisco é simplesmente delicioso!!!

O La Taqueria Altstetten é o local perfeito para "limpar o palato" dos sabores mais intensos, através de uma deliciosa refeição mexicana. Com ambiente colorido e despretensioso, o restaurante serve generosos, autênticos e deliciosos tacos, burritos, quesadillas e muito mais. A equipa é simpática e atenciosa, e a área externa é perfeita para uma noite descontraída. Há uma grande variedade de opções, incluindo opções vegetarianas, veganas e sem glúten. Não deixem de provar as Chicken Wings acompanhadas por uma bela Corona ;)

Zurique

O Zeughauskeller, localizado não muito longe da Paradeplatz, é um ponto de encontro popular entre moradores e turistas desde 1926.  Significa “depósito de armas” em alemão pois era exactamente para isso que o Zeughauskeller servia antes de ser restaurante. Hoje, as armas, na parede, servem apenas para decoração. Desde 1926, o Zeughaus tem sido um local de encontro pacífico e amigável. E como convém a um lugar como este, são servidos apenas pratos bons e fartos que satisfaçam até os maiores apetites: salada de linguiça e queijo, Wiener schnitzel, cordon bleu e Zürcher Geschnetzeltes são apenas algumas das especialidades da casa que vos vão deixar de queixo caído. Tudo isto é claro regado por uma bela selecção de cervejas e whiskies.

@Zeughauskeller

Voltando ao tema dos chocolates sugerimos a vista a dois espaços. A Boutique Max Chocolatier é o céu para qualquer amante de chocolate. Os mestres chocolateiros transformam ingredientes naturais da mais alta qualidade em criações de chocolate únicas e em harmonia com as quatro estações: trufas Marc de Champagne no Inverno, maracujá “SchoggliPlättli” no Verão e bombons em forma de coração para o Dia dos Namorados. As barras de chocolate vão desde o branco puro ao extra escuro, as drageias surgem recheadas com avelãs e o coco faz companhia aos grãos de café em propostas mais ousadas. Numa degustação privada de chocolate, fomos convidados a mergulhar no mundo da Max Chocolatier, por uma hora. Foi assim que descobrimos mais sobre a história da empresa e, posteriormente, experimentámos a linha de produtos premium e conversamos com alguns chocolatiers especializados.

ZeughauskellerComo não poderia deixar de ser, um dos pontos altos da viagem foi a visita ao Lindt Home of Chocolate, o maior museu de chocolate da Suíça. Este edifício impressionante que foi projectado pelos famosos arquitectos Christ & Gantenbein, recebe os amantes de chocolate de todo o mundo em Kilchberg, no Lago Zurique. Uma exposição multimédia interactiva guia os visitantes por sete mundos diferentes do chocolate, que apelam a todos os sentidos. Do cultivo do cacau à história do chocolate, passando pela degustação do chocolate suíço da mais fina qualidade, lá podemos encontrar tudo o que está relacionado com o chocolate. É ainda possível  verificar in loco as mais recentes tecnologias de produção e automação na fabricação de chocolate de qualidade superior.

Zurique

Para além da maior loja de chocolates Lindt do mundo, no adjacente e ultramoderno café Lindt, os hóspedes são tratados com deliciosas especialidades caseiras de waffles e chocolate e têm uma bela vista para a espectacular fonte de chocolate com 9 metros de altura. Por entre a atmosfera única da Lindt e sob a orientação especializada dos Lindt Maîtres Chocolatiers, os visitantes podem ainda aprender como manusear o chocolate e criar as suas próprias obras-primas de chocolate. Tudo isto levou-nos a perceber um pouco acerca da herança cultural suíça do chocolate. Este é um espaço tão rico, que, no mínimo, têm de guardar 5 horas para o conhecer. Reservem a visita com antecedência porque a enorme procura faz com que, muitas vezes, os bilhetes esgotem. Sigam um conselho aqui do Pedro, levem sacos ou bolsos vazios porque vão precisar deles no final da visita :P 

Zurique

Em conclusão, Zurique emerge como um destino de Inverno encantador, que vai muito além das suas paisagens pitorescas e a riqueza da sua história. Ao explorar esta cidade, é impossível ignorar a fusão harmoniosa entre a herança cultural e as experiências contemporâneas. As suas ruas históricas contam-nos histórias que se entrelaçam com a tradição familiar, reflectidas nos valores duradouros que permeiam a sociedade local. Por entre as suas construções arquitectónicas imponentes e museus cativantes, Zurique também se eleva através da sua alma culinária, onde o chocolate suíço, o Rösti e os queijos artesanais, se tornam elementos fundamentais para apreciar a verdadeira essência desta região. Nessa jornada, "comer" tornam-se um momento de celebração, que proporciona um mergulho inesquecível na história, na cultura e nos sabores que definem Zurique como um destino verdadeiramente enriquecedor para toda a família. Tudo isto, relembra-nos que o Natal, é mesmo o melhor dos dias.

P.S. Não se preocupem com os transportes. Todas as atracções que vos falamos estão acessíveis por transportes públicos (Zurich Cards) que funcionam muito bem e a horas.

Um obrigado especial à Zürich Tourism por nos terem ajudado com esta viagem!!!